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MPF pede afastamento de presidente da CBDA e bloqueio de bens

Divulgação
Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

21/09/2016 11h25

O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo entrou com ação nesta quarta-feira pedindo o afastamento de Coaracy Nunes da presidência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e o bloqueio de seus bens. Ele ocupa o cargo desde 1988.

O cartola é acusado de improbidade administrativa e de desvio de recursos públicos e fraudes em prestações de contas de convênios do Ministério do Esporte. A denúncia atinge também o diretor financeiro da entidade, Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga. 
 
"Eles participaram de fraudes em licitações para a aquisição de itens esportivos com verbas federais em 2014. Os danos ao erário passam de R$ 1,5 milhão, em valores atuais. Cinco empresas e seus sócios também são réus, além de outros dois integrantes da CBDA", informou o MP por meio de nota.
 
"O esquema foi descoberto pela Operação Águas Claras, do MPF. O dinheiro desviado destinava-se à compra de equipamentos e materiais para a preparação dos atletas que disputariam maratonas aquáticas, nado sincronizado e polo aquático nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. O repasse foi feito por meio de um convênio firmado com o Ministério dos Esportes. Do total de R$ 1,56 milhão, 79% foram pagos a uma empresa de fachada, a Natação Comércio de Artigos Esportivos, principal beneficiária das fraudes", segue o comunicado.
 
Segundo o MPF, o esquema realizou operações utilizando uma empresa de fachada.  "A sede da Natação está registrada em um endereço onde funciona um pet shop, no Alto da Lapa, zona oeste de São Paulo. O imóvel pertence a Haller Ramos de Freitas Junior, que já integrou o quadro societário da firma fantasma. As investigações apontam Haller como o verdadeiro responsável pela empresa, embora hoje ela esteja oficialmente sob administração de outro fundador, José Nilton Cabral da Rocha", explica o Ministério Público.
 
A empresa Natação Comércio de Artigos Esportivos obteve vitória na licitação após afastamento de outras quatro concorrentes. " A alegação de que as companhias tinham sócios em comum ou com laços de parentesco foi a justificativa que os envolvidos apresentaram para afastá-las da disputa e dar aparência de legalidade ao processo". 
 
Estão inclusos na ação Ricardo de Moura, coordenadores técnicos da natação, Ricardo Gomes Cabral, coordenador técnico do polo aquático.
 
No total, o órgão pede bloqueio dos bens dos envolvidos, que totalizado chega a 4,53 milhões. Segundo o MPF são "montantes suficientes para o ressarcimento dos danos aos cofres públicos e o pagamento de multas, caso sejam condenados".
 
Ao final do processo, a Procuradoria pede que, além de pagarem as quantias, todos tenham seus direitos políticos suspensos e sejam proibidos de contratar com o Poder Público.
 
A assessoria do Ministério Público Federal informou ao UOL Esporte que a procuradora Thaméa Danelon Valiengo não vai dar entrevistas.

 

Réu fala que denúncia é um absurdo e nega acusação

Procurado pelo UOL Esporte, Ricardo Cabral se disse surpreso com a denúncia feita pelo MPP, a classificou com um absurdo e diz não estar preocupado com as consequências.

"Não estou preocupado. Tudo foi feito da maneira correta e podemos provar que os equipamentos adquiridos foram usados pela equipe de polo aquático. É uma loucura, um absurdo esta acusação. É algo político, pois no ano que vem vai ter eleição na CBDA", afirmou Cabral.

"Está contestando algo de 2014. Desde então, tivemos outros projetos aprovados pelo Ministério do Esporte. Você acha que se tivesse irregularidade teriam aprovado?", disse.

"Agora falam em bloquear meus bens. Acham que estou nadando em dinheiro? Eu sou professor universitário e sou consultor na CBDA. Não sou dirigente", completou.