Entre selfies e mãe assustada, UFC SP destaca nova geração de brasileiros
"Os atletas vão se aposentando, vão saindo, e tem de vir uma nova geração". A frase que abre este texto é de Augusto Sakai, um paranaense de 27 anos que tem a tranquilidade de quem já trabalhou em uma loja de aquários, mas o sonho de brilhar sob seu novo contrato no UFC.
Assim que se acomodou em um banquinho no media day do UFC SP, ele olhou para os lados, pegou o celular e tirou algumas selfies; a câmera focava Sakai e o nome do Ultimate, como o lutador costumava sonhar. Até a garrafinha d'água do evento virou motivo para post no Instagram (veja abaixo).
"Não me sinto pressionado, todo esporte passa por renovação. Futebol, vôlei, basquete e MMA. Eu não levo como pressão, é uma responsabilidade boa representar o Brasil como uma nova geração. Estou me sentindo em casa", disse ao UOL Esporte.
Em casa, mas com ressalvas. Afinal, o público brasileiro pode ser um aliado ou um rival. "O brasileiro ama o esporte e torce por você, mas se não tiver um resultado positivo ou fizer uma luta chata... Eles se sentem meio traídos e caem em cima de você", comentou.
Augusto Sakai, Mayra Bueno e Marina Rodriguez são os três atletas recém-contratados pelo Ultimate e farão suas estreias no evento deste sábado (22), em São Paulo. Os respectivos adversários são Chase Sherman, Gillian Robertson e Randa Markos.
No entanto, um destes brasileiros tem uma preocupação a mais. A mãe de Mayra ainda não apoia totalmente esta empreitada nas artes marciais e até já passou mal ao ver uma luta de jiu-jitsu, mas faz aniversário neste 22 de setembro e estará presente no Ginásio do Ibirapuera.
"Espero homenageá-la com a vitória. Ontem, ela me ligou e disse que estava muito ansiosa. Eu falei para tomar um suco de maracujá e ficar calminha! É um pouco preocupante. Ela foi me ver lutar jiu-jitsu uma vez e quase morreu, passou mal", contou Mayra.
"A menina montou e ela começou a ficar louca. Gritou, passou mal mesmo. A gente está tomando alguns cuidados para que ela fique mais tranquila. Mas são só 15 minutinhos, passa rápido. É um sonho meu que ela entenda e aceite que sou atleta", disse.
Se a mãe da lutadora é ansiosa, dá para dizer que Mayra tem a quem puxar. Durante a conversa com o UOL, a mineira deu as respostas em alta velocidade e passou um bom tempo agindo como se suas pernas fossem uma bateria.
"Eu sou um pouco ansiosa, né? Estou trabalhando para deixar a ansiedade de lado, porque às vezes fico um pouco nervosa. Sou acelerada demais. Se me deixar solta aqui, eu saio correndo!", divertiu-se, apontando para a porta.
Às 14h40, ela se atrapalhou. "Boa tarde. Boa tarde? Já é tarde? Estou perdida", refletiu "Sheetara", apelido que a acelerada atleta ganhou de Evangelista Cyborg, seu ex-treinador (e ex-marido de Cris Cyborg, de quem Mayra é fã), sob influência do desenho "ThunderCats".
Outra estreante da noite, Marina Rodriguez tem uma estratégia para lidar com a torcida brasileira. Se gritarem seu nome, ótimo. Se gritarem qualquer outra coisa, incluindo o nome da adversária Randa Markos, ela pretende fazer de conta que está sendo aclamada.
"Por mais que estejam gritando pelo adversário, eu finjo que é para mim e está tudo certo. Fico tranquila com isso. Na maioria das vezes em que estão gritando, não dá para distinguir o nome, certo? Eu penso que a galera está gritando ao meu favor, vou aproveitar", brincou.
A gaúcha de 31 anos, que já foi protagonista de uma matéria no UOL, tem formação de designer e só começou a lutar muay thai há seis anos porque queria emagrecer. Ela dificilmente acreditaria se alguém tivesse dito o que o destino reservaria em 2018.
"Essa parte de mídia dá uma desvirtuada, mas estou começando a me acostumar. Estou me saindo bem, né? Conseguindo responder, não gaguejo", disse rapidamente, em tom de quem brinca e busca aprovação ao mesmo tempo. "Essa parte é divertida, mas lutar é mais ainda."
Dentre os três recém-contratados, Marina é a única que fala diretamente sobre a pressão de representar o futuro do Brasil no MMA. "Eu percebo e sei que todo mundo está falando no meu nome e esperando o máximo de mim. Mas eu não levo como peso", afirmou, decidida.
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