UOL Esporte Natação
 
28/12/2007 - 08h45

Rebeca Gusmão rebate críticas, defende marido e músculos

Fernanda Brambilla
Em Brasília (DF)
Após os bombardeios da imprensa, autoridades da natação e até colegas atletas sobre sua musculatura avantajada, que não pouparam nem mesmo seu casamento, a nadadora Rebeca Gusmão, de 23 anos, que está suspensa preventivamente por doping, rebateu as já tradicionais críticas sobre seu porte físico, e defendeu o marido, o tenor Gutemberg Amaral do gosto por "mulheres fortes".

"Mesmo se tudo acabasse amanhã, eu fosse inocentada, e desse tudo certo, não sei se eu voltaria. Estou magoada, penso que pode não valer a pena." As palavras da nadadora Rebeca Gusmão, marcadas por incerteza e mágoa, revelam que, mesmo sem mencionar aposentadoria ou admitir pessimismo quanto à suspensão por doping, a natação já pode ter deixado de ser a prioridade em sua vida, ao contrário do que tantos imaginam.

Muito diferente da figura competitiva dos treinos e competições, acolhida no sofá da casa dos pais, em Brasília, a nadadora já se sente inserida em uma nova rotina, sem a rigidez dos treinamentos, mas curtindo a família e o marido. Rebeca falou com exclusividade ao UOL Esporte sobre o desfecho trágico do ano que, paradoxalmente, foi também o melhor de sua carreira. Leia mais
APOSENTADORIA E MUDANÇA
MULHERES: CÍUME E BRIGAS
UOL Esporte - É comum falarem sobre sua musculatura. Quando perguntam sobre isso, o que você diz?
Rebeca Gusmão: Não sou nenhuma marionete que anda por aí com o biquíni enfiado na bunda. Sou uma atleta profissional, e o esporte foi minha prioridade sempre. Meus treinos são bem puxados, chegam a levar quase oito horas diárias. São quatro horas de piscina, e mais outras três de musculação.

UOL Esporte - Outra pergunta freqüente é sobre seu crescimento muscular.
Rebeca - As pessoas acham que eu surgi do nada. Mas falam de mim desde os 13 anos de idade. O que mudou foi que eu ganhei medalha no Pan, mas eu estou nessa há três anos, fui semifinalista olímpica, parece que só o que fiz foi vencer o Pan.
(Nota da redação: em Atenas-2004, Rebeca foi a 11ª nos 50 m livre e 11ª no 4 x 100 m livre)

UOL Esporte - Seu casamento também foi alvo de insinuações. Como você reagiu?
Rebeca - Só digo que, assim como existem homens que gostam de mulheres magras, e homens que só gostam de mulheres gordas, também há aqueles que, como o meu marido (Gutemberg Amaral), gostam de mulheres fortes, como eu.

UOL Esporte - Esses comentários te deixaram incomodada?
Rebeca - Acho que as pessoas não têm nada que ficar se preocupando com isso. É o meu casamento, a minha família, e não dizem respeito a ninguém. Da porta de casa pra dentro, não me importa o que as pessoas pensam. Falar, até falam, muito, mas pelas costas, e isso é muito fácil mesmo de se fazer. Mas é como diz o ditado, 'a grama do vizinho é sempre mais verde'.

UOL Esporte - E quando falam do tamanho do seu bíceps? Isso incomoda seu marido?
Rebeca - Imagina. Pra você ter uma idéia, ele (Gutemberg) já chegou pra mim e disse: 'Amor, você precisa treinar mais, olha, o seu braço diminuiu um pouquinho.' (risos)

UOL Esporte - Você é atenta às substâncias dopantes, para não correr o risco de, sem querer, usar algo proibido?
Rebeca - Já cheguei várias vezes no hospital com crises de asma fortíssimas. A primeira reação do médico é vir com uma injeção pra me dar, e eu não deixo, porque não sei o que pode ter lá dentro. Agora, a partir do momento em que estou à mercê de outras pessoas, não há muito que fazer.

UOL Esporte - Você apagaria o ano de 2007?
Rebeca - Não, foi o melhor ano da minha carreira. Fui a primeira mulher a ganhar um ouro no Pan, consegui dois índices olímpicos, e ganhei medalha no Mundial Universitário. Confio muito em Deus e, se essa é a provação que tenho que superar para amadurecer e sair fortalecida, vou superar.

UOL Esporte - O que você acha que vai acontecer?
Rebeca - Quem não deve, não teme. Estou com a consciência tranqüila, e não me arrependo de nada do que fiz.

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