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Ceni pediu para sair, mas SPFC o convenceu a terminar Brasileiro; time nega

Ceni entregou o cargo mais de uma vez após derrota na Sul-Americana - Ettore Chiereguini/AGIF
Ceni entregou o cargo mais de uma vez após derrota na Sul-Americana Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

11/10/2022 15h00Atualizada em 11/10/2022 19h45

A mudança de tom nas falas do técnico Rogério Ceni após a derrota por 1 a 0 para o Botafogo, no último final de semana, pode ter a ver com a reunião entre comandante e a diretoria do São Paulo no CT da Barra Funda, na semana após a derrota na final da Copa Sul-Americana para o Independiente del Valle, do Equador. Em nota, o clube negou o fato (confira a íntegra ao final do texto).

Conforme o Lance! apurou, Ceni colocou o cargo à disposição, mas foi convencido a permanecer pelo menos até o final do Campeonato Brasileiro.

Conselheiros tricolores receberam com surpresa as respostas de Ceni a mais uma rodada de perguntas da imprensa sobre o seu futuro no clube. Depois de afirmar categoricamente que não permaneceria se o título continental não viesse, o treinador jogou a decisão na mão da diretoria no último domingo (9).

"Aí eu já volto à questão da bilateralidade. Às vezes, você quer ficar, e os outros não querem que você fique; às vezes, os outros querem que você fique, e você não. A cada jogo, nós fazemos uma análise. Quando você ganha, tudo é ótimo. Se você é campeão, então, é perfeito. Quando você perde, o trabalho é ruim. E assim vai. Não é que nós temos um elenco curto; nós temos até um bom elenco e numeroso. São algumas características de jogadores que faltam. Mas acho que, dentro do que nós temos, o time joga. Ele controla a maioria dos jogos e tem as grandes oportunidades", disse Rogério.

Segundo a apuração da reportagem, a mudança de tom passa por pelo menos duas conversas que o treinador teve com dirigentes, uma delas sendo logo no retorno aos treinos do Tricolor após a estadia em Córdoba.

Em ambas, ele pediu as contas. Em ambas, também, foi convencido a tratar sobre o tema somente após o término do Brasileirão.

À reportagem, duas pessoas próximas de Ceni apontam a série de eventos recentes como fundamentais para sua decisão de colocar o cargo à disposição da diretoria antes mesmo do fim do ano. O vazamento dos salários dos jogadores para a principal torcida organizada do clube e o não-pagamento do que é devido de direitos como premiação e direito de imagem são os principais deles. Os fatos desagradaram até mesmo o coordenador de futebol são-paulino, Muricy Ramalho.

"Pretendo cumpri-lo até 2023 [o contrato]. Nada impede que eu saia antes, [porque] existe uma multa bilateral no contrato. O clube pode não querer que eu fique... Quantos treinadores fecham o ano como treinador? Foram três ou quatro que conseguiram começar e terminar o ano. O futebol é dessa maneira. Nós temos que ter times fortes. Se não tivermos opções e times que consigam competir, as pessoas não querem saber do momento, das dívidas. As pessoas querem saber se ganha ou não ganha. Se ganha, é bom. Se não ganha, não serve. Não é uma coisa só minha", falou Ceni. Ele continuou:

"Nós temos que apresentar resultados. Se nós não apresentarmos resultados, não faz sentido continuar, nem para o clube, nem para mim. Neste ano, já não conseguimos mais apresentar resultados, apesar de eu achar que o São Paulo conseguiu chegar longe em várias competições. Mas não conseguiu o principal, que era conquistar um título", disse.

Uma nova rodada de conversas entre Ceni, sua comissão, Muricy e os cartolas tricolores é esperada na reapresentação do grupo após a derrota de domingo na tarde de hoje (11), no CT da Barra Funda. A cobrança é pelo início do rascunho do planejamento para 2023.

Conforme o L! revelou, a gestão Julio Casares tem como objetivo acertar até dois reforços de forma antecipada para ajudar a convencer o treinador a permanecer. Pode não ser suficiente. E se transformaria em um imenso problema, visto que, por enquanto, não há opções para o seu lugar sendo avaliadas.

"No momento, não há planejamento para 2023. O clube atravessa um momento difícil. Acho que até o próprio [diretor de futebol Carlos] Belmonte deu essa declaração, de que vão tentar colocar tudo em dia para os jogadores. No momento, [o clube] não me parece dispor de recursos para contratações para o ano que vem. Pode ser que o cenário mude até o fim do ano. Eu não sei exatamente."

"Com relação ao trabalho com eles, o meu trabalho no dia a dia não muda. Eu não sei, logicamente, como funciona a cabeça de cada um, mas os meninos são bons de trabalho todos os dias. Não tenho reclamações com relação a eles. Estão lá sempre, no horário, trabalhando. Trabalham firme, trabalham pesado. No mundo ideal, as coisas deveriam rodar sempre mais redondo, mas acho que dificuldades que muitos clubes atravessam... Mas eles têm se mostrado sempre interessados e sempre extremamente trabalhadores em todos os treinamentos que nós fazemos", concluiu o treinador Rogério Ceni.

Confira a nota do São Paulo na íntegra

Por meio de sua assessoria, o São Paulo informou ao L! que 'desconhece a informação que Rogério Ceni pediu para sair e que em nenhum momento houve necessidade de a diretoria convencê-lo a permanecer até o fim da temporada.'

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