! Brasil vence a Argentina nos pênaltis e conquista a Copa América - 25/07/2004 - UOL Esporte - Futebol

UOL EsporteUOL Esporte
UOL BUSCA


  25/07/2004 - 19h13
Brasil vence a Argentina nos pênaltis e conquista a Copa América

Daniel Tozzi
Enviado especial do UOL
Em Lima (Peru)

A seleção brasileira gritou aos quatro ventos que iria se divertir em campo na final da Copa América, contra a Argentina. Mas a diversão não resistiu aos carrancudos argentinos.

Divulgação 
Jogadores do Brasil comemoram título da Copa América após vitória sobre a Argentina
Contra Kily Gonzalez, Tévez e Ayala, a solução foi fazer também cara feia. E após um jogo movimentado, mas decidido em uma jogada das mais feias, veio o resultado: vitória suada, nos pênaltis, e mais um título para o futebol brasileiro. A 14ª conquista em dez anos.

E foi justamente em um lance feio, uma confusão dentro da área da Argentina, que garantiu o título ao Brasil. Quando os dois times já se conformavam com a Argentina campeã, aos 48min, Adriano, artilheiro da Copa América com sete gols, empatou o jogo em 2 a 2.

Mais velhos e experientes, os argentinos estavam com seu time principal. Mas nem isso evitou a derrota. Os jovens jogadores do time B do Brasil foram mais calmos que os jogadores "hermanos", vencendo por 4 a 2 nos pênaltis.

EFE 
O capitão Alex levanta a taça da Copa América
Nem mesmo o mistério do técnico argentino, Marcelo Bielsa, ajudou o time a acabar com um jejum de 11 anos sem títulos. Ele colocou em campo um time mais defensivo, marcando forte, e com isso fez a Argentina dominar todo o tempo, mas não teve força para vencer.

O jogo
O suspense de Bielsa terminou cerca de uma hora antes do início da partida. Com os 11 titulares revelados, o Brasil viu a confirmação de que sofreria forte marcação pressão. Com três zagueiros (Ayala, Heinze e Coloccini) e um volante típico (Mascherano, o carrapato de Alex), a Argentina entrou em campo marcando no campo de ataque. Pressionando até mesmo quando a bola estava nas mãos do goleiro Júlio César.

Mas, mesmo com a forte pressão argentina, era o Brasil o time mais faltoso em campo. A Argentina dominava a posse de bola e o Brasil usava as faltas para parar os rivais. Aos oito minutos, a seleção de Parreira já tinha feito seis infrações. A primeira dos "hermanos" foi só aos dez minutos.

O domínio argentino, porém, não se materializava em chances reais de gol. Tanto que foi o Brasil que assustou primeiro. Luís Fabiano lançou Maicon na direita e correu para a área. O lateral driblou Heinze e cruzou, mas o goleiro Abbondanzieri, atento, cortou o cruzamento. A bola ainda voltou para Adriano, que chutou para fora, com perigo.

O primeiro lance real de perigo da Argentina veio dois minutos depois. Kily Gonzalez lançou Rosales, na entrada da área. Livre, ele chutou para fora. O lance mostrou que os argentinos estavam no caminho certo.

A confirmação disso veio aos 19 minutos. Lucio Gonzalez, o sexto elemento da ofensiva argentina, aproveitou o fator surpresa para se infiltrar na defesa brasileira, usando os espaços dados por Maicon.

Tévez lançou o meia nas costas do lateral e o zagueiro Luisão, na cobertura, chegou atrasado e derrubou o argentino. O árbitro Carlos Amarilla não teve dúvidas: pênalti. Kily Gonzalez cobrou no canto esquerdo. Júlio César foi para o direito: 1 a 0 para a Argentina.

Após o gol, a marcação brasileira deu um passo a frente e tentou a pressionar a Argentina. O passo, entretanto, foi melhor para a Argentina. Os "hermanos" passaram a roubar a bola dos brasileiros com muito mais facilidade. O time de "El loco" Bielsa continuava dominando a posse de bola.

Lucio Gonzalez, novamente, voltou a achar espaços na defesa do Brasil aos 27 minutos. Ele dominou a bola na intermediária e seguiu sem marcação até a entrada da área. Chutou no canto esquerdo do gol e Júlio César se esticou e desviou para escanteio.

Dominada, a seleção brasileira teve de se contentar com raros contra-ataques. A primeira oportunidade veio aos 31min, nas costas de Sorín. Kleberson foi até a área e cruzou para Alex, que cabeceou para fora.

Divulgação 
Jogadores do Brasil comemoram título da Copa América
Esses momentos, porém, eram exceções. A Argentina massacrava o Brasil, levando perigo a cada ataque. Aos 38, Tévez fez jogada pela esquerda e, já dentro da área, cruzou para trás. Com Lucio Gonzalez já pronto para finalizar, Júlio César cortou o cruzamento.

O domínio argentino era tão grande que, aos 46 minutos, os "hermanos" já se preparavam para ir ao vestiário em vantagem. Puro engano. Já nos acréscimos, depois de uma falta em Gustavo Nery, o Brasil chegou ao empate. Alex cruzou na cabeça de Luisão, que se recuperou do pênalti e cabeceou, batendo Abbondanzieri.

Na volta do intervalo, o início do segundo tempo foi uma extensão do que acontecia no primeiro. Argentinos pressionando, dominando a posse de bola, e brasileiros recuados, tentando conter o ataque adversário.

