Handebol feminino está em alta, mas masculino quer seguir caminho diferente
O inédito título mundial de handebol conquistado no ano passado pela seleção brasileira feminina tornou-se um argumento extremamente favorável ao projeto que a CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) havia montado para a equipe. Nem assim, porém, a entidade decidiu copiar todo o modelo para o time masculino. Por causa de diferenças na legislação, os homens não seguirão um dos principais diferenciais do plano.
A CBHb criou em 2011 um convênio com o Hypo Nö, time austríaco que recebeu oito jogadoras e o técnico da seleção brasileira feminina. Isso ajudou a aprimorar o trabalho coletivo da equipe nacional, que é comandada pelo dinamarquês Morten Soubak. Depois um quinto lugar no Mundial de 2011 e de um sexto posto nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, o time chegou ao título no Mundial da Sérvia.
No masculino, a CBHb rejeitou uma proposta para algo similar. A entidade foi procurada pelo Viborg HK, time que pretendia montar uma base brasileira na Liga Dinamarquesa. Entretanto, a negociação esbarrou na legislação.
“A regulamentação do masculino é diferente do feminino. Essa equipe com brasileiros poderia jogar a Liga da Dinamarca, mas não poderia escalar todos os atletas na Liga Europeia ou nos principais campeonatos do continente, cuja limitação de estrangeiros é diferente”, explicou Manoel Oliveira, presidente da CBHb.
A criação de uma “base” europeia é a principal diferença nos projetos para as seleções masculina e feminina. A despeito da barreira da legislação, contudo, a CBHb decidiu exportar atletas e espalhar jogadores por times de grandes ligas europeias.
A entidade e o espanhol Jordi Ribera, técnico da seleção masculina, têm até participado dessas negociações de jogadores brasileiros para o exterior. Em 2013, entre homens e mulheres, o país sul-americano chegou a 44 representantes nas principais ligas de handebol da Europa.
“Nossa comissão técnica tem acompanhado e indicado atletas da equipe masculina. Muitos foram espontaneamente e muitos foram direcionados pela nossa comissão técnica”, explicou Oliveira.
A entidade que comanda o handebol em âmbito nacional tem atualmente um orçamento anual em torno de R$ 20 milhões. A CBHb dispõe de R$ 9,4 milhões somente para preparar as seleções que disputarão os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro.
A exportação de atletas tem ligação com essa condição financeira favorável. No feminino, por exemplo, a CBHb faz um aporte financeiro para assegurar a concentração de jogadoras e técnico no Hypo Nö.
“Existe uma diferença [entre homens e mulheres] na questão de premiação por desempenho, mas o que modifica, basicamente, é o convênio com o Hypo Nö. Existe uma cooperação com o clube e um apoio econômico pesado”, disse o presidente da CBHb.
De forma aglutinada (como acontece no feminino) ou espalhada (como o masculino), a exportação é uma forma que a CBHb encontrou para aumentar a experiência internacional dos atletas. A entidade fala recorrentemente sobre uma proposta para inverter isso e formar uma seleção permanente no Brasil na temporada que precederá os Jogos Olímpicos de 2016.
“Queremos formar o Brasil Handebol Clube e uma equipe olímpica permanente. Entendermos que se seguirmos o calendário e treinarmos o mesmo que equipes como Noruega, França, Rússia, Espanha e Hungria, estaremos em pé de igualdade. Então, temos um projeto para dar um período maior de treinos e uma preparação específica aos atletas”, encerrou Oliveira.
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