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04/12/2008 - 08h00

Investimento na base explica 11 anos de hegemonia do ABC no handebol

Felipe Munhoz
Em São Paulo
Nos 11 anos de existência da Liga Nacional de handebol, os times do Grande ABC (SP) conquistaram 11 títulos da competição - nove no masculino e dois no feminino. Além disso, a região abriga freqüentemente as seleções brasileiras da modalidade em fases preparatórias. Grande parte desta centralização se explica com um intenso trabalho nas categorias de base que, atualmente, prepara 1,3 mil jovens em São Bernardo do Campo.

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O São Caetano, do técnico Washington Nunes, também passou a investir na base
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O time feminino da Metodista venceu as últimas duas edições da Liga Nacional
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Helinho é um dos atletas do São Caetano que também defendem a seleção brasileira
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O goleiro Maik começou a jogar com 14 anos pela Metodista, onde ficou 10 anos
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No time da Universidade Metodista, que tem "parceria ativa" com a prefeitura de São Bernardo, o gasto com o projeto Escola de Esportes - antiga Escola de Handebol - chega a cerca de R$ 500 mil anuais.

"Ano a ano, o nosso investimento muda. Nos últimos três anos, temos o apoio da Besni e isso nos permite atender um número maior de crianças. É difícil contabilizar um valor exato, porque temos bolsas de estudo, clínica de fisioterapia, academia, tudo cedido pela universidade. Mas basicamente são gastos cerca de R$ 32 por criança no mês", afirmou Alberto Rigollo, gerente de esportes da Metodista, que foi técnico da equipe durante 15 anos.

Assim como acontece no futebol, as escolinhas de handebol, que iniciam a formação no esporte a partir dos 11 anos, vão além da cidade do clube formador. No caso da Metodista, são 13 unidades em São Bernardo, uma em Diadema, uma em São Paulo e uma em São Vicente. De acordo com Rigollo, a prefeitura de São Bernardo participa do projeto com cessão de quadras, material, funcionários e ajuda financeira.

O goleiro da seleção brasileira Maik Ferreira começou a carreira nas categorias de base da equipe de São Bernardo e é um dos frutos do projeto. "Eu acho fundamental este trabalho na juventude para chegar com qualidade no time principal. Eu não teria chegado à equipe adulto e à seleção brasileira se não tivesse passado por isso", destacou o atleta, que jogou de 1994 a 2004 na Metodista.

Em São Caetano do Sul, o time da cidade ganhou força principalmente pela grande ambição do município em se destacar nos Jogos Abertos do Interior. "A cidade tem a tradição de investir nos esportes em geral, por isso foi 12 vezes campeão dos Jogos Abertos. O handebol é apenas um vagão deste trem. Desta forma, a prefeitura percebeu que podia tirar algo da modalidade e passou a apoiar mais", disse o treinador do USCS/São Caetano, Washington Nunes.

Com as heranças deixadas pelos Jogos Abertos, o time de handebol de São Caetano também passou a se aventurar na criação de divisões de base. "Hoje, temos atletas mais qualificados, de seleção brasileira e até de Cuba. No ano que vem, queremos fazer peneiras para as categorias juvenil e júnior, para abastecer a equipe principal", ressaltou Nunes.

Metodista e USCS/São Caetano já protagonizaram duas finais da Liga Nacional masculina (2002 e 2003). O time de São Bernardo tem oito títulos da competição, enquanto o USCS tem uma conquista. No feminino, a Metodista também triunfou nas duas últimas edições do torneio. As duas equipes têm em comum todo o suporte de uma universidade por trás. As bolsas de estudo e os aparatos das instituições incentivam a procura dos atletas.

TÍTULOS DE TIMES DO ABC NA LIGA NACIONAL DESDE 1997
FEMININO
2006Metodista/São Bernardo
2007Metodista/São Bernardo
MASCULINO
1997A.A.A Metodista/ São Bernardo/Petrobrás
1998A.A.A. Metodista/São Bernardo/Petrobrás
1999A.A.A. Metodista/São Bernardo/Petrobrás
2000A.A.A. Metodista/São Bernardo/Petrobrás
2001Metodista/São Bernardo
2002Metodista/São Bernardo
2003IMES/Santa Maria/São Caetano
2004Metodista/São Bernardo
2006Metodista/São Bernardo
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"O ABC foi um dos lugares que deu um salto maior nos trabalhos, investiu em atletas, tem os recursos da universidade. Todos os atletas do Brasil têm o desejo de jogar no ABC. Como as outras equipes não tinham tanto esta estrutura, não se destacavam como a gente", opinou o goleiro Maik Ferreira, que atualmente joga no Club Balonmano Atlético Boadilla, na segunda divisão da Espanha

Infra-estrutura e apoio também chamam a atenção da CBHb (Confederação Brasileira de Handebol), que escolhe se preparar no Grande ABC por três motivos. "Primeiro, pelo próprio investimento, principalmente, de São Bernardo, que acredita no esporte. Segundo, porque em todas as partidas nos ajudam com transportes e cessão dos espaços de treinamento. E depois pela condição técnica. A cidade tem dois ginásios, sendo que o Baetão é um dos únicos do país exclusivos para o handebol", explicou Fabiano Redondo, diretor de Marketing da CBHb.

Segundo o goleiro Maik, a última vez que o time do Brasil se preparou no Grande ABC foi durante o período de preparação para as Olimpíadas de Pequim. "Normalmente, a gente fica em um hotel e treina no Baetão, no Poliesportivo e também no ginásio Camilópolis, em Santo André", lembrou.

Santa Catarina

Para Redondo, a região do Vale do Itajaí vem crescendo muito no esporte e pode despontar em breve como uma nova potência da modalidade. "Temos um convênio com o SESI de Blumenau, que cede o local para o treinamento dos jovens. Itajaí, Brusque, toda aquela área do Vale do Itajaí tem um trabalho semelhante ao do Grande ABC", destacou o diretor de Marketing.

No entanto, as inundações provocadas pelas chuvas e os deslizamentos de terra que assolaram o estado catarinense e mataram pelo menos 117 pessoas, principalmente no local onde se concentra o trabalho da confederação, preocupam Redondo. "A gente está muito preocupado não só pelas pessoas, mas também pelo trabalho. As informações que chegaram para nós é que o SESI foi muito afetado e não sabemos como vai ficar", salientou.

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