Ser a bola de segurança da seleção brasileira na melhor fase do vôlei nacional não é para qualquer uma. No futuro ficará mais claro se Sheilla Castro foi a melhor jogadora que já vestiu a camisa verde-amarela, mas por enquanto sua presença no time das maiores é incontestável. Sua aposentadoria, logo, é um marco para o esporte. O último jogo 'oficial' (entre algumas aspas) aconteceu há duas semanas, em uma liga dos Estados Unidos que tenta transformar o vôlei em espetáculo — os times não são fixos, variando os elencos de uma semana para outra, e ganha a jogadora que somar mais pontos, atribuídos a cada ação ofensiva ou defensiva. Em resumo, é um showbol bem organizado, e que não perdeu a oportunidade de transformar o jogo de despedida de Sheilla (uma irrelevante vitória do time azul sobre o time roxo por 75 a 54) em espetáculo. Teve vídeos com amigas exaltando a trajetória da bicampeã olímpica e até uma câmera fixa nela. Feita a homenagem nos Estados Unidos, é preciso uma agora no Brasil. É verdade que muitas das campeãs olímpicas de 2008 já encerraram a carreira sem muito barulho — algumas simplesmente foram parando — mas Sheilla merece um tratamento diferenciado. Em Pequim, foi ela a maior pontuadora da trajetória rumo ao ouro. Em Londres, seus 27 pontos fizeram a diferença no histórico jogo contra a Rússia nas quartas de final, quando o Brasil salvou cinco match-points. "Existem pessoas que transcendem o esporte. Você é uma delas! Você inspirou o mundo todo! Todo mundo que ama ou joga voleibol queria ter um pouco da sua força, da alegria ou da sua paixão. Era bonito vê-la jogar (é difícil escrever isso no passado), não só por você ser tecnicamente a melhor, mas pela paixão que demonstrava dentro e fora de quadra", escreveu Gabi Guimarães no Instagram. "Pela última vez entrou em quadra jogando profissionalmente uma das maiores atletas de todos os tempos!", postou Fabi. "Sheilinha, tu és gigante, é um exemplo de amor e dedicação por esse esporte que tanto amamos", exaltou Fê Garay. As três devem estar presentes na festa de despedida que está sendo organizada para alguma data entre agosto e setembro, em Belo Horizonte. Keyla Monadjemi, diretora do Minas Tênis Clube, já conversou com o técnico José Roberto Guimarães para conseguir que as jogadoras da seleção brasileira, que estará em preparação para o Mundial que começa em 23 de setembro, possam estar presentes. A ideia é também reunir a nata de hoje e do passado do vôlei brasileiro. Sheilla fez parte da seleção até o ano passado, quando, mesmo longe da melhor forma e jogando apenas pontualmente na liga norte-americana, foi chamada pelo técnico Zé Roberto. Valeu a tentativa, mas ficou claro que a ciclo dela havia terminado na seleção, e Sheilla ficou fora da Olimpíada de Tóquio. Depois disso, passou a trabalhar como assistente técnica de Nicola Negro no time feminino do Minas, equipe em que foi revelada e jogou a temporada 2019/20. No novo cargo, pode se sagrar campeã nacional na próxima sexta, quando acontece o segundo jogo da final da Superliga — o primeiro foi vencido pelo Minas por 3 a 1 sobre o Praia Clube. Se necessária, uma terceira partida será no dia 29 de abril, em Brasília. Quando a série melhor de três terminar, também terá chegado ao fim a carreira da central Walewska, campeã olímpica de 2008, que vai se aposentar aos 42 anos, com a camisa do Praia. Aos 37, Fabiana Claudino deve jogar mais uma temporada em Osasco. |