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Do boxe ao MMA, nocaute de Cigano coroa saga de títulos de ex-técnico de Popó

Técnico Luiz Dórea posa junto ao cage usado para treinos de MMA, em Salvador - Maurício Dehò/UOL Esporte
Técnico Luiz Dórea posa junto ao cage usado para treinos de MMA, em Salvador Imagem: Maurício Dehò/UOL Esporte

Maurício Dehò*

Em São Paulo

14/11/2011 06h00

O baiano Luis Dórea ganhou um complemento em seu nome, que o acompanha desde sua primeira grande conquista nos corners de boxe: “técnico de Popó”. Mas 11 anos depois do primeiro cinturão de Acelino Freitas, uma conquista em outro ringue, de forma octogonal, coroa uma saga iniciada no pugilismo e que se encaminhou lentamente para o MMA. Dórea foi o técnico principal de Júnior Cigano na conquista do cinturão dos pesos pesados do UFC, comprovando que aquela alcunha do passado já figura apenas como uma boa lembrança.

Conhecido por suas conquistas no boxe, Dórea não é um estranho quando se fala em vitórias no MMA. Afiou o boxe de Minotauro para o título interino dos pesados no Ultimate e é presença constante no corner de nomes como Anderson Silva e Demian Maia. Mas a conquista de Cigano tem um sabor especial. Desde o início da carreira o catarinense tem Dórea como mestre e o cinturão tomado de Cain Velásquez coroa a ascensão do treinador nas artes marciais mistas - ampliando o conhecimento iniciado na vitoriosa carreira no pugilismo.

“Eu sou um especialista em boxe que trabalha com o MMA. Toda a experiência que trago veio do boxe e hoje estou muito feliz em contribuir para esta conquista no MMA", analisa o baiano, com modéstia.

O trabalho de Dórea não é solitário. Pelo contrário. Cigano foi forjado na academia de boxe do treinador e foi com a habilidade de nocautear que ele chegou ao MMA. Mas o crescimento do catarinense não poderia acontecer sem investir nas outras artes marciais, com profissionais específicos para desenvolver o jiu-jítsu - onde ele iniciou nas lutas, com Yuri Carlton -, o muay thai e o wrestling.

DÓREA: 'CIGANO É UM PRODÍGIO E SERÁ CAMPEÃO POR MUITO TEMPO NO UFC'

“A evolução do Cigano no boxe foi fantástica. Depois, fizemos adaptação para o MMA e hoje ele é considerado o melhor ‘boxer’ do MMA. Tenho muito orgulho disso, e hoje ele é um lutador completo”, analisa o baiano, que foi pugilista, mas se tornou técnico pela falta de oportunidades para fazer grandes lutas.

O MMA surgiu para Dórea com Minotauro, uma cria sua no boxe. O baiano havia passado pela academia do treinador e retornou anos depois, já conhecido pelas vitórias no vale-tudo, pedindo para voltar a treinar a nobre arte. Desde então, começou a nova fase. Como um estudioso de lutas,

Dórea viajou para EUA e Japão para acompanhar seus lutadores e aprendeu como usar seu boxe na nova modalidade de luta, combinando-o com as outras artes marciais.

Um técnico com estrela

Mesmo com tantas conquistas no MMA, Dórea ainda colhe os seus frutos do boxe. Passaram por suas mãos nomes como Pedro Lima, campeão do Pan-2007, e Everton Lopes, que este ano faturou a primeira medalha de ouro em Mundiais para o pugilismo masculino do Brasil.

Popó elogia seu ex-técnico

Dórea foi campeão mundial comigo e com certeza é o melhor treinador de boxe que o país já teve. O Cigano não poderia estar em melhores mãos

Popó, que esteve em Anaheim para acompanhar a conquista de Cigano

“Ter o Everton como campeão mundial foi um sentimento diferente. Sou um cara privilegiado, desde aquele momento inesquecível com o Popó. E tudo isso continua motivando, cada conquista é uma emoção nova”, diz Dórea, mostrando que ainda tem gana de multiplicar suas conquistas, a começar com as primeiras defesas de Cigano.

“O Cigano começou aqui, cresceu com a nossa equipe. E este é o segredo, a nossa base, os jovens que começam aqui. Somos uma grande família”, conclui o treinador, que além da carreira de técnico dividiu muito do seu tempo na academia com o trabalho de investigador de polícia.

*Colaborou Evelyn Rodrigues, em Anaheim (EUA)