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Ex-Vasco, Bernardo projeta retorno ao Brasil: "Amadureci e quero brilhar"

Marcelo Sadio / Site oficial do Vasco
Imagem: Marcelo Sadio / Site oficial do Vasco

04/10/2019 08h30

São dez anos de carreira e um desejo cada vez maior de mostrar ao mundo o potencial do sonho que nasceu em Sorocaba, interior do Estado de São Paulo. Desde que surgiu para o futebol brasileiro no Cruzeiro, Bernardo teve no Vasco seu melhor momento. Oito anos depois, o atacante tem como maior objetivo o reencontro com os gramados do país.

Após defender o Al-Khaleej, da Arábia Saudita, na última temporada, o craque não esconde o desejo de voltar a atuar no Brasil e acredita que o ano de 2020 seja o momento ideal para o reencontro com a boa fase em campo.

"Na minha cabeça o que existe é voltar a jogar aqui no Brasil. Quero pensar só em jogar futebol, tenho muita lenha pra queimar ainda. Amadureci muito e quero brilhar aqui no meu país. Tenho certeza que consigo chegar num patamar muito alto e quero correr atrás do tempo que deixei perdido lá atrás", disse.

Emprestado ao Cruz-Maltino em 2011, Bernardo foi um dos grandes nomes da conquista da Copa do Brasil e visto como a grande promessa da Colina, tendo sido comprado na temporada seguinte. A lua de mel não durou muito tempo e o jogador acabou deixando São Januário em seguida. Mesmo voltando para o clube em 2013, o atacante não conseguiu emplacar novamente a grande fase e admite ter se arrependido da forma como deu adeus ao Gigante da Colina, sua maior vitrine no futebol.

"Pude criar uma identificação muito boa com o Vasco. O torcedor via o quanto me doava pelo clube, o quanto dava o sangue. Tive uns momentos de sair e voltar, que me arrependo muito. Eu poderia ter prolongado meu número de jogos, gols e títulos com a camisa do Vasco. Esse é um dos meus maiores arrependimentos. Eu poderia ter ficado para jogar a Libertadores, quem sabe aquele lance do Diego Souza poderia ter sido comigo (risos). Acho que fui mal instruído na época, pelas pessoas que me representavam, que poderiam ter me falado para acabar tendo uma outra postura mediante a essa relação. É um arrependimento que não tem como voltar, mas ficou de aprendizado", analisou.

Veja a entrevista:

Qual a diferença do Bernardo de hoje com o do promissor momento no Vasco?
Hoje é uma outra etapa da minha vida. Divido minha carreira em três etapas. Em 2011 era um ano diferenciado, onde fiz tudo dentro de campo, deixei uma marca bacana onde estava. Em 2015 foi um momento mais difícil, com um pouco de tristeza até pela forma que saí do Vasco. E pra 2020 eu só espero em começar a escrever uma nova página, um futuro brilhante. Queria muito estar jogando, fico muito orgulhoso de ver como o futebol brasileiro tem a força de parar o país. Sinto falta e tenho certeza que vou conseguir.

O que mais marcou esses dez anos de carreira no futebol?
Fiquei mais conhecido no futebol brasileiro graças ao Vasco, na oportunidade que tive. Foi um começo maravilhoso, o Vasco vinha de um momento muito difícil e deu uma liga muito boa em 2011. Consegui mostrar mais meu futebol, vivi um ano perfeito. Além do Vasco, ter convivido com Neymar, Ganso e cia. no Santos me marcou demais. Ter jogado ao lado de grandes craques e trabalhados com grandes treinadores me fez crescer. Trabalhei com treinadores como Leão, Adilson, Carpegiani, Muricy, pessoas que me ajudaram muito a evoluir como profissional.

Muita gente questiona a postura de Neymar quando começou a se destacar no Santos. Como era atuar ao lado dele?
Eu gosto de falar do Neymar dentro de campo. Ele está a cada dia mais forte. Dentro de campo ele é um monstro, todo mundo sabe. É um cara ambicioso, que quer sempre ganhar, não gostava de perder nem em rachão. Peguei muito disso dele pra mim, de estar buscando sempre vencer. É lutar sempre, batalhar para estar conquistando. Ver o quanto ele conquistou e o quanto ainda vai conquistar é muito fruto disso. Admiro muito ele.

Você considera o fator extra-campo como um prejudicial para a consolidação de um jogador nos gramados?
O Muricy, por exemplo sempre falava que a gente podia fazer o que quisermos fora de campo, mas tínhamos que ter o resultado esperado dentro de campo. Se chegar em campo e jogar futebol ninguém vai interferir na vida pessoal de cada um. Lembro que, às vezes, ficávamos até mais tarde jogando vídeo game, ou até baralho, mas chegávamos em campo e tudo funcionava. As pessoas que trabalham no futebol sabem bem disso. Não é tão radical como muita gente pensa do lado de fora.

Como foi a adaptação ao futebol árabe? Acredita ter sido um ponto positivo na carreira?
É uma cultura totalmente diferente da nossa, que temos que respeitar. É um país muito religioso, muito tradicional. Para mim isso foi muito bacana. É um campeonato diferente e que serve muito de lição pra todo mundo que está lá. Essa minha ida me deixou mais centrado, mais focado na carreira.