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Julio Brant ataca Campello: 'O que ele mais queria era cargo'

28/01/2018 17h51

Candidato derrotado na parte decisiva da eleição presidencial do Vasco no Conselho Deliberativo, Julio Brant se pronunciou neste domingo. O membro da oposição atacou o atual presidente cruz-maltino, Alexandre Campello, seu ex-aliado, rebatendo acusações feitas pelo dirigente vencedor do pleito. Brant afirmou que Campello deixou o acordo que tinha com sua chapa por querer muitos cargos.

- - Campello falou na entrevista dele e tem repetido diversas vezes que nunca quis cargos, mas isso não é verdade. Tivemos várias vezes discussões duras sobre cargos. Queriam a metade do clube, apesar de ser quarto lugar na eleição. Entregamos metade do conselho para eles, entregamos metade das pastas para eles. Campello queria acumular vice-presidência, vice de futebol, vice médico... o que ele mais queria era cargo. Nosso embate foi em função disso, várias vezes. Não venha com história, o vascaíno não vai ser enganado. Nós vamos falar a verdade sempre - afirmou Brant.

Julio Brant garantiu que fará uma oposição no Conselho na busca de eleição direta, o que no estatuto do Vasco atualmente não é permitido - a regra hoje é o de os sócios elegerem chapas, que indicam conselheiros e um total de 300 conselheiros (150 eleitos e 150 natos) que elegem o presidente.

- Nosso trabalho no Conselho vai ser de fiscalização, de monitoramento de cada passo feito por essa administração para a gente garantir que as promessas de campanha serão cumpridas. Vamos lutar, principalmente, por diretas já. Chegou a hora do voto do sócio valer de verdade e não ser um grande teatro. Porque tem que valer a pena se associar ao Vasco e ter o direito ao voto. Para quando você chegar naquela urna em São Januário, você ter certeza de que o projeto que você apoia e quer no clube, vai ser vencedor. Nós vamos lutar no Conselho por diretas já - finalizou.

> Confira a seguir outros temas abordados por Julio Brant:

ESCLARECIMENTO

"A ideia é responder o que foi dito pelo Campello nas suas entrevistas e coletivas de imprensa, dar a nossa versão sobre o que aconteceu na campanha. Daqui para frente vamos cobrar, sim, uma postura correta, o cumprimento das promessas de campanha. Temos um grupo forte no Conselho e que vai ser muito atuante. Chegou o momento de apoiar o clube, virar a página da política e de torcer pelo Vasco. Precisamos dar mais tranquilidade para os jogadores e funcionários, para quie eles possam trabalhar com tranquilidade e poder fazer a virada que o nosso clube deseja"

URNA 7

"Campello, você foi eleito com o trabalho duro de muitos advogados renomados. Foi um trabalho coordenado entre a minha equipe jurídica e a do Horta. Das reuniões realizadas, você e sua equipe nunca participaram. Foram elas que anularam a urna 7. Foi esse trabalho que permitiu que você fosse presidente do Vasco hoje. Trabalho feito arduamente por muitos advogados que trabalharam duro, que colocaram seu nome, que foram lutar por uma causa: a mudança na gestão do Vasco. É mais um grupo que você frustrou, reforçando e fortalecendo Eurico Miranda dentro do clube"

ESTELIONATO ELEITORAL

"Não pense que você me traiu. A indignação das ruas prova isso. Você não me traiu. Mas traiu os milhões de vascaínos que estavam em São Januário e foram representados pelos quase dois mil votos que tivemos, que elegeram 120 conselheiros para votar nessa mudança. Essa foi a mudança legítima. Então, as ameaças que você diz receber, não tem nada a ver comigo. Tem a ver com o que você fez. Com a traição que você fez, não a mim, mas a milhões de vascaínos nas ruas. Esses, sim estão indignados com a sua postura, com o seu caráter.

O estelionato eleitoral que você cometeu é o que está gerando essa onda de raiva e negatividade contra você. Assuma as consequências do seu ato. Seja homem. Não jogue as responsabilidades em cima dos outros. Não tenho nada a ver com isso, sempre repudiei violência. Nós nunca estimulamos violência e eu sempre repudiei. Aliás, gravei um vídeo no mesmo dia que você alegou ter sido ameaçado repudiando a violência. Só que as pessoas tem sentimentos. Ninguém gosta de ser traído. Agora, assuma a responsabilidade disso"

CAMPELLO, O CANDIDATO DO EURICO

"A grande insatisfação e a grande indignação do vascaíno, hoje, foi o fato de você ter criticado Eurico Miranda a campanha inteira, dizendo que ia tirá-lo e, no apagar das luzes, fazer uma união com ele para levar a presidência. O que você fez na Lagoa, em vez de tirar o Eurico, foi fazer ele um cara mais forte ainda. Sabe por quê? Porque hoje, o presidente do Vasco é do Eurico. Foi ele que fez. Foi com os votos do Eurico que você se elegeu. Isso tem um preço. Você sabe disso e todo mundo sabe disso.

