Xico Sá: 'Deyverson se fingiu de morto para alcançar a glória eterna'
O Deyverson é um fingidor. Finge tão completamente, que chegou a se fazer de morto para alcançar a glória eterna da Libertadores das Américas.
Foi no melhor estilo João Grilo, Chicó ou Pedro Malasartes, anti-heróis picarescos que fingem simplesmente para continuarem vivos, que o oxigenado rapaz do subúrbio carioca roubou a bola do Andreas Pereira. E, fingindo que perderia o gol feito, mandou para os barbantes históricos do Centenário.
Ator de nascença, o melodrama, para o Deyverson, é como comprar um crédito para seguir no jogo. Você aí, entusiasta do dedão "caguete" do VAR, jamais vai entender que o cara deu nó em pingo d'água e matou cachorro a grito em Campo Grande e outros trilhos ferroviários.
Tudo bem que o improvável herói da Pompeia exagerou ao rolar na grama ao ser tocado pelo juiz da peleja. Acontece nas melhores famílias inglesas e nas mais dramáticas peças de Shakespeare.
O Deyverson é um sobrevivente. Muito respeito nessa hora. Resistiu ao apito do trem que denuncia até hoje o refrão do poeta Solano Trindade: "Tem gente com fome, tem gente com fome".
O homem que oxigenou a garra palmeirense na final de Montevidéu sobrevive inclusive às exigências limpinhas do futebol moderno: não pode ser folclórico ou cascudo. Como assim? Viva os Caça-Ratos (as derradeiras glórias do Santa Cruz), os Dadás, os dadaístas do Galo 1971, viva os Gabirus, como o improvável herói do título do Inter em 2006 ? contra o Barcelona, só para tirar uma "buena onda".
O Deyverson é um fingidor. Finge tão completamente que se ouvisse o que falam dele teria desistido desde criança com o barulho do trem nas oiças.
Caro Eduardo Galeano, meu guia nesta crônica de viagem, eu vi o Deyverson conquistando a América. Vamos abrir um novo capítulo no seu livro?
Deyverson fez o gol do título (Foto: EITAN ABRAMOVICH / AFP)
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