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Dudu no auge e lições com Felipão: Galiotte elogia os pilares do Palmeiras

Galiotte quer manter o atacante Dudu "por muitos anos" no Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Galiotte quer manter o atacante Dudu "por muitos anos" no Palmeiras Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

20/11/2018 07h00

Pilares na campanha do líder Palmeiras no Campeonato Brasileiro, Dudu e Luiz Felipe Scolari receberam elogios do presidente do clube, Maurício Galiotte. Depois da indefinição sobre a permanência do atacante, em julho, o dirigente vê o camisa 7 em seu melhor momento com a camisa alviverde, sob o comando de um técnico que tem chamado a atenção pela forma como gere o elenco.

"Falei [em julho] que ele [Dudu] tem ainda muito para dar para o torcedor palmeirense e que conseguiríamos vencer juntos. Está dando certo. Ele está muito feliz. Depois disso, chegou o Felipão, com quem ele tem também uma proximidade muito grande e contribuiu para esse processo. Ele vive hoje, no Palmeiras, muito possivelmente a melhor fase desde que chegou", comemorou Galiotte, em entrevista ao Lance!.

O mandatário foi um dos principais responsáveis por manter o atacante, depois de o Guangzhou Evergrande (CHN) oferecer quase R$ 70 milhões ao Palmeiras, além de um salário de R$ 2 milhões e luvas de R$ 32 milhões ao camisa 7, que balançou bastante. Apesar do seu desejo na época para ser negociado, a diretoria alviverde bateu o pé por sua permanência.

A decisão mostrou-se um acerto, especialmente após a troca do comando técnico. Depois de já trabalhar com o atacante no Grêmio em 2014, Felipão reatou um relacionamento de pai e filho com Dudu, que assim tornou-se peça-chave na campanha de 20 partidas sem perder no Brasileiro.

Próximo de conquistar o Nacional, Galiotte vê o trabalho de Scolari não só com Dudu, mas com o elenco, um diferencial e exemplo na Academia de Futebol.

"Ele tem uma liderança natural, é um vencedor, uniu o grupo, valorizou a todos e sabe explorar muito o potencial de cada um. Tem feito isto com maestria", pontuou, antes de dizer qual o maior legado que o atual técnico pode deixar, além das esperadas taças.

"A estrutura que o Felipão encontrou tem facilitado demais o trabalho da comissão técnica, que agregou conhecimento, experiência, comando. Ele pode deixar muita coisa, além dos títulos, que temos totais condições de vencer nos próximos anos, inclusive o Brasileiro. Mas deixa um exemplo de liderança, de como conduzir um grupo, de como explorar deste grupo, ele fez duas equipes no Palmeiras e todos trabalhando unidos, rendendo. Quem não atuava está jogando e muito bem. É na gestão de pessoas que ele dá uma lição para todos nós", completou.

Nesta primeira parte da entrevista, Maurício Galiotte fala também sobre a reta final do Brasileiro, as reclamações da torcida sobre a compra de ingressos, além das dificuldades para acesso no entorno do Allianz Parque em dias de jogo. Ainda nesta semana será publicada a segunda parte, tratando dos projetos para 2019 e da eleição presidencial, que acontecerá no sábado. Genaro Marino, candidato da oposição, receberá o mesmo espaço.

Confira a entrevista com Maurício Galiotte:

Chegando ao fim do Brasileiro, com o time na liderança, qual a importância de conquistar este título, já que o primeiro ano de sua gestão passou em branco?
Maurício Galiotte: O título é sempre importante, nosso objetivo maior é esse. É a consequência do planejamento, de um trabalho de médio e longo prazo. Obviamente que, como palmeirense, quero muito a conquista. O trabalho de todos os envolvidos, o engajamento do torcedor, a nossa equipe, o potencial que temos para a conquista do título, tudo isto nos deixa muito empolgados para que aconteça. Eu sou de família italiana, tenho filhos no clube, a pressão e a expectativa aumenta ainda mais, porque todos em todos os momentos cobram o título. E queremos encerrar com ele. É a nossa expectativa.

