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17/10/2008 - 08h01

Clássico mineiro ressalta desigualdade entre rivais

Bernardo Lacerda, do Pelé.Net

BELO HORIZONTE - Em muitos capítulos da tradicional história contada por Atlético-MG e Cruzeiro, ao longo de 87 anos, a desigualdade foi um tópico importante. Poucas vezes, no entanto, ela foi tão evidente como na partida que os dois eternos rivais disputarão no próximo domingo, às 16h, no Mineirão, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. O time celeste leva vantagem sobre o adversário em aspectos dentro e fora de campo, o que, entretanto, é insuficiente para apontá-lo como provável vencedor.

Bruno Cantini/site oficial do Atlético-MG
Bruno Cantini/site oficial do Atlético-MG
Ex-atacante Dadá Maravilha reconhece que em sua época era difícil vencer o Cruzeiro.
CRUZEIRO VIVE MELHOR MOMENTO
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O Cruzeiro não perde do Atlético-MG há sete jogos, com seis vitórias e um empate, além disso, a Raposa briga para ser campeã e o alvinegro para não cair à Série B, onde esteve em 2006. Além disso, o Galo tem salários atrasados, sérios problemas em sua política interna e teve de rescindir, recentemente, contratos de três jogadores por indisciplina: os laterais Mariano e Calisto e o meia Lenílson.

Apesar dos números gerais do clássico Cruzeiro e Atlético-MG, na "Era Mineirão", inaugurado em setembro de 1965, indicarem equilíbrio, com uma pequena vantagem do Cruzeiro - 70 vitórias celestes, contra 68 triunfos atleticanos e 68 empates, em 206 clássicos no "Gigante da Pampulha" -, a história do confronto é marcada por alternância dos clubes nos períodos de superioridade.

Entre 1964 e 1975, o Cruzeiro, com o futebol-arte de Tostão e Dirceu Lopes, entre outros, foi uma das maiores equipes que o Brasil já viu, dominou o clássico e conseguiu diminuir a diferença alvinegra na história dos confrontos, quando obteve 13 vitórias a mais que o rival. Ao todo foram 56 clássicos com 25 vitórias do Cruzeiro, 19 empates e 12 vitórias alvinegras.

"A gente entrava em campo sabendo que tinha o time melhor do que o Atlético, mas os enfrentávamos com respeito, pois clássico é clássico e sempre tinha uma motivação extra", afirmou o ex-armador Zé Carlos, que vestiu a camisa celeste nas décadas de 60 e 70. "Na época o nosso time costumava levar a melhor", acrescentou.

Atuando pelo rival Atlético, que teve o seu auge em 1971, quando tornou-se campeão brasileiro daquela época, Dario o "Peito de Aço" concordou que o Cruzeiro era uma equipe superior ao time alvinegro. "O Cruzeiro na minha época era quase imbatível, era um time sensacional. Já o Atlético era uma equipe de raça, vontade, que não tinha grande técnica. Quando cheguei o Cruzeiro humilhava em muitas ocasiões o Atlético dentro de campo, com grandes atuações, goleadas, com um futebol incrível", comentou Dadá Maravilha.

Após um período de superioridade celeste, o Atlético recuperou a diferença entre 1976 e 1985, quando obteve em 68 clássicos disputados, 28 vitórias, 25 empates e 15 derrotas. Com a geração de Reinaldo, Cerezo, Paulo Isidoro, Luizinho, João Leite, entre outros, o Galo assumiu as rédeas no futebol mineiro, sagrando-se hexa-campeão estadual, entre 1978 e 1883.

Alexandre Guzanshe/O Tempo/AE
Alexandre Guzanshe/O Tempo/AE
Cruzeiro tem mantido superioridade sobre o rival Atlético-MG nos clássicos deste ano.
JOGADORES FALAM EM EQUILÍBRIO
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"Na década de 80 a gente entrava dentro de campo para enfrentar o Cruzeiro sabendo que ia vencer. Eu saí muito mais vitorioso nos grandes clássicos do que perderdor. Nosso time naquela época era realmente melhor do que o Cruzeiro", revelou Sérgio Araújo, ex-jogador do Atlético na década de 80.

Apesar da superioridade nos confrontos e da moral elevada, o ex-ponta atleticano lembra que o Atlético entrava em campo sempre respeitando o rival celeste e sem perder a motivação. "A gente enfrentava o Cruzeiro preparado, encarava cada clássico como a final de uma Copa do Mundo. A rivalidade era muito grande, sabíamos das dificuldades, mas a gente impunha o nosso ritmo e saímos quase sempre vitoriosos", comentou Sérgio Araújo.

Douglas, que atuou na equipe mineira na década de 80 e 90, salienta as dificuldades de enfrentar o maior rival nos anos 80. "Eles tinham um time forte, era uma grande equipe, e por isso naquela época os clássicos oscilavam muito de vencedor. Mas realmente não era fácil vencer o Atlético, com os grandes jogadores que tinha", disse.

O ex-volante cruzeirense lembra que a equipe celeste entrava em campo motivada a enfrentar o rival de igual para igual. "Joguei muitos Atlético e Cruzeiro e a gente nunca achava que ia perder. Na hora do jogo é sempre um respeitando muito o outro, independente de momento e qualidade. Mas o nosso time lutava sempre para sair vencedor", avaliou Douglas.

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