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28/10/2008 - 23h39

Histórico pobre pré-seleção inclui Maradona em galeria de fracassos

Bruno Império e Guilherme Costa
Em São Paulo
Em 1994, 12 partidas no Deportivo Mandiyú. No ano seguinte, 11 jogos à frente do Racing. O retrospecto pobre de Maradona como treinador antes de ser alçado ao comando da seleção argentina coloca o craque em um grupo nada animador para ele. A história do futebol registra uma série de casos em que o sucesso de jogadores se sobrepôs à falta de experiência na escolha deles para o comando de suas seleções, mas o sucesso é extremamente raro nesse conjunto.

AFP
Beckenbauer é exemplo de ex-jogador que deu certo no cargo de treinador de futebol
EFE
Klinsmann enfrentou muita desconfiança no início, mas criou "união nacional" na Copa
Arquivo
Falcão assumiu a seleção brasileira em 1990, mas caiu logo após 16 jogos
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O maior contra-exemplo dessa linha é Franz Beckenbauer. O alemão, um dos maiores jogadores da história de seu país, havia conquistado a Copa do Mundo de 1974 como atleta. Dez anos depois, sem uma experiência vasta como treinador, ele foi convidado a assumir o comando da seleção. Trabalhou em dois Mundiais, com um título (1990) e um vice-campeonato (1986).

Animada por esse histórico, a Alemanha voltou a apostar em um treinador com carreira incipiente em 2004. O nome escolhido foi Juergen Klinsmann, campeão mundial em 1990 e europeu em 1996. No entanto, sua carreira como técnico ainda era extremamente incipiente quando ele assumiu a seleção - seu principal atributo era uma licença para exercer a função, mas o currículo não contava com nenhuma passagem por clube de expressão.

Sem histórico como treinador, Klinsmann enfrentou muita desconfiança no início. Contudo, conseguiu criar um sentimento de unidade nacional durante a Copa do Mundo de 2006, que foi disputada no país, e levou a Alemanha ao terceiro posto.

Só que a história de treinadores que fizeram sucesso em seleções sem um histórico pregresso na função é apenas exceção. Na maioria dos casos, comandantes inexperientes esbarram na falta de confiança e resultados positivos.

Foi isso que aconteceu, por exemplo, com Paulo Roberto Falcão. O ex-jogador assumiu a seleção brasileira em 1990, mas disputou apenas 16 partidas na equipe nacional e caiu no ano seguinte.

Outro brasileiro com passagem apagada por uma seleção foi Zico, que em 2002 assumiu o Japão. O ex-jogador do Flamengo ostentava uma incursão pelo Kashima Antlers quando foi contratado, passou quatro anos na equipe nacional e disputou a Copa do Mundo da Alemanha. Saiu de lá, porém, com uma eliminação na primeira fase.

Dois anos depois, Marco Van Basten assumiu a direção da seleção holandesa. Antes disso, ele havia passado apenas uma temporada no Ajax B. O comandante iniciante conduziu a seleção até a Eurocopa de 2008 e chamou atenção no torneio continental pelo bom futebol de sua equipe, mas acabou eliminado pela Rússia nas quartas-de-final.

A situação do búlgaro Hristo Stoichkov foi ainda mais complicada. Um dos jogadores mais brilhantes da história de sua seleção, ele se tornou comandante em 2004, mas não conseguiu vaga na Copa do Mundo da Alemanha e deixou o cargo três anos depois, quando sua equipe enfrentava dificuldades para conseguir vaga na Eurocopa.

"Acho que a experiência anterior é muito importante", analisou Mário Jorge Lobo Zagallo, que foi jogador de sucesso da seleção brasileira e trabalhou como técnico da base e dos profissionais do Botafogo antes de assumir a seleção.

Zagallo usou essa argumentação para analisar a situação de outro ex-jogador que assumiu uma seleção sem experiência prévia. Dunga foi contratado para substituir Carlos Alberto Parreira no Brasil, mas não tinha um histórico como comandante.

"Isso traz uma dificuldade para o treinador, principalmente no início, mas ele tem conseguido ultrapassar esse momento. Ele mostrou que a vivência de campeão como atleta e a liderança nata podem compensar a falta de experiência", julgou Zagallo.

Mais crítico quanto ao trabalho do comandante da seleção brasileira, o técnico Evaristo de Macedo defendeu a escolha feita pelo argentino: "O Maradona já teve duas experiências sem muito êxito. Agora, se ele tem interesse em ser treinador, de algum modo tem de começar. Se existe a chance de começar por cima, melhor para ele. Mas isso pode ser complicado também. Basta ver o caso do Dunga aqui, que está enfrentando dificuldades para mostrar que tem qualidade".

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