UOL Esporte Handebol
 
10/09/2009 - 07h00

Crise econômica atinge handebol na Europa, e brasileiros são repatriados

Felipe Munhoz
Em São Paulo
A crise econômica mundial ainda traz preocupações e alterações no handebol, atingindo diretamente o Brasil. Na modalidade, a onda de redução de custos acertou em cheio as equipes europeias e obrigou alguns atletas brasileiros a voltarem ao país por falta de clubes. Com isso, a Liga Nacional é quem ganha com os retornos de Borges (Metodista/São Bernardo), Scheyla Gris (FMD Blumenau/Furb) e Giorgea Marcio (Luna ALG/Ordena/UCS).

BRASILEIROS REFORÇAM A LIGA
Photo&Grafia/Divulgação
A pivô Scheyla Gris ficou apenas uma temporada na Espanha, no Molly Cleba
Arquivo Pessoal
Giorgea Marcio posa em Veneza, em passagem pela Europa com a seleção
Site oficial do atleta
Com contrato até dezembro na Metodista, Borges não vê a hora de voltar para Europa
PINHEIROS GANHA DA METODISTA
A pivô Scheyla Gris ficou apenas uma temporada na Espanha, no Molly Cleba. Segundo a atleta, a situação é crítica no handebol da Europa e alguns brasileiros não retornaram também apenas para ter mais experiência. "Muitas jogadoras estão ficando lá para ganhar menos do que aqui. Eu acredito que este repatriamento do futebol e do vôlei também possa acontecer no handebol. O salário na Europa é um pouco maior, mas o custo de vida também e acaba ficando tudo igual", afirmou a atleta de 26 anos.

De acordo com Scheyla, o problema para os brasileiros é que, com a crise, muitos jogadores europeus ficaram sem clubes. "Os brasileiros eram [atletas] mais baratos, mas agora acabaram ficando caros em comparação com os europeus que ficaram sem time. Eu só penso em voltar para lá se fosse por muito dinheiro ou para jogar em um time que disputa a Champions League [Liga dos Campeões], que não era o caso do meu", explicou.

O ponta esquerda Borges, 24 anos, é tido como uma das promessas da seleção brasileira. O jogador passou duas temporadas no CAI Balonmano Aragon, também na Espanha, um dos centros da modalidade no mundo. No entanto, está de volta ao país por conta da crise mundial e pensa um pouco diferente de Scheyla Gris. Com contrato até dezembro com a Metodista/São Bernardo, o jogador não vê a hora de voltar para a Europa.

"Eu incentivo os atletas a irem para a Europa. Acho que quanto mais o pessoal joga lá fora, melhor fica o nível do handebol no Brasil. Eu não queria voltar, mas aconteceu isso. Eu encaro como um desafio para me recuperar e continuar evoluindo, acho que aqui vai ser muito bom também", destacou Borges.

PROBLEMAS COM AGENTES
Além da crise econômica, outro problema atrapalhou os brasileiros na Europa. Borges teve um imprevisto com o seu antigo agente e Scheyla foi afetada por não ter um.
"Ele me disse que tinha várias propostas de outros clubes, dois na França e quatro na Espanha. Mas, quando acabou o período de contrações, não tinha nenhum certo e fiquei sem clube. Acho que não foi por caráter, foi por incompetência mesmo. Mas já estou com um novo agente", explicou.
Enquanto isso, Scheyla teve um problema para se transferir de volta ao Brasil. "Meu contrato era de um ano, com possibilidade de ficar mais um. Então, acertei a minha transferência para o Brasil e entre os clubes estava tudo certo. Mas as federações contaram como se eu tivesse ficado mais um ano e a negociação ficou mais cara. Se eu tivesse um agente, isso não iria acontecer", opinou.
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A crise também foi fundamental para Giorgea Marcio voltar ao Brasil, mas a atleta também teve outros motivos para decidir fazer as malas. "Também foi mais para ficar perto da minha família. Eu não estava passando por uma boa fase na carreira. No começo, quando eles precisavam, eu joguei bastante. Mas o time estava para cair para a segunda divisão e me lesionei. Quando eu voltei, já tinha outra no meu lugar e as coisas ficaram mais difíceis", afirmou.

A armadora de 27 anos foi contratada pelo Molly Cleba, mas só jogou algumas partidas pela equipe e foi emprestada para o Club Balonmano Zuazo, também da Espanha. A atleta sofreu uma contratura e uma distensão na coxa, o que a deixou cerca de 2 meses longe das quadras. Para a atleta, brasileiros e europeus agem diferentes diante da crise.

"Aqui a gente não sente muito a crise porque já estamos acostumados a viver com ela. Lá, eles começam a cortar o lazer e o esporte, que são coisas secundárias, e a gente acaba perdendo um pouco de privilégio. Diante disso, eles querem ganhar um pouco de vantagem em cima da gente e quem não se dispõe a ficar sob as condições deles, volta", disse Giorgia Marcio.

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