Como recebe as opiniões de que o título brasileiro seria apenas um prêmio de "consolação" ao Palmeiras?
Para você ver o patamar que o Palmeiras atingiu. Quando a gente fala que o Brasileiro é o título que sobrou, estamos falando de um campeonato que é objetivo de todas as equipes. Se pudéssemos ter ganho a Libertadores, é claro que queríamos, mas o Brasileiro é um título que nos deixa muito honrados, caso a gente consiga. Quando a crítica diz isso, mostra que o Palmeiras está estruturado e tem totais condições de conquistas muito maiores.

O sucesso de Felipão neste retorno impressionou a muita gente, ainda mais pela recuperação no Brasileiro, considerando os oito pontos de distância para o líder naquela época. Pegou você também de surpresa?
Sempre acreditei no título, sei do potencial do grupo, mesmo em momentos difíceis. A nossa torcida sempre apoiou, ficou do lado, comprometida e é um fator fundamental. O Felipão, com certeza, foi uma contratação de peso que fizemos, pelo perfil, por ser ganhador, pela identificação com o Palmeiras, por conhecer o clube, pelo histórico. Naquele momento em que pensei em trocar o treinador, eu enxergava uma equipe competitiva, sim, tanto que éramos líderes da Libertadores. Mas eu não enxergava, naquele momento, uma equipe que tivesse a pegada, a cara, o perfil do campeão. Eu achei que a gente precisava de algo mais, de uma liderança que realmente pudesse nos conduzir às decisões, a disputar títulos. O trabalho do Roger foi muito bem feito, mas a gente precisava de algo mais, por isso pensei no Felipão, na história dele aqui, nas conquistas, na liderança, capacidade e potencial. Há uma proximidade grande da instituição e torcida com ele, por isso tomamos a decisão. O Palmeiras, com certeza, está no caminho certo e poderá chegar a muitas conquistas. Esperava do Felipão todo o resultado que ele vem trazendo, porque ele tem este potencial. É um dos melhores, se não for o melhor técnico do Brasil. Para este elenco de tanta qualidade, a gente precisa de um comando também com todo este potencial, com currículo, envergadura e peso. É o que vem ocorrendo. A expectativa com este trabalho é muito grande.

Você tomou uma decisão importante no meio do ano, recusando a oferta pelo Dudu, e ele agora briga para ser o craque do Campeonato Brasileiro. E já tem torcedor pedindo para se fazer o que for preciso para ele não sair no fim do ano. Como você lida com isso?
O Dudu é um grande jogador, sem dúvida nenhuma, desequilibra uma partida, é muito identificado com o nosso torcedor. No início do ano, renovamos o contrato do Dudu, e ele tem contrato conosco agora até o final de 2022. Na metade do ano, ele recebeu uma proposta que, realmente, foi importante em termos de valores. Ele nos procurou, dizendo que seria realmente muito importante para a família, para ele. Eu entendi, compreendi, conversamos muito, e eu disse a ele também da importância que ele tem aqui, para o Palmeiras, para o projeto, e que firmamos um compromisso no início do ano, inclusive prorrogando o tempo de contrato. Ele estava muito preocupado, disse que provavelmente não teria outras oportunidades. Eu falei: 'Dudu, você terá outras oportunidades, você é um atleta de alto nível, tem muito potencial e, com os resultados, a performance esportiva e a forma como você se comporta dentro de campo, com certeza você terá outras propostas'. Depois de tratarmos o assunto, ele, obviamente, tinha aquela expectativa, mas ficou porque tem identificação conosco, tem contrato assinado. Ele me deu um abraço e falou: 'olha, vou fazer o que posso pelo clube e pelo Palmeiras, adoro essa camisa e essa torcida'. Todos estamos muito felizes. A minha expectativa é de que o Dudu fique conosco por muito mais tempo, será muito importante.

O temor do torcedor é exatamente essa constatação de que virá outra proposta para o Dudu...
Os grandes jogadores sempre têm propostas. Sempre. Em todas as janelas, têm propostas para grandes jogadores. O elenco do Palmeiras, hoje, é tomado por grandes jogadores, então existem propostas para todos eles durante as janelas. O nosso objetivo é montar um time para o ano que vem ainda mais forte do que temos neste ano. O nosso objetivo é ter o Palmeiras sempre muito forte, muito competitivo e, para isso, precisamos de grandes jogadores. Tudo que eu puder fazer para segurar grandes jogadores aqui, para o nosso time estar cada vez melhor e mais forte, eu farei. Inclusive, tendo a oportunidade trazer outros jogadores, faremos também. Todo o esforço da diretoria será feito para segurar os grandes talentos conosco.

