UOL Esporte Ginástica
 
10/11/2009 - 07h09

Ainda confusa, defesa de Daiane terá novo advogado na 'segunda fase'

Paula Almeida
Em São Paulo
Apontada como falha até mesmo nos bastidores do COB, a defesa de Daiane dos Santos no caso em que ela foi flagrada em um exame antidoping tem se calcado em dois fatos principais: a ginasta estar inapta para competições e não saber que a furosemida, substância constatada no teste, era proibida pela WADA (Agência Mundial Antidoping).

  • Paula Almeida/UOL Esporte

    Cristian do Carmo Rios é advogado de Daiane dos Santos desde 2000 e iniciou a defesa da atleta no caso de doping, mas passará a questão para outro

Mas aos poucos, a falta de conhecimento da lei tanto por parte da ginasta quando de seu staff fica cada vez mais clara, o que pode complicá-la no resultado das investigações. Em entrevista concedida na segunda-feira, o advogado da atleta, Cristian do Carmo Rios, admitiu que não tem total domínio das especificidades de casos como este. Tanto que não ficará no comando da defesa daqui pra frente.

"Eu estou confiante, mas não sou eu que vou dar prosseguimento às justificativas. Sou advogado, mas não sou um especialista, não sei sobre tudo. Já estamos trabalhando para definir quem será o advogado", revelou Carmo Rios.

O novo responsável pela defesa de Daiane terá como função conduzir a próxima fase do processo. Daiane tem até o dia 13 para dizer à FIG (Federação Internacional de Ginástica) se vai querer ou não se defender pessoalmente diante da entidade, e ela já avisou que exercerá seu direito.

"Tudo vai ser demonstrado, vai ficar patente a impossibilidade de ela competir. Caberá a nós instrumentar as análises e mostrar como tudo aconteceu", detalhou o advogado de Daiane, que atende a ginasta desde 2000. "Para nós, o importante é a circunstância em que tudo aconteceu, mostrar que não houve falta de lealdade. As circunstâncias são excepcionais neste caso".

E a situação se mostra tão específica que, até agora, a defesa de Daiane dos Santos parece não ter encontrado nenhum caso em que o atleta, com uma justificativa semelhante à dela, fugiu de algum tipo de punição.

REGRAS ANTIDOPING DA FIG NÃO SUSTENTAM DEFESA

  • Ayrton Vignola/Folha Imagem

    Embora Daiane dos Santos e sua defesa digam que ela não teria por que ser testada, já que estava inapta para competições, o regulamento antidoping da FIG não sustenta esta tese. Segundo o código, todos os atletas que estejam entre os seis primeiros colocados do ranking devem aparecer na lista de ginastas a serem testados. Além disso, a entidade abre a possibilidade de outros atletas serem incluídos na relação.

    O artigo 5.1 do código da FIG diz, inclusive, que atletas inativos por algum período podem, sim, ser testados. "Todos os ginastas sob jurisdição de uma Federação Nacional, inclusos ginastas em um período de inegibilidade ou suspensão provisória, podem ser alvo de testes fora de competição a qualquer momento e em qualquer lugar", diz o item.

Quando questionado pelo UOL se tinha conhecimento de resultados positivos em situações como esta, Cristian do Carmo Rios desconversou. "Estamos levantando um histórico, estudando o caso. Mas é importante que vocês saibam que nós estamos preparando as justificativas, que não vamos falar antes da hora", comentou o advogado.

Um dos casos mais conhecidos do público brasileiro foi o de Maurren Maggi. Em 2003, a saltadora foi flagrada em um exame após testar positivo para um esteróide. Na ocasião, a hoje campeã olímpica alegou que a substância integrava um creme de depilação que ela tinha usado, mas a justificativa não foi aceita, e Maurren acabou suspensa por dois anos.

Situação semelhante viveu Jaqueline, jogadora de vôlei, flagrada com sibutramina. Inicialmente, ela justificou que a substância estava em um chá verde consumido por ela em tratamento contra celulite. Depois, mudou a defesa e informou que um medicamento utilizado por ela com frequência fazia parte de um lote alterado. No final, foi suspensa por quatro meses do vôlei italiano, onde atuava na época.

Apesar das comparações, Daiane não vê muita semelhança entre o seu caso e o de Maurren. "São casos diferentes, porque eu não estou apta a competir, e ela estava. Teve a coincidência estética, mas não é igual", declarou a ginasta, também descartando comparações com Jaqueline. "Não falei com elas nem com ninguém até agora. Mas agora eu sei o que elas passaram. Sinto na pele e vejo como as pessoas esquecem muito rápido de tudo que a gente fez".

Abalada "emocionalmente", como ela mesma disse, Daiane dos Santos avisou que não desistirá do caso. E ressaltou: não pretende se aposentar antes dos Jogos de Londres-2012. "Se alguma coisa acontecer, eu vou lutar até o final. Se eu não quisesse estar na ginástica, eu poderia ter saído no ano passado. Mas eu continuei porque a ginástica é o que eu amo fazer. Tanto é que eu fiz uma cirurgia e estou me recuperando até agora".

Compartilhe:

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host