UOL Esporte Natação
 
24/10/2008 - 14h33

Banida da natação, Rebeca Gusmão vira atacante 'trombadora' no futebol

Paula Almeida
Em São Paulo*
Enquanto tenta reverter o banimento que lhe foi imposto pelo Painel de Doping da Fina (Federação Internacional de Natação) no último mês de setembro, a nadadora Rebeca Gusmão encontrou outro esporte para se aventurar. A brasiliense disputará a próxima Liga Nacional de futebol feminino, uma espécie de Campeonato Brasileiro amador não atrelado à CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Rebeca atuará pela Ascoop, de Brasília, e já se apresentou ao elenco na quinta-feira, mas iniciará os treinamentos apenas na próxima segunda, pois está em fase final de recuperação de uma lesão na tíbia.

Responsável pela nova empreitada da atleta, Arnaldo Freire, presidente da Ascoop, afirmou que Rebeca jogará pela equipe sem qualquer tipo de remuneração. O acerto - verbal - entre as duas partes valerá apenas para a disputa da Liga, entre 4 e 19 de dezembro. "Ela estava jogando futebol na UniCEUB [Centro Universitário de Brasília], eu fiz o convite para participar da Liga e ela aceitou", conta o dirigente.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Rebeca revelou qual foi o argumento de Freire que a logo a convenceu a aceitar o convite. "Ele falou que queria que eu fosse a 'Imperadora' do time", disse a nadadora, referindo-se a uma versão feminina do centroavante Adriano, da Inter de Milão. "A Rebeca é muito forte, é atacante, e vamos trabalhar muito para transformá-la em um Adriano, para que ela use a força e o talento na hora de fazer os gols", completa Freire.

A pretensão parece grande, e a atleta admite que ainda é inexperiente no futebol. "Ainda não me acostumei a controlar minha força na hora de passar a bola, aí acabo machucando alguém às vezes", contou Rebeca, bem humorada. "Mas o principal eu tenho, porque eu presto muita atenção no que me falam pra fazer. A parte da habilidade a gente pega com o tempo. Mas eu sei fazer embaixadinhas, faço o 'pedala, robinho' e sei marcar gols".

Mesmo sem ainda ter treinado com seu novo time, Rebeca já começou a surtir o efeito desejado pelo clube. "Só a visibilidade que ela está dando já é muito importante", assegura Freire. "A imprensa nunca cobre o futebol feminino, só dá valor quando ganha uma medalha olímpica ou mundial".

A nadadora ainda pretende dar algumas lições às jovens jogadoras da Ascoop. "Tenho muito a aprender com as meninas do time, mas o que eu posso passar é a minha experiência de atleta profissional, que já praticou esporte de alto rendimento, mostrar a importância da disciplina e como lidar com as dores físicas", disse. "E mostrar que custa muito trabalho chegar a ser um atleta profissional".

Banida do esporte por doping e reincidência da violação da regra, a nadadora entrou com recurso na CAS (Corte Arbitral do Esporte) para a reavaliação da decisão da Fina. A Corte anunciará sua decisão no início de dezembro. Enquanto isso, Rebeca nada apenas em treinos, e para manter a forma física para jogar futebol.

*Atualizada às 16h35

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