Como vocês trabalham no dia a dia com o Deyverson, que fez gols importantes e, ao mesmo tempo, traz preocupações?
O Deyverson atravessou momento difíceis no Palmeiras, e hoje vive uma fase diferente, fazendo gols, sendo importante, decisivo em alguns momentos, como contra Corinthians, Grêmio, São Paulo e em diversos jogos com participação fundamental dele. Obviamente, temos tratado e conversado muito com ele, principalmente a comissão técnica, o Felipão e o Alexandre [Mattos], para alguns ajustes em alguns momentos, para não exagerar, manter o equilíbrio e não se prejudicar nem prejudicar a equipe. É uma questão de diálogo, de estar próximo dele, de orientação em algumas situações que, eventualmente, cabe e necessita disso. Particularmente, acho que ele é muito importante para a equipe, tem feito a diferença. É um atleta muito dedicado, que quer muito o título, quer muito ganhar. Para o grupo, tem um papel também muito importante.

Falando do ano que vem, o Ricardo Goulart se trata na Academia de Futebol e é um jogador que o Palmeiras já procurou em outras janelas. De que forma esse tratamento pode aproximar o Goulart para o ano que vem?
O que posso dizer ao torcedor palmeirense é que o Palmeiras será mais forte em 2019 do que é em 2018. No momento, não posso citar nomes, estamos na reta final do Campeonato Brasileiro. Mas o torcedor palmeirense pode ter certeza absoluta de que a equipe, para o ano que vem, será tão forte quanto esta. Aliás, será mais forte. Seremos protagonistas, como fomos neste ano, vamos disputar e ganhar títulos. É isso que o palmeirense quer e é para isso que trabalhamos tanto no clube. Mas sem citar nomes. O Goulart está conosco, fazendo tratamento, mas é uma situação específica.

A torcida tem reclamado muito da dificuldade na compra de ingressos, com o Gol Norte se esgotando em menos de dez minutos, às vezes. Há uma justificativa para esses problemas recentes?
A dificuldade na aquisição de ingressos ocorre nos jogos decisivos, nos principais jogos, nos quais todos querem participar e comprar ingresso. A demanda é estratosférica, muito maior do que a capacidade do estádio. O torcedor que é Avanti - e é por isso que tanto solicitamos a toda a nossa torcida para se tornar sócio Avanti - e mais vem aos jogos tem um rating com prioridade, com possibilidade de compra antes dos demais. Muita gente acaba não conseguindo nos momentos decisivos. É uma questão de o sócio Avanti estar participando e, depois, entre os sócios Avanti, existe a regra de quem vem mais aos jogos ter possibilidade de aquisição de ingressos antes dos demais. É isso que vem ocorrendo. O Palmeiras vem participando de jogos decisivos e importantes, e, obviamente, o torcedor quer participar, estar junto, próximo. Temos uma capacidade limitada no estádio e, por isso, existem tantas solicitações. Mas não houve nenhum problema no funcionamento. 'Ah, esgota muito rápido', mas é porque é online, todos entram imediatamente. Realmente, a venda é muito rápida. Você aperta um botão e já reserva seu ingresso. O torcedor Avanti, que é quem fica com a maioria esmagadora dos ingressos dos jogos decisivos, sabe os horários, acompanha. Isso faz com que, realmente, se esgote muito rapidamente. Às vezes, em três, quatro, cinco minutos temos um setor esgotado. Já fomos, inclusive, entender esse assuntos detalhadamente e é isso mesmo, ocorre exatamente isso porque a demanda é muito grande. As pessoas sabem do horário e como funciona o sistema, e atuam rapidamente.

E em relação ao problema com a Palmeiras Tour, que teve ingressos no Gol Norte?
A Palmeiras Tour é uma empresa licenciada pelo Palmeiras com o seguinte propósito: oferecer serviços ao torcedor de deslocamento, transporte, hotelaria e guia nos dias de jogos, tanto nos jogos fora quanto nos jogos no Allianz Parque. Eles conduzem nosso torcedor daqui para fora, quando somos visitantes, e o inverso é verdadeiro. Tem vários pacotes, alguns com serviço aéreo e hotel, outros só com aéreo ou só com o hotel. O fato que ocorreu é que foram solicitadas ao departamento de marketing novas experiências com o torcedor no Gol Norte e, em alguns jogos, teve essa demanda, durante um período. Com o Gol Norte sendo o mais concorrido e procurado, encerramos essa operação. Não existe mais Gol Norte para a Palmeiras Tour. Isso está encerrado. Quem quiser contratar a Palmeiras Tour para assistir aos jogos, não assistirá mais no Gol Norte. Pode assistir na Central Leste ou, salvo engano, na Superior Leste, mas não será mais contemplado com Gol Norte.

