UOL Esporte Ginástica
 
24/11/2005 - 09h02

Acima do peso, loira e rebelde, Ponor diz que "é a melhor" na trave

Murilo Garavello
Enviado especial do UOL
Em Melbourne (Austrália)
Reuters
Catalina Ponor executa exercícios na trave no Mundial da Austrália
Ela foi a musa das Olimpíadas de Atenas ao ganhar três medalhas de ouro. Bonita, jovem e carismática, Catalina Ponor parecia destinada a substituir a russa Svetlana Khorkina como a mais badalada ginasta do mundo. Ao menos no Mundial de Melbourne-2005, Ponor coloca em dúvida o vaticínio de muitos.

"Quando a vi no treino, nem parecia que era ela: loira, gorda, fazendo os saltos mal feitos. Não a reconheci", diz Eliane Martins, supervisora da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), resumindo o comentário corrente ao menos entre os membros da delegação brasileira na Austrália.

Após um ano repleto de crises, troca de técnico e até de cidade, Catalina Ponor trouxe a Melbourne a postura rebelde adotada neste ano na Romênia. Na quarta-feira, após o 12º lugar no solo -foi eliminada da final da prova em que é campeã olímpica-, deixou a área de competição irritadíssima. Empurrou um microfone da TV romena e não falou com a imprensa à saída do ginásio.

Nesta quinta-feira, mais calma, criticou a arbitragem do Mundial em conversa com o UOL Esporte, considerando-a "injusta". E falou sobre os problemas que enfrentou neste ano. Em fevereiro, foi suspensa da seleção por estar fora do peso ideal. No fim de agosto, a ginasta foi pivô da crise que culminou na dissolução da seleção feminina de seu país.

Murilo Garavello/UOL
Catalina Ponor concede entrevista ao UOL Esporte em Melbourne
Ponor e outra companheira de equipe, Floarea Leonida, "escaparam" da concentração sem permissão de Belu e sua assistente, Mariana Bitang. Após uma noitada em uma casa noturna, encontraram Bitang esperando-as no saguão do hotel às 4h.

A repercussão do episódio e a posição dúbia adotada pela Federação Romena provocaram a saída de Belu e Bitang e o fim da seleção -cada ginasta voltou a treinar com seu técnico, em sua cidade natal. Assim, a ginasta mudou de Bucareste para Constanta, sendo comandada por seu antigo técnico, Matei Stanei.

Agora, como relatou na entrevista cujos principais trechos seguem abaixo, diz estar "muito, muito melhor". E com "liberadade".

UOL Esporte: O que você achou de suas performances na fase de classificação?
Catalina Ponor:

No solo, a arbitragem não foi muito boa. Não achei que minha nota foi justa. Na trave, as coisas aconteceram mais como eu esperava.

Quais suas chances na final da trave?
Eu vou ganhar porque sou a melhor. Nenhuma dessas meninas é tão boa quanto eu nesse aparelho.

Viu a performance de Daiane no solo?
Não.

Pelo que conhece das oito finalistas do solo, quem é favorita?
Creio que a Daiane. Ela tem obtido resultados muito bons e faz exercícios muito mais difíceis do que as outras.

Muitas pessoas dizem que Octavian Belu era severo demais com as ginastas da seleção romena. É verdade?
Não. Ele estava certo em nos cobrar, só queria tirar o máximo da gente. O problema era a Bitang. Era ela quem atrapalhava.

Atrapalhava como?
Ela queria comandar nossas vidas, nos enchia de regras desnecessárias. Não conseguiu, não agüentou e saiu. Foi isso o que aconteceu.

E você não sente falta da seleção?
Não. Está muito, muito melhor agora. Tenho liberdade. Sou livre para fazer o que quero.

Compartilhe:

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host
    Reuters