Alessandro Matos não venceu nenhuma luta em Atenas, mas, como Edvaldo de Oliveira, lutou na segunda rodada. Ele foi beneficiado pelo sorteio, só entrou na disputa nas oitavas-de-final, mas perdeu em sua estréia. Por pontos, ele foi eliminado pelo uzbeque Dilshod Mahmudov. Ele já assinou contrato com a Oficina de Idéias, que gerenciou o início de carreira de Acelino Freitas, o Popó, e vai estrear como profissional após os Jogos. Alessandro foi por acaso para as Olimpíadas de Atenas. Já foi pintor, fez silk screens em camisetas e não lutava na categoria em que competiu na Grécia. Mesmo assim, foi o primeiro brasileiro a se classificar para os Jogos de 2004, no Pré-Olímpico de Tijuana, em março.
Até o Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, no qual perdeu logo na primeira rodada, ele lutava entre os leves. Na segunda competição pré-olímpica, no começo do ano, no México, ele já estava competindo com os meio-médio-ligeiros, quatro quilos mais pesados. Tudo para acomodar uma das promessas da seleção, Myke Carvalho, que também vai à Atenas.
"Fiz uma luta com o Myke em um dos estágios que fizemos em Cuba e os próprios treinadores cubanos concordaram que o Myke deveria lutar nos leves. Pensei até em desistir das Olimpíadas, mas os treinadores insistiram", explica. Insistir, porém, não é a palavra adequada. Como conta o próprio Alessandro, sua inclusão entre os meio-médio-ligeiros foi uma imposição do presidente da CBBoxe, Luiz Boselli.
"Por quatro anos, a Confederação investiu em mim. Fui para torneios no exterior e para estágios. Mas quem tinha a vaga era o Pedro Lima, que é meu amigo, que não tinha nenhuma luta internacional", conta o atleta.