O Palmeiras chegou a ter um número menor de torcedores do que se esperava na semifinal da Copa do Brasil, contra o Cruzeiro, e um dos argumentos foi o preço do ingresso. Há uma política para resolver isso?
O fato é: quando você se torna sócio Avanti, algumas categorias nem pagam ingresso, você tem o ingresso gratuito. Em outras, você tem possibilidade de desconto de 75%, 50%. Muitos torcedores me perguntam sobre preço de ingresso. Mas o sócio-torcedor Ouro, que tem direito à entrada no Gol Norte, por exemplo, paga R$ 119,99 de mensalidade e, quando temos quatro jogos no mês, tem o ingresso a R$ 30, ou a R$ 40 quando temos três jogos no mês. Quer dizer: o ingresso, para quem é sócio-torcedor Avanti, não é de um preço absurdo. Obviamente, para quem não é Avanti e quer comprar o ingresso, principalmente no jogo decisivo e importante, que é quando a demanda é muito maior, esse preço absoluto do ingresso, nessas circunstâncias, pode gerar reclamação do torcedor. Mas, normalmente, não é o que ocorre. Quem é sócio Avanti já tem um preço diferenciado, e quem vem com frequência ao estádio tem a chance de comprar primeiro.

Mas chegou a acontecer de o Palmeiras ter renda alta, mas sem estádio cheio, com 32 mil, 33 mil pessoas. Isso acaba gerando também uma desvantagem esportiva, por não ter o estádio cheio. É algo que foi avaliado?
Avaliamos. O principal problema foi na Central Leste. Detectamos o problema e reduzimos o preço da Central Leste porque a maioria dos ingressos não são Avanti, são ingressos que pertencem ao nosso parceiro. Se não são vendidos, são devolvidos à bilheteria. Já reduzimos o preço absoluto desse ingresso. Pode reparar que, hoje, a Central Leste tem o preço menor do que cobrávamos anteriormente. Os demais lugares do estádio estavam com capacidade bastante satisfatória.

Falando sobre a rua Palestra Itália fechada em dias de jogos, você recebeu recentemente um grupo que defende o fim dessa prática. Foi possível avançar algo nessa questão?
Como torcedor que vem ao Palestra Itália há quase 50 anos, eu gostaria de encontrar a Palestra Itália lotada como antigamente encontrávamos a Turiassu, com bandeiras e aquele mundo de gente. Esse é o meu desejo como torcedor. O que ocorre é o seguinte: a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública nos apresentaram vários relatórios com um número muito grande de ocorrências, principalmente depois da inauguração do Allianz Parque, com roubos de celulares, carteiras. Foi solicitado que tivesse o cerco para que eles pudessem trabalhar melhor e reduzir o número de ocorrências. Aí, é uma questão de competência para a tomada de decisão em relação à segurança do torcedor. Como torcedor, eu gostaria muito. Agora, não tenho a autonomia para poder reivindicar em uma posição passada de que essa é a melhor maneira de se garantir a segurança do torcedor em relação a roubos e algumas situações que são praticadas na frente do estádio em dias de jogos. O clube não pode assumir. Esse é um serviço da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública e da Tropa de Choque. Eu gostaria muito, mas o clube fica limitado a uma decisão maior de quem tem competência para tal.

E em relação ao Corredor Alviverde, aquela recepção ao ônibus que o torcedor não conseguiu fazer no jogo contra o Boca Juniors, pelas semifinais da Libertadores? O Palmeiras não tem o que fazer?
Da mesma maneira. Absolutamente, da mesma maneira. O que o Palmeiras transmite e passa para os órgãos competentes é o desejo do torcedor, o que o torcedor gostaria de fazer, como praticar o Corredor, estar próximo dos atletas. Acabamos não tendo autorização das autoridades e de quem define na questão da segurança.