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Antes de bater campeã olímpica, judoca que vai ao Pan jogava futebol na rua

Beatriz Souza, atleta da seleção brasileira de judô que vai para Lima-2019 - CBJ/Rafal Burza
Beatriz Souza, atleta da seleção brasileira de judô que vai para Lima-2019 Imagem: CBJ/Rafal Burza

Rubens Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/06/2019 14h16

Criança hiperativa, Beatriz Souza costumava sair de casa para jogar futebol com os amigos na rua em Peruíbe e só voltava tarde, quando já estava com os joelhos ralados pelos tombos no chão. E foram justamente as quedas, mas no judô, que a colocaram nos eixos - e a mandaram para Lima, como uma das representantes brasileiras do judô nos Jogos Pan-Americanos, em agosto.

"Eu dava trabalho. Atazanava muito a vida dos meus pais, fazia o que eu queria, era muito teimosa e tudo era no meu tempo. Se queria jogar bola, eu ia para a rua jogar bola com os meus amigos e voltava tarde para casa, toda ralada por que tinha caído, tropeçado. A disciplina do judô me salvou, na verdade. Foi uma benção na minha vida.", diz Beatriz.

Judoca na categoria pesado (acima de 78 kg), Beatriz está há dois anos na seleção brasileira adulta e já conta com resultado expressivo: neste ano, no Campeonato Pan-Americano (competição exclusiva do judô e diferente dos Jogos Pan-Americanos), derrotou duas vezes na competição por equipes a cubana Idalys Ortiz, campeã olímpica em Londres-2012 e prata no Rio-2016. No individual, Beatriz ainda conseguiu a medalha de bronze.

"Era uma criança bem agitada, fazia dança, praticava esporte na escola para ver se eu amenizava [o nível de energia]. Sempre joguei futsal na escola, vôlei, me destacava. Sempre gostei de praticar esportes, desde criança. Brincadeiras de rua, jogava bola, então sempre estava no meio", conta a judoca de 21 anos.

O caminho até o judô foi por influência do pai, praticante da modalidade, que colocou a filha para treinar na Associação Judô Budokan de Peruíbe. Ela foi tomando gosto pela modalidade e começou a perceber o potencial que tinha quando foi convidada e se mudar para São Paulo, inicialmente para a equipe do Palmeiras e, depois, no Pinheiros, seu atual clube.

"As responsabilidades apareceram quando me mudei para São Paulo. Quando saí de casa, falei: tenho que acordar para a vida e agora eu estou por mim, sou eu que luto por mim e tenho que fazer as coisas por mim", afirma a judoca.

A categoria pesado tem um bom histórico de conquistas para o judô brasileiro, com dez medalhas em Jogos Pan-Americanos no feminino, além de duas pratas conquistadas por Maria Suelen Altheman no Campeonato Mundial em 2013 e 2014. Ainda atrás de Maria Suelen, Beatriz tenta elevar o histórico de medalhas e se colocar em condições de buscar a vaga olímpica.

"Eu venho conseguindo evoluir muito bem tanto em treinos como competições, então isso para mim é gratificante ver que todo esse esforço está valendo a pena. Só me mostra que tenho que me esforçar mais e mais para manter o nome do Brasil lá em cima e do clube também porque tem uma história de títulos imensa, é mais uma inspiração para mostrar que eu posso chegar onde quero e continuar esse caminho de trazer medalhas", finaliza Beatriz.

Além de Beatriz Souza, disputarão os Jogos Pan-Americanos de Lima no judô Nathalia Brigida (categoria ligeiro), Larissa Pimenta (meio-leve), Rafaela Silva (leve), Alexia Castilhos (meio-médio), Ellen Santana (médio) e Mayra Aguiar (meio-pesado) no feminino, enquanto Renan Torres (ligeiro), Daniel Cargnin (meio-leve), Jeferson Santos Junior (leve), Eduardo Yudy Santos (meio-médio), Rafael Macedo (médio), Leonardo Gonçalves (meio-pesado) e David Moura (pesado) lutam no masculino.