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São Paulo chuta mais no returno, mas acerta menos; especialistas analisam

25/09/2018 08h00

Uma das razões para a queda de rendimento do líder São Paulo, que tem apenas a 11ª melhor campanha do segundo turno, é a diminuição drástica no número de gols marcados. Foram só cinco em sete jogos na segunda metade da competição, melhor apenas do que Bahia (três gols), Sport (dois gols) e Paraná (dois gols), que brigam contra o rebaixamento. A média é de 0,7 gol/jogo, enquanto no primeiro turno foi de 1,6.

Números do Footstats mostram que a equipe de Diego Aguirre só acerta mais finalizações no returno do que o América-MG. Está empatada com Paraná e Vitória com média de 3,4 chutes certos por jogo. O Atlético-PR, melhor time nesse fundamento no período, tem média de 6,4 por jogo.

Curiosamente, o Tricolor tem finalizado mais no segundo turno. A média é de 12 chutes por jogo contra 10,4 na primeira metade. Na derrota por 1 a 0 para o Atlético-MG, por exemplo, foram 21 tentativas, recorde do time no torneio. O problema é que o número de finalizações no gol caiu: eram 4,3 por jogo, agora são 3,4.

Na vitória por 1 a 0 sobre o Bahia, por exemplo, o São Paulo só acertou uma das dez finalizações que arriscou. No 0 a 0 contra o Santos, foram duas no alvo e três erradas. No sábado, no 1 a 1 com o América-MG, foram quatro certas em 13 tentativas.

A ausência de Everton, que ficou fora dos jogos contra Fluminense, Atlético-MG, Bahia e América-MG, além de ter sido saído machucado durante as partidas contra Ceará e Santos, obviamente pesa. Mas especialistas ouvidos pelo LANCE! acreditam que este não é o único problema.

- O ataque do São Paulo vinha funcionando. O São Paulo joga muito no erro do adversário, e claro que os adversários começaram a deixar o time se expor um pouco mais, sair mais para o jogo. O São Paulo tem um bom elenco, mas especialmente os atacantes de lado de campo não vêm tendo reservas à altura. Com a ausência do Everton e do Rojas, que foi o caso do fim de semana, o São Paulo trabalhou muito pouco pelo lado e o América fechou muito bem o meio. Acho que tem um outro ponto que tem de ser considerado: o segundo turno é desespero, a turma debaixo percebe que precisa somar mais pontos. Historicamente é mais complicado, desde sempre os times de cima perdem mais pontos no segundo turno. O Corinthians no ano passado passou por isso - opina Mário Marra, comentarista da Rádio Globo e dos canais ESPN.

- Quando Aguirre chegou, a prioridade era bem clara: recuperar a consistência de um time pouco confiável defensivamente e psicologicamente instável. Esta etapa foi concluída. Com ele, intensidade é inegociável. Foi assim que o São Paulo recuperou a solidez atrás e, com bolas recuperadas muitas vezes no campo ofensivo, passou a ter rápidas transições para matar os adversários. Gols cedo, muita velocidade pelos lados, controle do jogo... Mas era preciso evoluir, continuar melhorando o processo ofensivo, ter um maior repertório com bola. Principalmente porque quanto mais em evidência o trabalho fica, mais estratégias aparecem para neutralizá-lo. Os adversários mais fechados, difíceis de serem furados em qualquer contexto, também encaixaram melhor seu jogo. Não é o momento de abrir mão das convicções que fizeram o time chegar onde chegou, mas de incrementar o trabalho com posse. As semanas cheias estão aí para isso. É um momento de ajustes e retomada de confiança - emenda Renato Rodrigues, jornalista do Data ESPN.

Everton ainda é dúvida para o jogo de domingo, contra o Botafogo, no Nilton Santos. Rojas, por outro lado, voltará após cumprir suspensão e será reforço no setor ofensivo. O São Paulo tem 51 pontos e segue liderando o Brasileirão, mas o Palmeiras somou sete pontos a mais no returno e já está na cola, com 50, empatado com o Inter. Todos no clube sabem que não há mais margem para erro.

- Estamos tendo uma dificuldade maior, é evidente. Contra o Santos e contra o América-MG poderíamos ter uma postura mais ofensiva. Contra o América, jogando em casa, era para buscar o segundo gol. Acabou ficando um gosto de derrota. O campeonato é equilibrado e difícil para todos que estão na briga. Esse é o Campeonato Brasileiro. É ter cabeça boa, mas não aceitar certas situações e admitir que estamos com dificuldades. Não acredito que os desfalques sejam ponto chave para essa caída, por mais que sejam jogadores importantes - opinou Nenê, o camisa 10 da equipe.