A indignação e a tristeza vêm disso. Vêm de termos passado - eu e você - uma campanha inteira dizendo que iríamos tirar o Eurico do Vasco e, no último jogo, ver o Eurico na sala da presidência assistindo ao jogo não sendo mais presidente. É, sinceramente, uma tristeza. É o enfraquecimento da nossa visão de modernizar o clube e o fortalecimento da tradicional política do clube, que tem nos levado ao buraco que chegamos até agora"

CAMPELLO EM CAMPANHA

"A vaidade foi um problema constante. Enquanto eu estava nos EUA e na Europa buscando investidores e patrocinadores, tentando estruturar um projeto grande para o clube, eles estavam aqui fazendo campanha, gravando vídeo. Eu falei reiteradas vezes que a campanha acabou, mas para eles a campanha nunca tinha acabado e hoje a gente sabe o porquê. Mas a campanha continuou. Enquanto eu esperava que o meu vice estivesse aqui trabalhando, estruturando projeto, juntando a equipe, formando um time de trabalho, efetivamente, isso não estava acontecendo.

Estava sendo gestado um grande projeto, sim, de traição. Então, nós estávamos trabalhando, sim. Eu estava fora do Brasil, sim, buscando parceiros, e eles estavam aqui vazando cada uma das informações sobre os nossos projetos. É só ver as colunas de jornais daquela época. Várias informações sigilosas que eram tratadas por um grupo muito pequeno e que eram vazadas o tempo inteiro"

EXECUTIVOS PARA O FUTEBOL

"Você falou de uma reunião com Felipe que Fulano e Beltrano atrasaram... Nessa reunião, Felipe deixou claro para você que trabalharia com qualquer diretor. Que ele não iria indicar diretor nenhum. Que você poderia indicar o diretor, sem problema nenhum. Felipe falou isso várias vezes. O que você diz, de que já tínhamos diretor de futebol fechado, não é verdade. Nós fizemos o dever de casa que vocês não fizeram. Enquanto vocês estavam preparando o golpe, nós estávamos trabalhando, claro. Tem um clube para gerir ali na frente. Nós temos responsabilidade. Estávamos trabalhando, mas ninguém definiu nada. Não tinha nada definido.

Felipe, reiteradas vezes, inclusive nessa reunião do dia 8 (que eu não estava porque estava na Europa), disse várias vezes - e temos testemunhas disso -, que abriria mão para você escolher o diretor. Disse que trabalharia com qualquer diretor de futebol, qualquer executivo. Ele falou, inclusive, na minha frente no jantar que tivemos no restaurante do Jockey Clube. Lembra? Ele falou para mim e para você naquela noite. A história de que já tinha decidido é mentira. Não é verdade. E nós vamos rebater cada inverdade que você disser sobre isso"

CAMPELLO E A COLETIVA

"Ele disse que não foi chamado para a coletiva de imprensa que dei. Não só ele foi chamado, como a ideia partiu dele. Ele pediu para fazermos uma nota e nós discutimos se era melhor isso ou uma coletiva de imprensa. Mandei mensagem várias vezes e até o endereço do local. Na última hora ele disse que não poderia ir porque estava no trânsito. Essa história de que não foi chamado para a coletiva de imprensa não é verdade. Ele não só foi chamado como participou da decisão de fazer a coletiva. E desistiu de ir para a coletiva de imprensa em cima da hora. Hoje a gente sabe o porquê"

CAMPELLO FOI AO ESCRITÓRIO DE JULIO BRANT

"Mais uma mentira sua dizer que não sabe onde eu trabalho. Você disse na coletiva que não sabe onde eu trabalho. Aquela reunião em que vocês mentiram para a gente dizendo que estavam saindo da parte executiva do clube, mas manteriam o acordo político - a menos de uma semana da eleição. Vocês foram no meu escritório, na empresa que eu trabalho, na sala do Conselho ter essa reunião. Então, você dizer que não sabe onde eu trabalho é mais uma mentira.

Nesse dia, nessa reunião, vocês foram lá dizer que iriam sair da parte executiva e que não queriam cargo, mas que o nosso acordo político estava mantido. Menos de uma semana depois, vocês traíram a palavra que deram uma semana antes. E essa palavra dada, Campello, foi dada na minha empresa e que você sabia muito bem. Era o meu escritório, o lugar que eu trabalho. Você foi lá para essa reunião. Como é que diz agora que não sabe bem o que eu faço e onde trabalho? Menos, menos"

CALÇADA E A HONRA

"Campello, você falou que eu fiz uma covardia, uma maldade com o Calçada. Isso é uma piada. Você falou que eu não tinha os beneméritos, que maltratei os velhinhos. Isso é uma piada. Nós não perdemos para a tradição. Nós perdemos para a traição. Sabe por quê? Porque o senhor Antonio Soares Calçada, aos 94 anos, veio para a minha chapa para manter a tradição. Ele estava ali representando os mais tradicionais beneméritos e grandes-beneméritos do clube.

Calçada é o único presidente de honra do Vasco da Gama. Ele veio como vice da minha chapa para evitar a desonra que você causou ao clube, quebrando uma tradição de 120 anos. Não se esconda atrás dos beneméritos e dos grandes-beneméritos. Assuma a responsabilidade do que fez. Você traiu. Os beneméritos estavam representados pelo Calçada. Ele estava lá, aos 94 anos, preocupado com a tradição do clube e quis dar um sinal claro de que a tradição estava com a gente"