09/11/2009 - 19h34

Daiane elogia presidente da CBG, mas volta a acusar a entidade

Paula Almeida
Em São Paulo

A primeira declaração oficial do Pinheiros sobre o doping de Daiane dos Santos insinuava a CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) como culpada pelo caso, pois a entidade não havia comunicado à FIG (Federação Internacional) que a atleta estava fora de atividade. Mais tarde, a defesa da ginasta deixou a tese de lado e preferiu se concentrar no fato de Daiane não saber que a furosemida era proibida. Mas nesta segunda-feira, Daiane voltou a sugerir uma parcela de culpa do órgão nacional.

Para Daiante dos Santos, a CBG deveria ter informado à FIG que ela estava fora de atividade

Crendo na ideia de que um atleta inativo não deve ser submetido a testes antidoping, Daiane, que falou pela primeira vez sobre o caso, insistiu que o fato de estar afastada das competições deveria ter sido informado à FIG.

"Pelo que a gente sabe, o que foi nos passado pela FIG era que eles não sabiam que eu não estava apta para competir", explicou Daiane. Quando questionada sobre quem deveria ter passado esta informação à entidade mundial, ela não hesitou. "A Confederação", disse, completando depois: "O Pinheiros encaminhou para a CBG todos os documentos sobre a minha cirurgia, e eles teriam que repassar à FIG".

A gaúcha também revelou que, desde que deixou a seleção brasileira, nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, tem mantido uma relação quase nula com a CBG. "Não tenho mais nenhum relacionamento com eles. Eu recebi uma ligação da Jaqueline [Pires, supervisora de seleções da entidade] logo depois que eu operei, porque ela queria saber como eu estava, se estava tudo indo bem", detalhou Daiane, que ainda conversou com Jaqueline em junho deste ano, ao receber um formulário da FIG no qual era informada de que poderia passar por um exame antidoping - fato que se confirmou um mês depois.

Mas apesar do afastamento em relação à CBG - sequer conversou com Georgette Vidor, nova coordenadora da seleção -, Daiane contou que foi contatada na semana passada por Luciene Resende, nova presidente da entidade. "A presidente Luciene me ligou, disse que queria saber de mim o que realmente estava acontecendo, disse que ia me apoiar, porque eu sempre fui íntegra e cumpri não só com meu dever de atleta, mas também de cidadã", declarou a ginasta, elogiando a postura da dirigente, com quem conversou pela primeira vez.

Desabafo com endereço certo

A mágoa contida em relação à CBG parece não ser a única de Daiane. Na entrevista desta segunda, a ginasta também atacou falsos amigos.

"Agora parece que esquecem tudo que eu fiz", desabafou. "Fiquei chateada com muitas coisas que eu ouvi, porque eu sempre defendi o Brasil e a ginástica brasileira. Descobri que algumas pessoas que estavam do meu lado não estão de verdade". Quando questionada sobre quem seriam essas pessoas, ela se esquivou: "Essas pessoas sabem quem são, sabem que eu estou falando pra elas".

A ginasta, porém, fez questão de exaltar o apoio popular que vem recebendo. "O povo me trata com muito carinho", comentou. "Não sei se vou ficar com uma marca negativa, mas o que eu ouço na rua é bem diferente. Todos entenderam muito bem a situação. O que houve foi um erro, mas eu não me beneficiei disso, foi um descuido".