Sem saída forçada, São Paulo atinge Cueva "onde dói" à espera de reação
É comum no futebol a impressão de que, quando o jogador quer deixar o clube, força e consegue a saída. Mas os planos de Raí em relação a Cueva são exatamente o contrário. Por confiar no futebol do peruano, e para não mostrar fraqueza diante do elenco, o diretor executivo de futebol do São Paulo não pretende aceitar qualquer proposta pelo camisa 10 e ainda o pune da forma mais doída: impedindo de jogar em semestre anterior à Copa do Mundo.
Essa espécie de queda de braço é a esperança do ex-meia em ver o jogador que herdou o seu número render. Está clara para a diretoria e até para os representantes de Cueva que a ideia é negociá-lo após o Mundial na Rússia, quando há a expectativa de valorização. Até lá, Raí tentará fazê-lo render sem perder a confiança do grupo. Ele só voltará a ser relacionado quando o dirigente detectar comprometimento.
A medida é a segunda adotada pelo diretor em relação ao jogador. Raí percebeu que Cueva não sente a punição financeira, pois a multa que recebeu pela volta das férias com seis dias de atraso não surtiu efeito em seu comportamento - em novembro, ele já tinha perdido parte do salário por ter retornado da seleção após o período combinado. Por isso, a estratégia de deixá-lo fora das partidas é uma maneira de fazê-lo sentir as consequências.
O peruano já deixou claro em entrevista na semana passada que precisa jogar para ir à Copa do Mundo. E causou sua última indisposição no clube ao se negar a ir para Mirassol, na quarta-feira passada, para ser reserva. Diante da atitude, Raí decidiu atingi-lo diretamente, e o peruano ficou fora dos dois últimos jogos e também não viajará com o elenco para enfrentar o Madureira, nesta quarta-feira, em Londrina (PR), pela Copa do Brasil.
O diretor tem cuidado do caso Cueva pessoalmente. O técnico Dorival Júnior apenas acatou o veto aos jogos e também quase não falou com o atleta a respeito da volta das férias com atraso. É em uma política de conversa franca e controle disciplinar que Raí se baseia, e o camisa 10 acabou sendo o primeiro episódio que se tornou público, como uma vitrine para a forma de trabalhar do ex-meia no Tricolor.
A irritação de Cueva com a recusa de uma proposta do Al-Hilal, da Arábia Saudita, na semana passada, não surtiu efeito. Mesmo os representantes do jogador sabem que não é a melhor hora para uma negociação, e a expectativa de todos ao redor do jogador é de que ele entenda a situação para render ainda neste semestre. Até o técnico da seleção peruana, Ricardo Gareca, virá ao Brasil para alertá-lo. A sensação é de que só falta o camisa 10 perceber definitivamente como solucionar seus problemas.
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