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Aldo diz que já venceu dopados e que bateria falastrão até no futebol

Maurício Dehò

Do UOL, em Sorocaba

08/03/2015 06h00

Uma das rivalidades mais quentes do momento no UFC é entre José Aldo, campeão dos penas, e o irlandês falastrão Conor McGregor. E, se a vida não tivesse levados ambos para as lutas, eles poderiam ter se encontrado em outro esporte pelo qual nutrem uma paixão em comum: o futebol.

Flamenguista roxo – e sempre presente no Maracanã -, Aldo terá pela frente um desafiante que também passou a infância vidrado no esporte da bola no pé. McGregor é torcedor do Manchester United, e costuma contar que ia para a rua de chuteira e bola debaixo do braço, sonhando em ser um astro do futebol.

Ainda jovens, eles encontraram as lutas. Aldo foi para o jiu-jítsu, e McGregor, para o boxe. E, ainda que eles meçam forças no MMA, Aldo previu o que aconteceria se eles se trombassem no gramado.

“Com certeza eu acho que ele não joga isso tudo”, riu o brasileiro, em papo com o UOL Esporte. “Se fosse futebol com certeza eu também ganharia dele.”

O combate foi cogitado para acontecer em um estádio no Brasil ou na Irlanda, mas acabou sendo confirmado para Las Vegas. Uma cidade com muita presença brasileira, a cidade de Nevada deve receber uma invasão irlandesa, para formar um caldeirão.

“Eu sonhei fazer essa luta num estádio de futebol, pela expectativa de todo mundo, Mesmo não sendo, acho que vai ter esse clima bom. A torcida brasileira vai apoiar, e os irlandeses também devem fazer a mesma coisa”, afirmou o campeão dos penas.

‘Já lutei com dopado’

Sete defesas de cinturão, quase uma década de invencibilidade e potencial para repetir o sucesso na categoria de cima em um futuro próximo. José Aldo construiu uma carreira de respeito e hoje só está atrás de Jon Jones como campeão mais dominante do UFC. E, entre os obstáculos enfrentados, ele considera que já deve ter passado por cima até de lutadores que fizeram uso de doping.

O UFC começa este ano uma investida mais pesada contra o uso de substâncias ilícitas, e promete ampliar o número de testes surpresa e examinar todos os nomes do seu plantel. Aldo afirma apoiar a nova política, apesar de “não ligar” para isso.

“Eu acho que já lutei com caras dopados. Pelo fato de não ter o controle rigoroso que tem hoje. Mas não vejo problema nenhum: se o cara está dopado ou não, eu vou bater nele do mesmo jeito”, afirmou o lutador.

“Vejo com bons olhos (a nova política). Para  mim, que sempre joguei limpo, ver todo mundo jogando limpo vai igualar as coisas”, acrescentou. “Se o cara faz esse uso, se ele se trata dessa maneira, ele é que vai pagar no futuro. Como o Dedé (Pederneiras, técnico) sempre falou para nós, nunca pensamos só em ser o campeões, pensamos em quando encerrar a carreira continuar na academia. Assim como vemos gerações passadas indo lá treinar, sem problemas de saúde. Eles mesmo que são prejudicados, e, lógico, o esporte também.”

Mais Conor: Aldo não está impressionado

Para muitos que acompanham o UFC, Conor McGregor não fez por merecer para já estar em uma disputa de cinturão. Apesar de 17 vitórias e duas derrotas, com cinco triunfos no UFC, o irlandês não pegou os principais atletas do peso pena e conquistou seu posto de desafiante muito mais pela lábia. Mas Aldo não se importa e até gosta das provocações. Mas mostra não estar impressionado tecnicamente com seu adversário.

“Para mim, ele fez por merecer. É 50% e 50%”, disse Aldo, comparando a habilidade no octógono e a capacidade de se promover de McGregor.  Ele sabe se promover bem e também luta muito bem. Mas nunca pegou um desafiante top 5. Minhas lutas sempre seriam contra caras repetidos, que já lutei, então ele aparecer foi bom para mim. Foi bom para a categoria, mexeu em todo mundo, esquentou. Vai ser uma luta boa.”

Assim como Aldo, o irlandês tem a luta em pé como especialidade, com punhos potentes e um rápido jogo de pernas.

“Eu não vejo nada de mais nele, não vejo que traga algo que se diferencia de alguém. Para mim é um cara normal, que joga muito bem em pé. Mas só. E lógico que se promove muito bem. Na parte da promoção que ele mexeu com a cabeça de todo mundo, de fazer as provocações, eu responder. Ele usa o boxe, o jogo de pernas, que são as características dele. Mas vou passar por cima dele. Vou chegar lá, passar por cima dele. Pode ser quem for, eu vou vencer”, decretou o campeão.