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Aloísio atinge marca: 'Cheguei aqui sem saber o que poderia acontecer'

29/10/2017 08h25

Aloísio trocou o São Paulo pelo Shandong Luneng, em 2014, e foi um dos primeiros brasileiros a se aventurar no futebol chinês antes do boom de grandes jogadores que deram mais visibilidade à Super Liga.

'Sem saber o que encontraria na China', Aloísio completou no último dia 14 de outubro 100 partidas no país, uma marca expressiva que rendeu homenagens no Hebei Fortune, seu atual clube.

Em entrevista ao LANCE!, o Boi Bandido fala sobre o feito alcançado na China e aborda as mudanças que presenciou nestes quatro anos no país.

No dia 14 de outubro, você completou 100 jogos no futebol chinês. Quando deixou o São Paulo para acertar com o Shandong Luneng, em 2014, esperava atingir essa marca? O que ela representa para você?

Sinceramente, não. Saí do São Paulo em um ótimo momento, sem saber o que encontraria na China, até porque fui um dos primeiros a chegar aqui. O tempo passou voando e já estou na minha quarta temporada. No começo, confesso que não foi fácil, mas agora estou adaptado, feliz e sou muito bem tratado aonde vou. Espero permanecer por aqui mais alguns anos.

Você recebeu uma homenagem após a partida contra o Jiangsu Suning, na qual o Hebei Fortune ganhou e com um gol seu. O que passou pela sua cabeça no momento? Esperava esse reconhecimento?

Muita coisa. Só quem joga e mora na China sabe como o dia a dia é diferente. Você precisa abrir mão de muita coisa, ficar longe da família, dos amigos, de vários passatempos que você gosta. Então, esses momentos de reconhecimento são ótimos e servem para eu ver que o esforço está valendo à pena.

Quais foram as principais dificuldades nestes quase quatro anos na China? Em algum momento você sentiu vontade de desistir desse projeto e deixar o futebol asiático?

No começo é mais difícil, pois tudo é novo. Você chega e encontra um país completamente diferente, com um idioma bem difícil, uma cultura totalmente distinta da nossa. No dia a dia, você não sabe o que fazer, aonde ir. Não é fácil, mas, aos poucos, você acaba se acostumando. Os chineses sempre me trataram muito bem e isso ajudou demais. Hoje, posso dizer que estou adaptado e feliz.

O Hebei está em terceiro na Super Liga, perto da vaga na Liga dos Campeões da Ásia. Quais são os pontos fortes da equipe? Qual era a meta do time para esta temporada?

Ano passado nós fizemos uma temporada abaixo do esperado e nossa meta em 2017 era brigar por uma vaga na Liga dos Campeões. Acho que o nosso ponto forte é que treinamos com bastante dedicação e todo o elenco comprou a ideia do Manuel Pellegrini, que é um excelente treinador. O nível da liga neste ano está muito alto e nós estamos conseguindo permanecer nas primeiras posições durante todo o campeonato. Faltam poucas rodadas e precisamos seguir com o mesmo foco pra conseguir alcançar o nosso objetivo.

Você atuou no Shandong Luneng antes de chegar ao Hebei Fortune. Como foi a sua saída da equipe? Houve algum problema para que você trocasse de clube? A chegada de novos jogadores diminuiu o seu espaço?

Não houve nenhum problema. Sempre fui muito bem tratado no Shandong Luneng, tanto pelos diretores como pela torcida. Saí pela porta da frente e até hoje as pessoas da cidade me tratam com muito carinho. O que aconteceu foi que o Hebei Fortune fez uma proposta muito boa, tanto para mim quanto para o clube, e nós resolvemos aceitar. O projeto esportivo que me mostraram era muito interessante e não é por acaso que estamos brigando por uma vaga na Liga dos Campeões.

Você chegou em 2014 e viu o boom de grandes jogadores, muitos deles da Europa, chegarem na China, com salários astronômicos. Houve, de fato, alguma mudança após esses craques desembarcarem no futebol asiático?

A chegada desses jogadores de alto nível tem ajudado bastante na evolução do futebol chinês. A torcida comparece mais aos estádios, as pessoas se interessam mais pelo esporte, esses grandes nomes atraem grandes empresas e os jogadores chineses também aprendem muito no dia a dia. Eles são bem dedicados e essa convivência com atletas de qualidade facilita na melhora esportiva de cada um.

O que mudou em relação à estrutura da Super Liga Chinesa e da formação de jogadores?

Os chineses são muito organizados, focados e trabalhadores. O projeto esportivo está sendo muito bem feito e o objetivo deles é ser uma potência no futebol daqui a alguns anos. Não sei dizer em quanto tempo, mas o que posso afirmar é que, desde que eu cheguei aqui, o nível melhorou demais e os jogadores chineses estão evoluindo a cada temporada.