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15/05/2007 - 08h08

Ex-ponta celeste tem êxito como empresário de futebol

  Se eu não conseguir me tornar agente Fifa, o meu filho vai se tornar. Já estou pensando no futuro dele como agente de futebol. Ele será o meu substituto
Carlinhos Sabiá, ex-jogador do Cruzeiro, que é empresário de jogadores que atuam em Minas e no Rio de Janeiro
Carlos Alberto Isidoro
28/03/1959
Belo Horizonte (MG)

Times
- Cruzeiro (73-85)
- Flamengo (86-87)
- Atlético-PR (87-88)
- Santos (89)
- Atlético-PR (90)
- Paraná (91)
- Palmeiras (92)
- Atlético-PR (93)
- São Caetano (94)

Títulos
- Mineiro (84, pelo Cruzeiro)
- Carioca (86, pelo Flamengo)
- Paranaense (88 e 90, pelo Atlético-PR, e 91 pelo Paraná)


Bernardo Lucas, do Pelé.Net

BELO HORIZONTE - Ao abandonar a carreira de jogador, após sofrer uma grave lesão no joelho direito, na primeira metade da década de 90, Carlos Alberto Isidoro, o Carlinhos Sabiá, ex-ponta-direita que brilhou no Cruzeiro e jogou ainda por Flamengo, Santos, Palmeiras, Atlético-PR e São Caetano, nunca ficou distante do futebol. Diferente de outros ex-atletas, que assumem carreiras à beira do campo, ele trabalha como agente de jogadores de futebol, por intermédio de sua empresa, a Profi Limitada.

A vocação para comandar a carreira de atletas de futebol começou ainda quando Carlinhos Sabiá estava em campo. Ele lembra que percebia a queda para esse ramo pela facilidade que tinha em ajudar companheiros a direcionar suas carreiras. "Já vinha pensando nessa idéia bem antes de encerrar a minha carreira. Mas só resolvi levar a fundo quando eu me aposentei. Como jogador eu ajudava alguns amigos a deslanchar na carreira", revelou.

Apesar da vocação antiga, Carlinhos Sabiá não se tornou empresário imediatamente após abandonar a carreira de jogador de futebol. Antes, ele abriu uma escolinha de futebol, chamada "Pequeno Sabiá", que atendia a jovens jogadores, e que segundo o agente, foi a primeira a ser criada por um ex-jogador em Belo Horizonte.

"A escola de futebol que eu abri, a primeira com o comando de um ex-jogador em Belo Horizonte, foi criada para poder revelar jovens jogadores e assim eu ia poder negociar estes jogadores para outros clubes", comentou o ex-jogador cruzeirense, que não tem mais a escolinha, trabalhando apenas como agente.

Habilidoso, Carlinhos Sabiá, atuava como ponta direita e também no meio-campo. Hoje, por intermédio de sua firma, ele cuida da carreira de alguns jogadores que defendem grandes clubes brasileiros, como o atacante Rafael Moura, ex-Corinthians e que está no Fluminense; Leonardo, também atacante, do Flamengo, e Wagner, zagueiro do Botafogo.

Em Belo Horizonte, cidade onde mora, o empresário trabalha com jovens revelados nas categorias de base do Cruzeiro, como o zagueiro Wellington, que jogou a segunda partida da final do Campeonato Mineiro, vencida por 2 a 0, contra o Atlético, mas que foi insuficiente para garantir a Raposa garantir o título, e o goleiro Elisson.

Aos 48 anos, Carlinhos Sabiá tem a pretensão de se tornar no futuro um agente Fifa, o que considera poderá permitir a ampliação dos seus negócios. "Tenho realmente planos para me tornar um agente Fifa. Isso é muito importante para a minha carreira. Porém, não é fácil conseguir esta ascensão na profissão", revelou.

O ex-jogador celeste sabe que a entidade máxima do futebol mundial é extremamente exigente na aprovação dos agentes. Por isso, ele desenvolveu um "plano B". Caso não consiga a sua aprovação como, espera que o seu filho, Felipe Costa Isidoro, de 19 anos, possa ocupar esse espaço. "Se eu não conseguir me tornar agente Fifa, o meu filho vai se tornar. Já estou pensando no futuro dele como agente de futebol. Ele será o meu substituto", disse.

Carlinhos Sabiá sabe que essa opção é para médio prazo. Felipe, que nunca foi jogador de futebol, está concluindo o Ensino Médio este ano. "Vai demorar um tempo, é coisa para daqui a dois três anos ainda. Para poder tornar-se agente Fifa vai ter de se preparar muito e vai ter de fazer a prova que é obrigatória", comentou.

Novos tempos

O ex-atacante, que não teve a oportunidade de ter um empresário que tomasse conta da sua carreira, considera que atualmente o empresário é fundamental para ajudar a administrar a vida profissional do jogador. "Não tive a oportunidade de ter um agente na minha época de jogador. Hoje, vejo que se eu tivesse tido este procurador para me ajudar e orientar a minha carreira de jogador seria muito melhor", comentou.

