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Maurício Dehò

Peso médio ligeiro Edvan Barros luta na preliminar de Michael Oliveira, neste sábado

20/11/2010 - 13h00

Entre boxe e capoeira, brasileiro aposta em 'fator surpresa' para ser campeão

Maurício Dehò
Em São Paulo

Edvan Barros é um mero desconhecido no Brasil. Pugilista profissional desde 2004, nunca fez uma luta em seu país natal desde que deixou o amadorismo. Pelo menos até este sábado, quando ele estreia em território brasileiro, em preliminar da luta de Michael de Oliveira. Já com dez derrotas no cartel sua missão é complicada em busca de um título mundial, mas o retrospecto ruim pode até favorecê-lo.

MICHAEL OLIVEIRA SUPERA LESÃO PARA FAZER ESTREIA EM TERRITÓRIO NACIONAL

  • Divulgação

    Paulista de 20 anos, Michael Oliveira é uma promessa do boxe nacional com 12 vitórias na carreira, sem uma derrota sequer. Mas nenhum desses triunfos foi em território nacional. Criado nos Estados Unidos, ele tem a chance de mostrar o "cartão de visitas" aos brasileiros neste sábado, no seu primeiro combate em casa. Para isso, terá de superar lesão no braço e usa o aniversário de 50 anos do 1º título de Eder Jofre como inspiração.

“Pode parecer que não, mas é mais fácil negociar com este cartel”, explica o técnico Danny Hawk, sobre o fato de Edvan ter 10 vitórias, 10 derrotas e um empate na carreira. “Os promotores pegam leve. Sabem do potencial do Edvan e acham que ele vai levar a luta até os últimos rounds, mas tem a certeza de que perderá. Só que um dia, com a oportunidade certa contra um campeão do mundo, ele pode surpreendê-los e sair com o cinturão.”

A confiança de Danny Hawk é a de reconstruir a carreira de Edvan a partir da luta deste sábado, no Espaço das Américas, em São Paulo. Ele enfrenta Eraldo Cesar Pereira a partir das 22h (de Brasília, com SporTV). Para o técnico, o baiano foi “jogado aos leões” desde que estreou em 2004 no boxe profissional, nos Estados Unidos. Enfrentou nomes fortes, como o ex-campeão Luis Collazo e Alexis Camacho. Nas últimas três lutas, todas contra invictos, só perdeu por pontos, algumas vezes com decisões polêmicas contra pugilistas da casa.

Agora, ele tem a chance de dar a volta por cima e reverter o placar de oito derrotas em suas últimas dez lutas, justamente por conta de sua história de vida. Hawk descobriu Edvan na televisão, quando a HBO produziu um documentário sobre a vida de um brasileiro de infância humilde, que lutava capoeira e foi parar no boxe.

“Eu comecei a lutar capoeira com 13 anos. Nasci em Salvador e sempre trabalhei com a capoeira para dar sustento à minha família. Foi assim que fui parar no Rio de Janeiro e conheci a academia do Raff Giglio, no Vidigal, onde aprendi boxe”, conta ele, que como amador foi vice-campeão baiano.

A ida aos Estados Unidos foi devido à capoeira. Ele era de uma companhia de dança, na casa Plataforma, no Rio, que tem apresentações típicas da cultura brasileira, voltada para turistas. Em uma oportunidade, viajou para três meses shows em território norte-americano e, após o fim deste prazo, conseguiu se estabelecer em Miami, também trabalhando com a capoeira.

Com a possibilidade de voltar a lutar boxe, ele se profissionalizou e teve apoio para seguir carreira. Mas, na primeira oportunidade, perdeu patrocínio pelo fato de não se dedicar e abusar da vida na noite. Em seguida, com a ajuda de uma família que custeava seus treinos, voltou com força à nobre arte, treinando também MMA, no qual fez uma luta e venceu.

“Tive muito apoio nas minhas primeiras lutas, mas quando você começa a perder, este ‘business’ é ingrato”, conta Edvan. “Perdendo, o neguinho te descarta. Mas agora voltei com força e quero me dedicar ao boxe e também ao vale-tudo. Sempre com a capoeira, que me faz ter uma ótima condição física e sempre estará no meu coração.”

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