UOL Esporte Futebol
 
05/11/2008 - 07h19

Eleição no Cruzeiro encerra dobradinha entre irmãos Perrellas

Do UOL Esporte
Em Belo Horizonte
A dobradinha entre os irmãos Perrellas, que completa 14 anos, chegará ao fim nas eleições para escolha da nova diretoria do Cruzeiro nesta quarta-feira 5. Isso porque Zezé Perrella, atual vice-presidente de futebol e candidato à presidência, não terá mais, caso confirme o favoritismo e seja eleito para o triênio 2009/2011, a companhia de Alvimar, que encerra o mandato de seis anos à frente do clube e já anunciou que não fará parte da nova diretoria.

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Zezé Perrella disse que deve ficar mais três anos no clube, mas admite ser difícil sair
Thiago Nogueira/Uol Esporte
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Alvimar alega que sacrificou a família e os negócios para se dedicar anos ao Cruzeiro
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A hegemonia dos Perrellas começou em 1995 com a eleição de Zezé a presidente do clube e, conseqüentemente, com o fim da dinastia da família Masci - que teve Benito (1985 a 1990), Salvador (1990) e César (1991 e 1994) se revezando na presidência -, que ficou dez anos à frente do Cruzeiro.

Zezé Perrella ocupou a presidência celeste de 1995 a 2002 e teve no comando do futebol cruzeirense o irmão Alvimar de Oliveira Costa, que assumiu o cargo de mandatário a partir de 2003, ano em que foi eleito. Em 2005, reelegeu-se para o mandato que termina em dezembro próximo.

A meta de Zezé Perrella é ficar mais três anos na presidência do Cruzeiro, mas ele mesmo lembrou que já declarou que não seria mais presidente. "Eu pretendo ficar esses três anos só. O meu medo é entrar uma pessoa, talvez mais competente, mas que não tem experiência, que tenha de aprender a andar. O Zezé Perrella de 95 não teria condições de assumir hoje", disse.

A contrário do irmão, Alvimar está decidido a não continuar no clube. "Eu não exercerei nenhum cargo político dentro do clube. Sinceramente, eu estou cansado", disse Alvimar Perrella em entrevista à Rádio Itatiaia. Segundo o dirigente, nesse longo período no Cruzeiro, teve de sacrificar a família e os negócios.

"Mas claro que vou participar como torcedor apaixonado, acompanhando os jogos, pela televisão quando o Cruzeiro jogar fora, ir a todos os jogos no Mineirão, pode ter certeza que vai ser assim. Vou continuar com uma ligação muito forte com o clube", ressaltou Alvimar.

Zezé Perrella entendeu a decisão do irmão: "Para você ter uma idéia, quando perde, o torcedor fica sem dormir, imagina o presidente que tem contas a pagar. É uma loucura. O Alvimar quer descansar. Ele me disse que em hipótese alguma vai aceitar algum tipo de convite para agora."

Sem o irmão, Zezé montou chapa com Gilvan de Pinho Tavares (1º vice-presidente) e o atual vice-presidente Biagio Francesco Peluso (2º vice-presidente). A chapa de oposição é integrada pelos conselheiros Márcio Rodrigues da Silva (presidente), Paulo Pedro Ferreira (1º vice-presidente) e José Moreira dos Santos Neto (2º vice-presidente). São 515 conselheiros com direito a voto. A votação começará às 19h.

Conquistas e decepções

Em 14 anos sob a administração dos irmãos Perrellas, o Cruzeiro conquistou 20 títulos, sendo 14 na gestão de Zezé e seis com Alvimar. Nesse período, o time celeste levantou uma Copa Libertadores (1997), três Copas do Brasil (1996, 2000 e 2003), o Brasileirão 2003 e sete estaduais e o Supercampeonato Mineiro de 2002.