Aos cinco minutos, os "hermanos" chegaram muito perto do gol. Lucio Gonzalez cruzou. A bola passou pela pequena área e, sob a observação de todos os zagueiros do Brasil, Tévez completou. A bola, caprichosamente, bateu na trave. Kily Gonzalez, logo atrás, não conseguiu tocar para o gol.

Kleberson, que conseguiu, pelo menos nos primeiros nove minutos, segurar o lateral Sorín na marcação, se machucou. Diego entrou no lugar e pela primeira vez o Brasil teve um jogador de armação sem a marcação de um carrapato no meio-campo. Alex, o cérebro do time de Parreira, teve Mascherano como sua sombra enquanto esteve em campo.

A Argentina, porém, continuou pressionando. Aos 13 minutos, o zagueiro Ayala apareceu livre na pequena área, mas chutou para a lateral. Mascherano pegou o rebote, cruzou. Júlio César cortou, mas Ayala, que tentava chegar na bola, cabeceou a cabeça de Luisão.

EFE 
Luís Fabiano tenta passar por zagueiro argentino durante a final Copa América do Peru, em Lima
A partida ficou parada por cerca de dois minutos, com o zagueiro brasileiro sendo atendido fora de campo. Ele ainda voltou ao campo, mas aos 37 minutos, teve de ser substituído. A lesão foi tão grave que ele foi levado para um hospital assim que foi substuído.

Três minutos depois, os argentinos voltaram a assustar. Zanetti apareceu livre pela direita, mas Gustavo Nery conseguiu cortar a bola. Pouco depois, cansado de correr para tentar se desprender de seu marcador, Alex deixou o campo. Parreira escolheu Felipe para ser o novo armador da equipe.

A Argentina manteve a pressão, mas, apesar de contar com menos jogadores de marcação -Diego não chega nos calcanhares argentinos com a mesma eficiência de Kleberson-, não conseguiu ameaçar o Brasil. Vendo seu time sofrer para armar jogadas, "El loco" Bielsa resolveu usar seu trunfo do banco de reservas: D'Alessandro.

Foi o Brasil, porém, que se aproveitou. Sem a marcação de Lucio Gonzalez, que deu lugar para o queridinho da torcida argentina, a seleção chegou pela primeira vez com perigo no segundo tempo, com chutes de Felipe e Luís Fabiano parando na defesa Argentina.

Os "hermanos", porém, mantiveram o domínio de bola. E, aos 42 minutos, chegaram à vantagem. Em um cruzamento da direita, Sorín ajeitou para Delgado, que entrou no lugar de Rosales no começo do segundo tempo. O atacante aproveitou uma furada do volante Renato, finalizou no lado direito de Júlio César e fez 2 a 1.

Pela segunda vez no jogo, os argentinos já pensavam que a partida estava decidida. Pela segunda vez, se enganaram. Como no primeiro gol, já nos acréscimos, a seleção de Parreira chegou ao empate. Após confusão na área, a bola sobrou para Adriano, artilheiro da competição com sete gols, que colocou para dentro. Pela segunda vez seguida, o Brasil decidiu nos pênaltis.

Pênaltis
O primeiro a cobrar foi D'Alessandro. Júlio César, herói da classificação para a semifinal, voltou a brilhar. O argentino bateu no canto esquerdo e o goleiro foi buscar.

Era a vez de Adriano bater. Com sua perna esquerda, o atacante brasileiro colocou a bola no canto direito de Abbondanzieri, colocando o Brasil na frente.

Divulgação 
O argentino Ayala tenta, sem sucesso, desarmar o atacante Adriano
O zagueiro Heinze foi o próximo a cobrar. Correu com empolgação, mas chutou para cima. Edu, o próximo jogador brasileiro a cobrar, colocou o Brasil na frente, 2 a 0.

Com a responsabilidade, foi a vez de Kily Gonzalez bater. O experiente atacante, porém, não perdeu. O meia Diego foi o próximo. Apesar dos 19 anos, o meia do Santos, foi com tranqüilidade para a marca da cal. Cobrou no canto direito, 3 a 1.

O lateral Sorín foi para o pênalti podendo jogar fora o título. O jogador resolveu não arriscar. Bateu forte no meio do gol. Podendo dar o título para o Brasil, o zagueiro Juan bateu no meio, dando o título ao Brasil.

BRASIL
Júlio César; Maicon, Luisão (Cris), Juan e Gustavo Nery; Renato, Kleberson (Diego) e Edu; Alex (Felipe); Adriano (Adriano) e Luís Fabiano
Técnico: Carlos Alberto Parreira

ARGENTINA
Abbondanzieri; Ayala, Heinze e Coloccini; Zanetti, Mascherano e Sortín; Gonzalez (D'Alessandro); Rosales (Delgado), Tévez e Kily Gonzalez
Técnico: Marcelo Bielsa

Data: 25/07/2004 (domingo)
Local: estádio Nacional, em Lima
Árbitro: Carlos Amarilla (PAR)
Auxiliares: Nelson Cano (PAR) e Freddy Vilty (BOL)
Cartão amarelo: Edu, Luisão, Adriano (B) e Sorin, Mascherano (A)
Gols: Kily Gonzalez, aos 20min, de pênalti; Luisão, aos 45min do primeiro tempo; Delgado, aos 42min; Adriano, aos 48min do segundo tempo.

Veja também


ÚLTIMAS NOTÍCIAS
03/09/2007
Mais Notícias