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09/09/2008 - 08h12

Em meio à fama repentina, Falavigna faz campanha por incentivos ao taekwondo

Rodrigo Farah*
Em São Paulo
Recepção de gala no Maracanã, tardes de autógrafos e reconhecimento nas ruas. Esta é a rotina de Natália Falavigna após a conquista do bronze em Pequim, a primeira medalha olímpica do taekwondo brasileiro. Com um novo status no esporte nacional, a paranaense aproveita a fama que adquiriu para entoar o discurso dos dirigentes da arte marcial, que pedem mais investimentos públicos para o desenvolvimento da modalidade no país.

PRIMEIRO PÓDIO DO TAEKWONDO
Matt Dunham/AP
Natália Falavigna foi 1ª atleta brasileira a obter uma medalha olímpica no taekwondo
EFE
Após a conquista do bronze, a atleta luta para aumentar os incentivos à modalidade
AE
Falavigna curte a fama, com direito a volta olímpica antes de um Fla-Flu no Maracanã
RELEMBRE A CONQUISTA DO BRONZE
FALAVIGNA DESTACA NOVO STAFF
CONFIRA SUA TRAJETÓRIA EM PEQUIM
Atualmente, a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) recebe 1% das verbas oriundas da Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias federais para o fomento do esporte. A quantia é a mais baixa entre os esportes olímpicos. Neste quesito, o taekwondo fica apenas ao lado de modalidades como o badminton e o hóquei na grama, que não chegaram a classificar nenhum atleta para Pequim-08.

"O taekwondo recebe muito pouco. Com investimentos maiores e bem fiscalizados, poderíamos crescer muito. Eu procuro não depender disso, mas sei que pode ajudar o meu esporte. Fica minha torcida para que a verba seja revista. Espero que tenhamos muito mais investimentos para o próximo ciclo olímpico, pois provamos que somos capazes", ponderou Falavigna.

Com a vida totalmente alterada após o pódio alcançado nas Olimpíadas, a taekwondista ainda curte os momentos de sucesso depois do torneio na China. A atleta chegou a dar volta olímpica antes de um Fla-Flu no Maracanã e viu sua agenda ser recheada de eventos do patrocinador, como participação em feiras para dar autógrafos.

"Estou aproveitando cada momento até o fim porque a ficha vai cair logo e eu preciso começar tudo de novo com os treinamentos. Fico feliz pelo fato de as pessoas darem valor ao meu trabalho e para a medalha. Isso renova minhas forças para mais um ciclo olímpico", destacou a paranaense, que só deve disputar até o fim do ano os Jogos Abertos do Interior de São Paulo, em novembro.

Mas Falavigna não quer aproveitar o sucesso apenas para o prazer pessoal. A lutadora tenta usar a fama conquistada após as Olimpíadas para auxiliar no desenvolvimento do taekwondo brasileiro. E um dos meios que achou para fazer isso é através dos apelos para que a modalidade tenha mais apoio financeiro daqui por diante.

Natália ainda citou o judô nacional como um exemplo a ser seguido. Para a atleta, o fato de o país ter um histórico repleto de vitórias na arte marcial japonesa (15 medalhas olímpicas), serve como incentivo para a CBTKD correr atrás de mais investimentos. Ao todo, a Confederação Brasileira de Judô tem direito a 3,5% das verbas destinadas pela Lei Piva.

"A partir dos melhores resultados que conquistarmos, as coisas vão mudar e as verbas também vão aumentar. Tive muitas oportunidades e as portas se abriram. O taekwondo não chega a ficar na sombra, mas ele precisa se espelhar no judô, principalmente para arrumar a casa e ver como as coisas podem ser feitas", opinou a Falavigna.

Dirigentes pedem fim das 'sobras'
Logo após a conquista do bronze de Falavigna os membros da CBTKD se uniram para pedir uma revisão dos repasses da Lei Piva. Os R$ 496 mil recebidos em 2007 estão ainda abaixo da verba de outros esportes de pequena expressão no país, como o beisebol e softbol, contemplados com R$ 746 mil no ano passado.

"A gente não pode mais ficar com as sobras. Não recebemos muito, não estou reclamando. Mas estamos no mesmo patamar de repasses de esportes com atletas de muito menor expressão que os nossos", afirmou Fernando Madureira, treinador de Natália Falavigna, logo após o fim da competição na China.

*Com Bruno Doro, em Pequim

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