OPOSIÇÃO AOS PERRELLAS
Candidato à presidência do Cruzeiro na chapa de oposição, o empresário Márcio Rodrigues da Silva admitiu que a dobradinha dos irmãos Perrellas foi importante para o clube, porém disse que ela já está desgastada e, por isso, defende a alternância na direção celeste.
"O Cruzeiro está precisando de alternância de poder. A perpetuação de poder faz mal para qualquer empresa. Os irmãos Perrellas foram muito bem, até os primeiros dez anos. Agora eles já cansaram, a coisa não está muito boa, não", observou Márcio Rodrigues em entrevista à Rádio Globo Minas.
Conselheiro cruzeirense há 16 anos, ele disse que tem projeto para construir a tão sonhada arena, que seria erguida no município de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Márcio Rodrigues arriscou até uma proposta inusitada: levar o metrô até o estádio.
"Eu chamei o Zezé (Perrella) para ver o terreno e ele não quis ver, mas o terreno está nas imediações do metrô, é coisa pequena para o metrô chegar lá, e esse terreno é bem localizado, o acesso é muito bom, perto da (BR) 040 (rodovia que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro)", afirmou.
Zezé Perrella considera inviável a construção da arena em Contagem. "A única região que é possível agregar valor comercial é a região sul. Infelizmente não conseguimos arranjar um terreno", disse o candidato da situação.
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O auge ocorreu na gestão de Alvimar Perrella, que conquistou, em 2003, a então inédita tríplice coroa (concedido a quem ganha o estadual e as duas competições nacionais mais importantes). Naquele ano, o clube mineiro investiu alto, trouxe Vanderlei Luxemburgo, contratado ainda em 2002, e faturou os títulos do Mineiro, Copa do Brasileiro e Brasileirão.

A conquista do Brasileiro acabou com uma antiga provocação por parte dos rivais atleticanos: a de que o Cruzeiro não possuía o título da principal competição nacional. Embora os cruzeirenses já se consideravam campeões brasileiros, por causa da Taça Brasil de 1966, a polêmica sempre vinha à tona.

Durante a administração de Zezé Perrella, o Cruzeiro construiu a Toca da Raposa II, inaugurada em 2002 como um dos centros de treinamentos mais modernos da América Latina, que é dedicada ao futebol profissional. A Toca da Raposa I passou a ser utilizada pelas categorias de base e para o intercâmbio mantido com clubes do exterior.

Depois da tríplice coroa de 2003, os títulos escassearam na vida do Cruzeiro. De lá para cá o time celeste conquistou apenas três vezes o Mineiro, em 2004, 2006 e 2008. Para piorar, não ganhou nada em 2005 e interrompeu uma seqüência histórica de 15 anos sem deixar de levantar pelo menos uma taça por temporada.

Em 1998, o Cruzeiro fez boa campanha na temporada e chegou a três finais importantes, mas terminou como vice-campeão do Brasileirão, da Copa do Brasil e da Copa Mercosul. Naquele ano, teve de se contentar com o título do Mineiro.

Projeto do estádio não sai do papel

Alvo de promessa dos irmãos Perrellas, a construção do estádio, mais precisamente uma arena multiuso, não saiu do papel e pode não sair. Zezé Perrella disse que estudará a proposta do governador de Minas, Aécio Neves, de passar a administração do Mineirão aos rivais Cruzeiro e Atlético-MG.

"Se a proposta do governador for interessante, nós podemos até abortar a idéia da construção do nosso estádio", disse o vice-presidente de futebol. "O modelo nós estudaríamos. Estuda-se criar uma empresa que administraria (o Mineirão) em parceria com Cruzeiro e Atlético, não haveria dificuldade", observou.

O Mineirão será reformado para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. As obras no estádio estão previstas para começar somente em 2010.

No início deste ano, a diretoria celeste intensificou contatos com empresários portugueses para a construção do estádio, mas o assunto esfriou durante a temporada. Com a crise financeira mundial, parece que o projeto ficou mais distante do Cruzeiro. "Com a recessão mundial, até os investidores tiram o pé", afirmou Zezé Perrella.

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