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Entenda por que Palmeiras demorou para treinar com menos restrições

13/07/2020 08h00

Apesar de fazer pedidos públicos, inclusive com declarações incisivas do técnico Vanderlei Luxemburgo, por 30 dias de preparação para a volta dos jogos, o Palmeiras passou a ter um treinamento mais similar às partidas somente na terça-feira passada, já na terceira semana seguida de atividades na Academia de Futebol. E a explicação para essa "demora" é simples: minimizar qualquer risco de contágio por coronavírus, mesmo com tantos exames.

Nas duas primeiras semanas de trabalhos no centro de treinamento, incluindo o período em que estavam liberadas só avaliações físicas, o clube realizou oito testes para detectar COVID-19, descobrindo cinco casos entre 30 jogadores do elenco (sendo que três já se reapresentaram curados), todos assintomáticos. Mas a espera por exatamente 14 dias antes da liberação de exercício com contato foi exatamente para evitar surpresas com "falsos negativos".

- Fizemos vários testes e demos duas semanas acompanhando, que é o período de incubação do vírus. Se tivesse um falso negativo, não teria tempo de ir para esse treino. Passado o período de 14 dias, com a convicção de que só terão negativos, dá para aglomerar. Tivemos segurança para evoluir para a terceira fase, de treino com bola em grupo mesmo, possibilitando contato físico - explicou Daniel Gonçalves, coordenador científico do clube, ao LANCE!

Em 23 de junho, depois de duas baterias para detectar coronavírus no elenco, começaram as avaliações físicas no campo. No último dia 1, com a liberação do Governo de São Paulo, ocorreram, enfim, treinamentos com bola, mas apenas atividades técnicas, sem muito contato entre os jogadores. Os trabalhos mais próximos do que era comum antes da pandemia iniciaram na semana passada.

- Pode parecer um contrassenso, mas, pela literatura, mesmo no futebol, com todos treinando juntos, a atividade física ao ar livre tem menos riscos do que no contato físico ou próximo em ambiente sem ventilação, mesmo de máscara e mantendo distanciamento - apontou Daniel Gonçalves.

- Se o contaminado não for identificado em um primeiro momento, é assintomático ou está no início da infecção, com a carga viral ainda baixa. No contato próximo só em ambiente externo, a gotícula de saliva cai no vento, não fica suspensa por três, quatro horas como em um ambiente fechado, como elevador, sem ventilação. Quando o vento bate, a primeira coisa que acontece é a gotícula sair. Por isso, a possibilidade é muito reduzida - continuou.

Apesar da liberação maior em campo, ainda é seguido um rígido protocolo de segurança. Os jogadores continuam com estações individuais de descanso no gramado, chegam e vão embora uniformizados e, antes de irem ao campo, pegam bolsas térmicas com seus materiais, inclusive para nutrição. Cada um vai sozinho em seu veículo e não só são instruídos a fazerem o trajeto entre suas casas e a Academia sem escalas como passam por medição de temperatura corporal e um questionário sobre sintomas no estacionamento.

É obrigatório o uso de máscara quando não estiverem em atividade, assim como ocorre com todos os funcionários, inclusive a comissão técnica durante a orientação dos treinamentos. Há um cuidado a ponto de os preparadores de goleiros jogarem álcool em gel nas bolas antes de as chutarem para defesas, já que os atletas respiram próximos às bolas ao praticarem as intervenções.

Os jogadores só usam seus quartos (que já eram individuais) na concentração nos dias em que estão previstos treinamentos em dois períodos, para que tomem banho no local no intervalo das atividades. Ainda assim, cumprem horário definido para almoço, evitando aglomeração. E apenas 25% da capacidade da sala de musculação é utilizada, mantendo o distanciamento.