Edvaldo de Oliveira, o Badola, foi o único brasileiro a vencer uma luta em Atenas. Ele bateu o porto-riquenho Carlos Velazquez na primeira rodada, mas parou ma segunda. Sem sorte no sorteio, encarou logo um cubano, Luis Vazquez, e foi eliminado. Você consegue imaginar um boxeador que, com a mesma destreza com que desfere seus golpes, maneja linha e agulha? Badola é um desses casos. Quando sua avó precisa consertar um cobertor, por exemplo, é ele o escolhido para pilotar a máquina de costura e fazer o reparo. A habilidade na costura vem dos anos em que passou no Projeto Axé, que promove atividades com jovens da cidade de Salvador. Além de Badola, o meio-médio-ligeiro Alessandro Matos também foi um dos garotos "Axé".
Badola começou a lutar boxe aos 15 anos, quando conheceu um professor que passou a apoiá-lo. Em pouco tempo, o garoto mostrou talento e começou a disputar competições fora do país. Não demorou também para que a vida de atleta e a de estudante colidissem. Aos 19 anos, foi obrigado a largar os estudos. "Eu me matriculava no começo do ano, mas tinha de ficar um mês treinando para competir. Quando voltava para a escola, a vaga estava fechada. Foi nesse momento que meu pai resolveu me apoiar", lembra o boxeador, que até hoje repete, orgulhoso, as palavras do pai: "'Se é isso que você quer, não vou impedir. Mas se for isso mesmo, você tem que ser o melhor'. Quando ele disse isso, eu resolvi me dedicar ainda mais e cheguei à seleção".
Aos 22 anos, Badola foi o segundo boxeador brasileiro a garantir vaga nos Jogos de Atenas. No Pré-Olímpico do Rio de Janeiro, ele levou a medalha de prata entre os penas. O desfecho, porém, quase foi diferente. No começo do ano passado, o boxeador levou uma severa punição da seleção. Ele se atrasou na reapresentação após as folgas de fim de ano e ficaria longe dos ringues por seis meses. Segundo Badola, nesse momento ele pensou em desistir do esporte amador. "Mas Olimpíada sempre foi meu sonho, resolvi continuar. Depois de três meses, eu voltei para a equipe", conta.