Topo

Em meio a escândalo, CBDA propõe regra contra denúncias de federações

Coaracy Nunes, presidente da CBDA, ao lado de Thiago Pereira no Pan de 2015 - Rob Schumacher-USA TODAY Sports
Coaracy Nunes, presidente da CBDA, ao lado de Thiago Pereira no Pan de 2015 Imagem: Rob Schumacher-USA TODAY Sports

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

22/09/2016 09h22

Em nota oficial emitida na última quarta-feira (21), a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) chamou de eleitoreira a ação do Ministério Público Federal de São Paulo, que horas antes havia pedido bloqueio de bens e o afastamento de Coaracy Nunes, mandatário da entidade esportiva desde 1988. Em meio ao escândalo, a instituição discute uma alteração em seu regimento interno e pode impor uma espécie de “mordaça” a federações.

A CBDA já havia agendado para o dia 28 de setembro uma reunião para debater alterações no estatuto e no regimento interno da entidade. No início desta semana, depois de ter sofrido pressão de federações, enviou um compilado de mudanças que pretende propor nos dois documentos. O assunto mais polêmico é justamente o mecanismo de controle.

Segundo duas federações ouvidas pelo UOL Esporte, a CBDA pretende incluir no regimento interno uma regra que permite punir filiadas que fizerem denúncias ou denegrirem a imagem da entidade nacional. Não há detalhes sobre quem definirá o que é denúncia ou dano à imagem. Tampouco existe uma ideia de quais seriam as penas cabíveis.

Federações que fazem parte da oposição à atual diretoria da CBDA têm articulado para vetar a inclusão do mecanismo no regimento interno. As principais mudanças na assembleia serão para adequar o estatuto à legislação vigente – todas as confederações esportivas nacionais tiveram de passar por um processo semelhante.

Na última quarta-feira, o MPF entrou com ação pedindo afastamento de Coaracy Nunes e bloqueio de seus bens. Segundo a peça, o dirigente teria participado de fraudes em licitações de itens esportivos com verbas federais em 2014, com dano de pelo menos R$ 1,5 milhão ao erário.

“As acusações e pedido de afastamento de dirigentes de uma associação de natureza privada democraticamente eleitos denotam o cunho eleitoreiro do inquérito, cuja conclusão, após a devida apuração dos fatos demonstrará a legalidade dos atos praticados”, respondeu Coaracy em nota oficial.

Presidente da entidade desde 1988, Coaracy já avisou que não vai concorrer no pleito previsto para o primeiro semestre de 2017. Ricardo de Moura, atual diretor-executivo, será o candidato da situação e enfrentará Miguel Cagnoni, mandatário da Federação Aquática Paulista.

Depois da declaração de Coaracy, também via nota oficial Cagnoni negou ter sido artífice do processo contra a atual gestão da CBDA: “A Federação Aquática Paulista esclarece que não realizou qualquer espécie de denúncia (...), não existindo nenhum depoimento ou colaboração de seus prepostos nas investigações”.