De roupão, Belfort cita ícones políticos e Império Romano antes do adeus

Roupão, calça de pijama e uma caneca na mão. Foi desta maneira que Vitor Belfort se apresentou para o “Media Day” do UFC 224, que marcará sua despedida do octógono em grande luta contra o também brasileiro Lyoto Machida neste sábado no Rio de Janeiro. Justificando a vestimenta por se “sentir em casa”, o carioca filosofou bastante, citando o Império Romano e líderes políticos como Lula, Martin Luther King e John Kennedy, e projetou seu pós-carreira, se colocando a disposição da TV Globo e até da presidência do Brasil contanto que a missão o contagie.
“Depois de sábado meu contrato se encerra e eu estou ‘available’ (acessível). A partir de domingo quem quiser me contratar... Não é UFC, se a Globo quiser me contratar, se quiserem que eu seja um candidato à presidência da República, o que quiserem do Vitor Belfort, os primeiros requisitos têm que ser algo que eu queira fazer, tem que ter paixão. Se eu não quiser, não irei fazer. Hoje estou entrando numa fase da vida que quero fazer algo com autonomia, quero ser autônomo”, disse.
Baseado neste pensamento, Belfort dimensionou as etapas da sua vida em quatro partes. Citando o norte-americano Bill Gates, expoente em tecnologia, destacou sua vontade de atingir a quarta e última etapa.
“Minha vida é feita de quatro jornadas: a primeira você está sempre batalhando para trabalhar para alguém. A segunda você começa a ser dono do próprio negócio. A terceira você começa a dar oportunidade a outras pessoas para que trabalhem para você. E a quarta jornada, que poucas pessoas chegam, é a que você só ajuda, como o Bill Gates. Pessoas que têm muito sucesso, estão ali para ajudar”, enfatizou.
Martin Luther King e Kennedy como exemplos de ícones
Evitando se considerar um líder e uma lenda do MMA, deixando os adjetivos para as pessoas, Vitor Belfort citou como referências Martín Luther King – ícone do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA – e Jhon Kennedy, ex-presidente dos Estados Unidos assassinado.
“Isso é muito egocêntrico de falar. Todo mundo tem a capacidade de realizar, assim se coloca uma pressão sobre mim, como salvador e tal. Vou citar exemplos de pessoas que lideram: o Martin Luther King não conseguiu viver para ver o resultado do que ele fez. O líder tem que estar disposto a colocar a vida dele em jogo. Por isso que cada vez temos menos líderes. Eu estava vendo a vida do Kennedy. Imagina essa família, o presidente Kennedy estava lá, era de uma supremacia branca, começa a entrar e mudar muitas coisas, aí ele é assassinado, falam que foi um cara que assassinou. Eu não acredito. Aí o irmão dele vai se candidatar à presidência, ganha e é assassinado um dia antes, aí se fala que “é o destino”. Não é o destino. Existem pessoas que não querem que mudem o sistema. Então quando você luta por algo tem que estar disposto a colocar sua vida em jogo. O importante não é uma pessoa, é um sistema, um grupo”, declarou.
Citando Lula, o lutador avaliou que o brasileiro está sempre sendo radical em suas escolhas:
"Se perguntar para um cara como está o Brasil, vai dizer que está uma porcaria, mas por dois motivos: ou você é a favor do Lula ou contra o Lula. A racionalidade, o que vem entre o certo e o errado, a justiça do bem ou do mal... Temos muita coisa pra melhorar".
Belfort cita Império Romano para criticar regras do UFC
Prestes a encerrar seu contrato com o UFC, o brasileiro também guardou espaço para críticas técnicas no que se refere à algumas regras da organização. Além de ser a favor das cotoveladas, ele se mostrou contra o duro processo de perda de peso que os lutadores passam.
“A pesagem tinha que ser natural. Por qual motivo o cara perde peso até sexta para depois performar no sábado? É surreal, na realidade. Não tem nexo se parar para pensar. Tem que perder 5, 10 pounds (peso em libra) para depois botar de volta? Aí não pode fazer isso, aquilo...Tem muita coisa para gente mudar e a pesagem é uma delas”, disparou.
Para exemplificar, Belfort citou o Império Romano, onde o imperador dava as diretrizes sem ter a experiência de lutar:
“Vemos o Império Romano. É muito fácil o imperador decidir se você vive ou morre. Ele nunca está lá lutando. Então, quando você nunca esteve lá para estipular o que tem que ser feito, fica difícil. Iguais as regras de guerra. Imagina se os generais dos países fossem mulheres, será que teriam tantas guerras? Lógico que não”.
Victor Belfort e Lyoto Machida se enfrentam neste sábado, na Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca (RJ), na primeira luta do card principal.
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