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100 dias de Alessandro Barcellos no Internacional: mudanças estruturais e profissionalização

14/04/2021 19h24


A gestão de Alessandro Barcellos completa nesta quarta-feira exatos 100 dias à frente da presidência do Sport Club Internacional, naquela que foi e é considerada uma das eleições mais democráticas do futebol brasileiro - bateu o recorde nacional no número de votantes em pleitos de clubes, quando 29 mil eleitores estiveram presentes nas urnas no dia 4 de janeiro deste ano. O atual mandatário somou 63,25% dos votos dos votos válidos (16.522 votos).

Tão logo assumiu o cargo, Barcellos pregou uma política de austeridade e colocou como meta alguns pilares importantes de crescimento estrutural e institucional, com investimento nas categorias de base, aumento no número de sócios-torcedores, projeto ousado para o departamento de marketing atrás de captação de receitas e mudanças de filosofia no futebol, com a chegada de novos executivos.

Nestes 100 primeiros dias de mandato, já foi possível verificar transformações consideráveis em todos os objetivos citado pelo presidente quando assumiu, deixando claro que o discurso pregado durante a eleição foi e continuará sendo cumprido.

Vale destacar, também, que em razão do atraso no calendário do futebol brasileiro em decorrência da Covid-19, Alessandro Barcellos foi um dos primeiros presidentes da história do clube a assumir o posto com a temporada em andamento - algo que, por questões óbvias, acabou atrapalhando o começo dos trabalhos. De qualquer forma, ao contrário do que acontece na maioria das agremiações do país, o mandatário procurou assumir o bastão de forma serena e realizar uma transição de alto nível com o antigo presidente, Marcelo Medeiros.

Abaixo, enumeramos cinco mudanças importantes - em setores diferentes do clube - que caracterizam profundas mudanças nos rumos estruturais e de profissionalização do Internacional, com uma análise de Alessandro Barcellos em cada uma delas.

. Departamento de Futebol e CAPA

A primeira medida foi naquele que é considerado o carro-chefe de qualquer clube: o futebol. As vindas de Miguel Angel Ramirez e sua comissão técnica não aconteceram por acaso. Eles foram contratados por serem considerados profissionais vitoriosos e atualizados com o mercado. Junto deles, chegou também um executivo específico para o futebol, o diretor Paulo Bracks, responsável direto por ser meio-campo com a diretoria.

'Encontramos no Miguel (Ramirez) aquilo que queríamos para conceito de jogo. Muito se falava de uma forma de atuar reativa já de algum tempo, e em sintonia com a torcida, procuramos mudar essa filosofia com um profissional estudioso e com modelo propositivo de jogo. Obviamente que nem tudo acontece da noite para o dia e é preciso tempo e treinamento. Estamos cientes disso. Para isso, também tentamos montar uma equipe de executivos forte, com profissionais capacitados, que trouxessem respaldo e acima de tudo conhecimento do mercado, que foi o caso do Paulo Bracks e do Gustavo Grossi'.

Outra plataforma de campanha que será bastante explorada durante a atual gestão está no CAPA (Centro de Análise e Prospecção de Atletas), departamento que terá investimentos contínuos em tecnologia e equipamentos de última geração, com ênfase no trabalho de análise de desempenho de jogadores.

'É comprovado que investir em tecnologia pode ser a receita do sucesso, ainda 'mais com excelentes profissionais comandando tudo isso. Vamos buscar esse nível de excelência, pois entendemos que trata-se de algo fundamental para o futuro'.

. Categorias de base e Gustavo Grossi

O futuro do Internacional está nas categorias de base, e não é de hoje. Pensando no aperfeiçoamento, o clube foi buscar ninguém menos que Gustavo Grossi, homem forte do departamento amador do River Plate e reconhecido como um dos melhores do segmento na América do Sul. Além disso, foi criada a gerência de transição entre base e profissional, com a contratação de Julinho Camargo. Os dois, ao lado de Ramirez e Bracks, terão a missão de explorar as pérolas coloradas.

'O Grossi é uma referência em categoria de base na América do Sul e vem de um projeto longo e duradouro. Junto com o departamento de transição, que engloba pessoas da base e profissional, entendemos que podemos colocar o Internacional como um clube 'top' formador de novas jóias. E não queremos privilegiar apenas o ganho econômico com possíveis vendas, mas principalmente o ganho técnico, pois temos vários exemplos e a base pode trazer competitividade e títulos'.

. Reestruturação financeira

Entrar em 2022 com uma redução anual de R$ 55 milhões foi uma das metas estabelecidas para o Colorado 'oxigenar' e conseguir voos mais altos, ainda mais em se tratando de um ano de pandemia, com receitas reduzidas e sem dinheiro oriundo das bilheterias. Giovane Zanardo foi alçado à CEO e comanda essa reestruturação. Apesar de dolorido, o desligamento de 60 profissionais foi uma das medidas encontradas para minimizar esses gastos. Outras ações como renegociação com parceiros e fornecedores estão sendo implementadas.

'Não podemos pensar em reforços se não buscarmos equilíbrio financeiro e redução drástica das dívidas. Era necessário começar do zero em algum momento, mas a razão disso é para ser sustentável lá na frente. Nossa ideia não é ficar dependendo da venda de jogadores para sobreviver como acontece em outras equipes. Podemos até vender, mas com a intenção que esse montante seja revertido para o futebol. Sabemos que essas rupturas às vezes não são populares, mas precisamos seguir um propósito e o torcedor precisa ter paciência para entender o momento e o que virá pela frente'.

. Marketing e Sócio-Torcedor

Ao mesmo tempo em que corta alguns gastos, o clube trabalha diariamente um planejamento que busque novas fontes de receitas, com patrocínios em áreas não exploradas e no programa de sócio-torcedor. A meta de chegar aos 200 mil adimplentes é uma realidade, e para isso, novos profissionais estão sendo contratados para conduzir o departamento de marketing.

'Estamos finalizando alguns novos produtos para que o sócio-torcedor possa estar presente e ajudando o clube de alguma maneira por um valor específico. O fato de não termos público é um fator adverso? Claro, mas precisamos exatamente buscar novas formas de ativação que os façam se sentir inseridos dentro do clube. Mesmo quando o público voltar, precisamos pensar fora da caixa, seja por meio de conteúdos, redes sociais ou experiências que os aproximem dos ídolos. É possível'.

. Governança, Patrocínios e Protagonismo

Mesmo consciente que só fechando 'torneiras' o Internacional será sustentável a médio e longo prazo, a atual gestão também entende que o papel de protagonismo do Sport Club Internacional precisará estar presente. Para isso, apesar do pouco tempo de mandato, as transformações já realizadas no futebol são uma amostra de onde o clube quer chegar. Alessandro Barcellos sempre bate na tecla que isso pode levar tempo, porém, entende que a redução de gastos também pode caminhar lado a lado com investimentos em áreas cruciais da instituição.

'Não resta dúvida que clubes com maior poderio financeiro largam na frente, e nosso objetivo é justamente chegar a esse status. Como? Com governança e profissionalização. Estamos fazendo alguns realinhamentos de colaboradores e contratos, e revendo valores com patrocinadores e fornecedores, mas ao mesmo tempo investindo em capacitação de executivos para alcançarmos a melhor performance, dentro e fora de campo. Fazer isso com profissionalização e governança corporativa é o primeiro passo, e isso estamos executando. Precisamos quebrar alguns paradigmas no futebol e a nossa gestão está ciente que é preciso coesão para alcançar nossos objetivos durante o mandato. Confiamos no projeto'.