Myke Carvalho foi mais um dos boxeadores brasileiros que perdeu na primeira rodada. Ele foi eliminado pelo porto-riquenho Alexander de Jesus, por 39 a 24. Além dele, o meio-pesado Washington Silva e o médio Glaucélio Ribeiro também caíram na primeira rodada. Myke Carvalho, de 21 anos, pode ser o mais novo integrante da seleção brasileira, mas é um dos mais experientes. Vindo de uma família de lutadores de Belém do Pará -seu tio, Dalgírio Ribeiro, foi profissional-, ele começou a praticar boxe em 1994, por influência de seus primos. Aos 15, subiu ao ringue pela primeira vez e aos 16 já treinava com a seleção. Aos 21, vai disputar sua primeira Olimpíada.
A ascensão meteórica de Myke na seleção brasileira foi traçada em Cuba, em um estágio da seleção brasileira logo após o Pan-Americano de Santo Domingo, no ano passado. Ele e Alessandro Matos, um dos melhores da equipe nacional, chegaram à ilha do Caribe como concorrentes por uma vaga nos leves. A solução foi colocá-los frente a frente no ringue. Myke venceu e fez Alessandro mudar de categoria.
Apesar do talento, Myke Carvalho não deve tentar a sorte entre os profissionais. Segundo o próprio lutador, seu estilo é apropriado para o boxe amador, não profissional. "Imagina se eu levo uma porrada daquelas? Adeus Myke", diz, rindo. Assim, seus planos já envolvem mais de uma Olimpíada. Além de Atenas, Pequim está na mira. Esse planejamento, porém, só é possível por causa do apoio que o governo do Pará dá a seus atletas amadores. Myke, por exemplo, recebe um salário mensal da Secretaria Executiva de Esporte e Lazer para representar seu estado.