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Os causos do 'Amapazão': estadual começa com cinco times, um estádio e desistência de clube sem atletas

26/03/2018 07h55

Enquanto os principais estaduais pelo Brasil estão em fase de decisões, o Campeonato Amapaense tem início somente nesta segunda-feira. Mas já traz um forte obstáculo aos clubes. A transferência da data da competição, tradicionalmente marcada para a segunda metade do ano, para o primeiro semestre gerou controvérsias e dores de cabeça ao futebol local.

- É claro, tivemos alguns problemas neste ano por este ajuste. Um clube abriu mão perto de começar a competição, e tivemos de acatar. Mas, apesar disto, nossa expectativa é constituir um futebol forte, ainda mais em ano no qual temos o Santos e o Macapá na Série D. Nós tínhamos muitos problemas por sermos o último estado a decidir o Estadual - declarou o vice-presidente da Federação Amapaense de Futebol (FAF), Paulo Rodrigues, ao LANCE!.

O "Amapazão" manterá seu formato de dois meses de duração (com realização de primeira fase, semifinais e final), e a limitação de todas as suas partidas serem disputadas no Estádio Zerão, em Macapá. Mas a antecipação no calendário vem dando o que falar antes mesmo de a bola rolar.

DESISTÊNCIA E IMPROVISOS

A mudança mais significativa foi oficializada ao fim da última semana: o Independente, cinco vezes campeão estadual, confirmou sua desistência da competição. O presidente Carlos Matias detalhou os motivos da atitude drástica do Carcará:

- A posse da nossa diretoria aconteceu há poucos dias. Às vésperas do Estadual começar, pegamos um clube que estava parado, sem jogador nenhum. Seria muito difícil a corrida contra um tempo para formarmos um elenco. Em função disto, confirmamos nossa saída.

Sem o clube de Santana (cidade localizada na Região Metropolitana de Macapá), que estrearia no dia 31, restam cinco participantes na briga pelo título. Entretanto, alguns deles ainda recorrem a improvisos e tentam regularizar atletas para lidar com o remanejamento da data da competição.

A poucos dias da estreia contra o favorito Santos, o São Paulo ainda lutava para regularizar jogadores. O receio é de que, logo em sua estreia nesta segunda-feira, a equipe sofra uma derrota por WO.

- A gente está remontando nosso time, devido a algumas negociações que fizemos. Além de jogadores da base, estamos em uma correria para trazer jogadores, regularizar e podermos contar com um elenco para já encarar o Santos na estreia. Quanto aos atletas que emprestamos, esperamos contar com eles na reta final do Amapaense - afirmou o presidente Adenos Lima.

Já no Trem (com cinco títulos no currículo), a presidente Socorro Marinho revelou que recorrerá a uma solução caseira:

- Vamos utilizar basicamente nossa equipe sub-20. Esta é uma forma do Trem fazer uma contenção de despesas, pois não encontramos empresários ou patrocinadores que quisessem investir no clube. Tem sido muito difícil encontrar apoio para disputar o Estadual.

O vice-presidente da FAF, Paulo Rodrigues, avaliou as reclamações dos clubes:

- Estamos acompanhando de perto estes problemas. Sabemos que tem sido difícil para acertar questões contratuais e de carteira assinada. Mas vamos tentar este novo salto na competição.

SANTOS, DE NOVO, FAVORITO

O Santos não se esconde do posto de time a ser batido no Campeonato Amapaense. Em atividade desde o início do ano, o clube já foi o representante do estado na Copa do Brasil e na Copa Verde e se prepara para, novamente, disputar a Série D. Mas também tenta seu hexacampeonato consecutivo (e sétimo título na história).

O dirigente William Mattos apontou ao LANCE! que a estrutura faz o clube almejar uma nova conquista:

- O Santos está mais do que pronto, é o único que já está desde janeiro em atividade. Pela estrutura que conseguimos montar, e uma organização com profissionalismo, soa como inadmissível não conquistarmos o título amapaense.

Aos seus olhos, a mudança de datas no Estadual ainda não é suficiente para dar novos rumos à competição:

- Neste mês, estão acabando quase todos os estaduais no Brasil! O ideal seria que a competição ocorresse a partir do fim de janeiro ou início de fevereiro, como costuma ser em outros estados. Esta estrutura faz com que vários clubes daqui peguem refugos de outros estados, e, com isto, não haja uma profissionalização completa no Amapá.

O Macapá voltará à "fórmula" que o conduziu à decisão na edição de 2017. Além do investimento na base, a confiança recai sobre atletas que vieram de longe:

- Estamos montando o time com muitos jogadores vindos do futebol paraense e também atletas do nosso sub-20. Nossa expectativa é de que a gente vá bem no Amapaense e chegue com força para jogar a Série D - declarou o vice-presidente do clube, Edielson Costa.

A aposta em quem veio de fora também é a arma para o Ypiranga quebrar um jejum que já chega a 14 anos. O dirigente desportivo Cláudio Vogado garantiu que a briga do Negro-Anil será pelo seu nono título:

- Contratamos alguns jogadores do futebol paraense, outros vieram do Acre, e já estamos treinando há mais de 20 dias. Com esta mudança no calendário, temos condições de entrarmos bem mais entrosados.

SAN-SÃO DO NORTE

Campeão do ano passado, o Santos abre a competição em um embate que surge como inusitado pelo país afora: diante do São Paulo, às 20h30. Mas, à exceção de ser "xará" do clássico paulista, não há tanta mística em torno do San-São do Norte.

- Aqui no Santos, o São Paulo nunca foi visto com este ar de rival. E agora, para este jogo, sabemos que somos favoritos, por esta dificuldade deles para montar o elenco - disse o dirigente do Peixe da Amazônia, William Mattos.

Adenos Lima reconhece que o favoritismo é santista no embate. O mandatário do Tricolor da Zona Norte afirmou:

- Com esta montagem às pressas, o São Paulo vai como franco-atirador no confronto, enquanto o Santos está com o time organizado.

Aos trancos e barrancos e com cinco clubes, o futebol amapaense tenta encontrar sua rota mais uma vez. A partir desta segunda, dia 25 de março. O posto de último estadual a começar, agora, é do Tocantins (dia 31).