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Steven Seagal abraça Anderson após o "chute mortal" em Belfort

07/02/2011 - 15h08

Seagal conta como ensinou a Anderson chute que derrubou Belfort: "ele queria aprender meu repertório mortal"

Leandro Divera
Especial para o UOL Esporte

Anderson Silva surpreendeu o mundo com um chute fulminante, no queixo, que nocauteou Vitor Belfort no UFC 126, no último domingo. Ainda no ringue, o lutador agradeceu ao ator de filmes de ação Steven Seagal, 58, por tê-lo ensinado o golpe. Faixa preta de sétimo grau em Aikido e estudioso de outras artes marciais, Seagal revelou que o movimento é uma variação de técnicas que ele está ensinando não só a Anderson, mas também para Lyoto Machida, ex-campeão do UFC.

"É uma questão de atitude e amizade. Não estou fazendo nada disso por dinheiro ou fama. Esta é minha primeira entrevista sobre esse assunto. Faço isso apenas por amor aos caras e para tentar ajudá-los a se aperfeiçoarem", revela o ator, em entrevista ao site MMA Fighting.com. A história de como os dois se conheceram, aliás, é pitoresca. "Anderson me mandou uma carta pedindo para aprender meu repertório mortal", completa.

 

O ator de Hollywood fez questão de conhecer Anderson e Machida e passou a trabalhar com a dupla e outros lutadores brasileiros. "Todos os lutadores da casa são meus favoritos, mas Silva e Machida são especiais, e venho tentando trabalhar mais pesado com eles", contou. 

Golpe é aperfeiçoado há pelo menos 30 anos

"Aprendi uma espécie de variação desse golpe no Japão há 30 ou 40 anos e venho aperfeiçoando ao longo do tempo. Não é exatamente karatê, é algo um pouco diferente que eu criei. Sabia que o Anderson poderia aprender bem porque é um atleta nato, tem mãos e pés rápidos, seus chutes já tendem a ser muito bons. Então comecei a ensinar chutes que sabia que poderiam realmente machucar", comentou o ator.

O golpe foi tão impressionante que deixou atônito até mesmo o veterano comentarista americano do UFC, Joe Rogan. "Um chute frontal no rosto!", exclamou três vezes, logo após o lance. Ele lembrou que Belfort nunca havia sido derrubado por um golpe único. Seus adversários anteriores precisaram de muitas pancadas na cabeça para fazê-lo perder as forças.

Foi a primeira vez, segundo Seagal, que o chute foi usado em uma luta de MMA. "Ninguém conhece este chute. Estou ensinando para o [Lyoto] Machida, Anderson e alguns dos brasileiros, mas não tinhamos usado ainda. Não mostrei para muitas pessoas. Fiquei feliz e muito orgulhoso. Ele executou o golpe muito bem".

Sobre o começo da luta, quando os dois lutadores se estudaram por cerca de dois minutos sem que um único golpe fosse desferido, Seagal avaliou: "é uma espécie de hesitação natural, de ambos os lados, antes de realmente entrar no combate. Assim que alguém dá o primeiro soco ou chute, eles normalmente superam isso e começam a corrigir o 'timing' e a distância do adversário. Então podem realmente se atacar. Levou um tempo para estarem aquecidos".

Para ele, a popularização do UFC é uma faca de dois gumes no universo das artes marciais: "de um lado, algumas pessoas estão dizendo que perdemos muito da natureza sagrada das coisas, segredos que passam de uma geração a outra e não seriam disseminados ao público. Certamente uma parte disso é verdade. São tradições que não foram feitas para se comprar, vender ou exibir em público desta forma. Mas [a popularização] tem ajudado as pessoas e rever sua técnicas e aprender aquilo que funciona de verdade, no mundo real, e tem trazido atenção para as artes marciais, o que é ótimo. O UFC tem proporcionado muitos momentos espetaculares e lutadores fantásticos".

Se o MMA (Mixed Martial Arts) fosse popular há 20 anos, teria Steven Seagal entrado no Octagon para competir? "Não preciso disso para provar que sou bom. Mas, por outro lado, quem sabe? Talvez eu até tenha participado de alguma coisa. Nem sempre fui um bom garoto", brinca o ator, insinuando já ter participado de combates desse tipo, mas longe dos holofotes e das câmeras.

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