Brasileiro sensação já foi rejeitado no TUF; agora estreia com moral no UFC
Você acha possível um lutador de MMA ser considerado um dos melhores do mundo mesmo sem sequer ter feito uma luta pelo UFC? Se respondeu não, é melhor rever seus conceitos. Marlon Moraes, 29 anos, conseguiu extrapolar a barreira do octógono e ganhou (muito) reconhecimento mesmo em um evento muito menor do que o comandado por Dana White. Depois de ser rejeitado em uma edição do reality show The Ultimate Fighter, o brasileiro deu a volta por cima e fará sua tão sonhada estreia na organização em grande estilo: acontecerá no próximo sábado (3), no UFC 212, no Rio de Janeiro.
Natural de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, Marlon começou a carreira no Thai Boxing com apenas sete anos de idade. Depois, com o passar dos anos, migrou para as artes marciais mistas, gostou e nunca mais largou. Sua estreia profissional aconteceu há dez anos, por um evento chamado Brazil Fight Center, onde saiu vitorioso após finalizar Bruno Santana.
Na sequência, rodou por eventos nacionais e internacionais, como Shooto, RMMA, Ring of Combat e XFC, até despertar o interesse do World Series of Fighting (WSOF), organização reconhecida nos Estados Unidos. Por lá, só não fez chover. Embalou quatro vitórias seguidas até ter a oportunidade de disputar o cinturão inaugural dos galos (até 61,2 kg). Conquistou o título em uma decisão unânime e defendeu com sucesso quatro vezes sua cinta, sendo dois nocautes, uma finalização e uma decisão.
Seu desempenho, já comentado no mundo inteiro, despertou o interesse de Dana White, que aproveitou o final de contrato do brasileiro com o WSOF para fisgá-lo ao UFC. "Estou muito feliz. Trabalhei muito para isso, era meu sonho e estou vivendo ele agora. Quero tirar o máximo e mostrar que eu realmente mereço estar lá", disse Marlon em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
O que pouca gente sabe, é que, antes de estrear pelo WSOF, Marlon já havia sido rejeitado em uma edição do TUF, um reality show para lutadores entrarem no UFC. E não foi recusado por suas habilidades (ou a falta delas). O brasileiro foi barrado na parte da entrevista. Hoje, o episódio que já foi tratado com muita tristeza pelo brasileiro é visto como um aprendizado.
"Tive a oportunidade de tentar entrar no TUF em 2012, mas não passei na entrevista. Fiquei triste por não ter conseguido, era um sonho", lembrou, antes de explicar como funciona o processo. "Eles nos colocam para fazer grappling, manopla e tudo mais. Passei em todos, mas depois eles te entrevistam em uma sala. Para o evento, eles querem o show. Falaram que eu não me enquadrava no perfil. Mas falei que um dia chegaria. Então, fui para o WSOF, aprendi muito e hoje estou muito melhor. Hoje tenho certeza de que essa é a hora certa".
Marlon é visto como um lutador que pode dar trabalho a Cody Garbrandt, Dominick Cruz e TJ Dillashaw, tops do peso-galo. Para a estreia, o UFC mostrou que confia no potencial do brasileiro e colocou em seu caminho o compatriota Raphael Assunção, número três do ranking – um desafio e tanto ao ex-campeão do WSOF.
Apesar da moral, Moraes nega chegar já pressionado na estreia pelo UFC. “Não tenho nenhum tipo de pressão. A pressão era para chegar ao UFC, todo mundo querendo tirar meu cinturão... Agora sou franco-atirador. Tenho que apenas ir lá e dar o meu melhor”, analisou.
Segundo Marlon, a luta já com um top 3 não foi uma exigência sua ou de seu estafe. “Falei com meu empresário e não devia vir de mim escolher adversário. Foi eles (UFC) que ofereceram. Antes desta luta, até falaram sobre Jimmy Rivera, mas acabamos fechando com o Raphael. Quem quer ser campeão não escolhe luta, é assim que chego”, disse, antes de valorizar o rival.
“Acho que é uma luta dura em todos os aspectos, grappling, wrestling... Somos lutadores duros. Vai ser decidida no detalhe, principalmente na estratégia com os treinadores, utilizando todas as artes marciais. Vou aproveitar e dar tudo que tenho”, concluiu.
Raphael Assunção vem de vitória sobre a promessa Aljamain Sterling. Antes, havia ficado perto de disputar o cinturão da categoria após emplacar sete vitórias seguidas nos galos, mas acabou derrotado em uma decisão contra TJ Dillashaw e viu o rival ganhar a chance de disputar o título da divisão.
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