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"Sumô" do Senegal tem Mike Tyson africano e bolsa de R$ 300 mil por luta

Manga II (esquerda) e Mohammed Ndao, o Tyson (direita), antes do combate no Estádio de Dakar  - Seyllou Diallo/AFP
Manga II (esquerda) e Mohammed Ndao, o Tyson (direita), antes do combate no Estádio de Dakar Imagem: Seyllou Diallo/AFP

Giselle Hirata

Do UOL, em São Paulo

14/08/2013 06h00

O futebol é uma paixão mundial, mas fica em segundo lugar na lista de esportes preferidos dos senegaleses. Uma modalidade de luta, pouco conhecida aqui no Brasil, ganha cada vez mais adeptos na África Ocidental e tem até um Mike Tyson africano. É o laamb, uma curiosa fusão entre sumô, MMA e luta livre.

O esporte surge como uma esperança para jovens no país, onde mais da metade da população vive abaixo da linha da pobreza. “No Brasil, os meninos querem ser jogadores de futebol. No Senegal eles querem praticar luta livre para ter fama e uma vida mais digna.”, diz Otunba Adekunle, diretor presidente do Centro Cultural Africano.

Isso porque o laamb atrai multidões e acabou despertando o interesse de várias empresas, que começaram a patrocinar os torneios. E os lutadores de primeira linha já chegam a ganhar entre US$ 100 e 300 mil por luta. Mas, são raras exceções. A maioria participa de lutas regionais e clandestinas, ganhando prêmios como vacas, cabras e quantias pequenas em dinheiro.

A luta

O combate é corpo a corpo e ganha quem conseguir derrubar o adversário no chão. “O lutador aplica vários tipos de golpes, alguns muito parecidos com os do jiu-jitsu. A luta termina se ele encostar as costas, as mãos e os joelhos ou cabeça do oponente no chão.”, explica Bob Junior, diretor técnico do Brazilian Wrestling Federation.

Tyson do Senegal

  • Mohamed Ndao foi o pioneiro do wrestling no Senegal e é o lutador mais famoso do país. Ele começou a lutar em 1993 e adotou o apelido “Tyson” em homenagem ao pugilista americano. Hoje, ele coleciona vitórias e é inspiração de muitos garotos – uma vez que ostenta uma vida luxuosa com direito a uma Mercedes na garagem de sua casa no subúrbio de Senegal.

Embora o wrestling tenha origem greco-romana, para os senegaleses o laamb é uma prática esportiva ancestral. “Os nossos povos organizavam duelos entre si para medir a força dos homens e determinar o campeão de cada aldeia. Os vencedores ficavam com o que sobrava da pesca e da colheita.”, conta Otunba Adekunle, diretor presidente do Centro Cultural Africano.

Inclusive, ainda é costume realizar um ritual antes da luta. Os lutadores se preparam com banhos de óleo e de lama, além de pendurar amuletos pelo corpo. “Tudo isso serve para afastar a má sorte. E os tambores e as danças no ringue invocam a proteção dos espíritos dos ancestrais”, conta Adekunle. Um espetáculo do esporte e da tradição africana.