Apesar de acreditar que a figura do empresário é importante para qualquer jogador, Carlinhos Sabiá reconhece que existem os bons e os maus profissionais, como em qualquer atividade. Ele admite que por causa dos integrantes da Segunda categoria, a profissão de agente é "marginalizada".

"Sei que existem bons e maus agentes. Com isso, a nossa profissão ficou marginalizada, como se todos que trabalham com isso são aproveitadores, e que querem fazer sempre o mal para os outros jogadores. A culpa disso tudo, é desses agentes que querem tirar proveito da carreira dos seus jogadores", salientou.

Carlinhos Sabiá, que gerencia carreiras de jogadores há quase 10 anos, revela que o segredo de uma boa relação é tratar o jogador como um "verdadeiro amigo". O ex-ponta quer sempre o melhor para o seu "cliente". "Tento ser o melhor para o jogador. Não trabalho nesta profissão para poder tirar proveito deles. O jogador é quase um amigo, tento fazer sempre o melhor para ele", disse.

Os procuradores de jogadores, principalmente no Brasil, são acusados de serem os responsáveis pelo grande êxodo de jovens promessas, que saem do Brasil e vão atuar pelas equipes na Europa. O país é o maior exportador de craques para os times internacionais, muitos deles não chegam nem a atuar pela equipe principal de seu clube.

Carlinhos Sabiá não concorda que a culpa seja dos empresários. Segundo ele, o principal fator que faz com que os jogadores saiam cada vez mais cedo do Brasil, é a falta de capacidade econômica para se competir com o mercado Europeu.

"Não concordo quando as pessoas falam que os agentes que são culpados pela saída de jogadores do país. O futebol Brasileiro não tem como competir com o mercado Europeu. Se eles quiserem vir aqui e tirar o jogador do clube eles conseguem, e o clube não pode fazer nada, pois não tem como brigar com os europeus", revelou.

Além desta desigualdade financeira, outro fator que, segundo Sabiá, faz com que o jogador queira ir jogar na Europa é o sonho de ser contratado por um grande clube lá de fora. "O jogador hoje sonha em poder se transferir para a Europa. Isso é normal, já faz parte da história do futebol. Ou seja, se os clubes não têm como concorrer com o mercado internacional, a culpa não é do empresário", defendeu.

Concorrência

Segundo Carlinhos Sabiá, cresceu muito o número de ex-jogadores que se tornaram agentes de futebol. "Hoje, um grande número de ex-jogadores se tornaram empresários de jogadores. Antigamente quem se aposentava só pensava em ser treinador, auxiliar técnico, hoje está sendo diferente", comentou.

Carlinhos Sabiá explica que não se tornou treinador de futebol, pois não teve uma real oportunidade. "Não tive a oportunidade de ser treinador, e depois que eu parei já tinha uma idéia que eu queria me tornar empresário. Mas tenho certeza que se eu tivesse tido este oportunidade eu seria um grande comandante, pois esta profissão sempre me agradou", disse.

Apesar de acreditar no sucesso como treinador, Carlinhos Sabiá não se arrepende de ter virado agente. "Sou feliz nesta profissão que eu escolhi para mim. Gosto deste trabalho. É muito bom poder tomar conta do futuro de um jovem jogador. Tanto sou feliz nesta profissão, que irei iniciar o meu filho nesta carreira, para poder me suceder no futuro", afirmou.

Jogador, que mesclava a qualidade técnica com a ótima visão de jogo e com bons lançamentos, Carlinhos Sabiá foi um dos ídolos do Atlético Paranaense, na conquista dos títulos de Campeão Paranaense, em 1988 e 1990. Pelo Cruzeiro, onde foi tri-campeão da Taça Minas Gerais e campeão mineiro em 1984. Depois defendeu as cores do Flamengo em 1986 e 1987, onde conquistou o Campeonato Carioca. Teve passagens ainda por Santos, Palmeiras e São Caetano, onde se aposentou, em 1994.

Segundo o ponta, o futebol na época em que ele jogava era muito mais técnico do que hoje. "Na minha época tínhamos em cada equipe quatro, cinco grandes jogadores, que se sobressaiam do resto do time. Hoje não, os times não conseguem ter grandes estrelas, e acabam optando por jogadores mais novos", salientou.

Apesar desta diferença na época e no estilo de jogar, Carlinhos Sabiá ainda se diz fascinado pelo por esse esporte. "Apesar do futebol hoje ser mais raça, força física e menos técnica, ainda é um esporte bonito de se ver. O Brasil ainda é o grande celeiro de craques que era antigamente", comentou.

Para Carlinhos Sabiá, o futebol está desigual. O mercado Europeu leva os grandes jogadores e assim os times do Brasil ficam sempre desfalcados de craques. "A Europa leva os grandes jogadores, e os times do Brasil acabam tendo de repatriar os jogadores que não deram certo lá fora, ou então tem de investir no jovem jogador, o criado na categoria de base do clube", analisou.

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