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Campeão no feminino, Brasil joga Mundial masculino com meta mais modesta

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

15/01/2015 06h00

“Se você me perguntar se o Brasil vai ser campeão no Qatar, eu vou te falar que é certeza que não”. A frase é do espanhol Jordi Riberas, um dos melhores técnicos do mundo de handebol. Ele é, também, responsável pela atual seleção brasileira masculina de handebol, que disputa, a partir das 15h desta quinta-feira (15), o Mundial do Qatar.

Pode parecer falta de confiança nos jogadores verde-amarelos ou ausência de ambição. Não é. No país em que as mulheres são as atuais campeãs mundiais da modalidade, o time masculino de handebol ainda tenta se consolidar em um grupo intermediário, ainda distante das potências mundiais.

“São duas realidades bem diferentes. O feminino está colhendo os frutos de um processo que começou há muito tempo. As meninas foram para a Europa, primeiro em times menores. E só agora chegaram aos clubes de elite. Os homens ainda estão começando a sair. É uma sequência. Em alguns anos, podemos chegar aos times grandes e, então, a seleção masculina pode ser beneficiada”, completa Jordi Ribera.

Esse primeiro passo descrito pelo espanhol já é evidente na equipe que está no Qatar. Dos 17 atletas que foram ao Qatar, oito jogam na Espanha. Os espanhóis são os atuais campeões mundiais, mas seu campeonato nacional é considerado de segundo nível no continente – o torneio nacional mais forte está na Alemanha.

Os próprios jogadores sabem disso. “A Europa tem uma elite, de cinco ou seis times, que estão no primeiro nível. Depois, vem uma camada intermediária, que tem seleções europeias e da África. É nesse grupo que estamos tentando nos consolidar”, explica o armador Gustavo Nakamura, o Japa, um dos mais experientes do time.

Em outras palavras: o Brasil quer chegar até as oitavas de final, entre os 16 melhores do torneio. O que vier depois disso é lucro. “Temos de ser realistas. Hoje, brigamos pelas oitavas. Dependendo do cruzamento, podemos ter chance de lutar pelas quartas de final. Estamos pensando passo a passo, para, em 2016, termos condições em pensar em chegar às semifinais”, fala Japa.

Conseguir chegar até esse ponto, porém, deve ser complicado: o técnico Ribera diz que o time precisa se classificar para a segunda fase pelo menos em terceiro lugar. Só que, para isso, é necessário passar por times difícilimos. O Brasil estreia contra o Qatar, considerada a melhor seleção da Ásia e que conta com uma série de naturalizados. Depois, encara três europeus, Espanha, Belarus e Eslovênia. Fecha a primeira fase contra o Chile. E precisa ganhar de três rivais.