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Promessa do hipismo repete de ano e gera acusações e guerra judicial entre pais e escola

Amazona Bianca Rodrigues conduz seu cavalo durante competição - Divulgação/Word Brasil Comunicação Empresarial
Amazona Bianca Rodrigues conduz seu cavalo durante competição Imagem: Divulgação/Word Brasil Comunicação Empresarial

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

10/04/2012 06h03

A família da amazona brasileira Bianca Rodrigues, de 15 anos, promete travar uma guerra judicial contra o colégio Escola Viva, unidade da rua Casa do Ator, na Vila Olímpia, em São Paulo, após a repetência da garota, no ano passado.

Bianca é atleta federada pela Confederação Brasileira de Hipismo e sonha em disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Ela está entre as dez melhores de sua idade no país.

Os pais afirmam que o Ministério do Esporte exige tratamento escolar diferenciado para estudantes que são atletas, e que faltou este tipo de consideração com a garota.

A família, por meio de uma nota, chegou até dizer que a garota foi vítima de discriminação e bulliyng  na escola. Mas, o que dizem reivindicar na Justiça será o ressarcimento financeiro por a instituição não ter oferecido reposições nas ausências da atleta em função de treinos ou competições.

“Queremos que o juiz interprete o dano causado à minha filha. Não é pelo dinheiro, pois isso pode até ser doado para uma instituição de caridade. Quero que façam uma prestação do serviço que foi contratado. Eles não repuseram conteúdo que ela perdeu. Encheram ela de trabalhos, mas não deram conteúdo. Só quero o conteúdo que ela perdeu. Não quero que ela passe de ano, nada disso mais”, falou Marcello Rodrigues, pai da atleta, ao UOL Esporte.

 

“Vamos pleitear danos morais e não vamos abordar a questão do bulliyng.  Vamos pleitear as aulas que ela perdeu. Ela foi penalizada por ter que faltar. Como o Brasil faz planos para ter atletas de alto rendimento sendo que as escolas têm esse comportamento? Houve imaturidade porque não sabiam como conduzir a situação dela como uma  atleta. Não posso pagar pelo erro deles”, continuou.

A escola emitiu uma nota oficial em que rebate as reclamações e diz que Bianca foi reprovada por seu desempenho abaixo da média, apenas. Ela ficou de recuperação em seis disciplinas.

“A escola sempre disponibilizou oportunidades para a aluna compensar eventuais ausências em virtude da prática do esporte, por meio de dispositivos de apoio à aprendizagem, roteiros de recuperação e provas substitutivas. Na prática, a aluna apresentou ausências pontuais (e não sequenciais), que não chegaram a ultrapassar o limite de faltas permitido por lei”, diz nota emitida pela Escola Viva.

“Em uma única matéria esse limite foi ultrapassado, mas recorremos ao recurso de compensação de ausências previsto em nosso regimento e a situação foi regularizada. Ou seja, a reprovação da aluna não foi decorrente do número de faltas e, sim, porque ela não alcançou o rendimento mínimo necessário para a série. De fato, mesmo com os dispositivos disponibilizados, a equipe pedagógica não verificou objetivamente empenho e esforço suficientes por parte da aluna para que fosse promovida para a série seguinte, uma vez que apresentava desempenho abaixo do esperado em muitas disciplinas”, continuou.

Apesar de reiterar que o caso de assédio moral questionado não será levado para as vias judiciais, Marcello Rodrigues citou algumas situações em que reclama da postura dos profissionais da instituição.

“A escola dizia que ela tinha muita proteção externa, que era protegida. Um coordenador, após uma reunião em que levamos nosso advogado, saiu da sala e falou para minha filha que o pai esteve na escola com um advogado. Ele disse que para ela que ´era uma pena´ que ela tinha pais assim”, falou.

A Escola Viva rebateu ao dizer que “as acusações de bullying e assédio moral são absolutamente infundadas e, por meio de seu departamento jurídico, irá avaliar as ações necessárias à reparação dos danos causados por afirmações levianas”.

Bianca Rodrigues estuda atualmente na unidade de Santo Amaro do Colégio Objetivo, onde, segundo o pai, não não tem tido problemas de frequência das aulas e reposições.