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Polêmico árbitro dos anos 80 pode ganhar um documentário

26/10/2017 15h46

Luiz Carlos Gonçalves era conhecido pelo estilo de vida extravagante por colegas de apito e profissionais da imprensa. Amante da boêmia, não era raro vê-lo tomando umas e outras antes e depois de jogos importantes na década de 1970 e 1980. Vascaíno fervoroso, mas acusado regularmente de beneficiar o Flamengo. Correspondente fake de Olimpíada e mais conhecido pela atípica cabeleira. Não por acaso, ficou popularmente conhecido como Cabelada e agora é tema do projeto de filme documentário: "Todo juiz é ladrão, Cabelada não".

- As histórias do futebol são contadas e recontadas à exaustão, mas geralmente giram em torno de jogadores, técnicos e clubes. Os árbitros são relegados ao ódio ou ao esquecimento. Cabelada é um personagem interessantíssimo e divertido de um futebol que não existe mais. Meu objetivo é mostrar a história dele com depoimentos de dirigentes da época, jogadores, jornalistas. Cabelada é uma figura folclórica e de uma época em que os personagens do futebol eram bem menos comportados que os de hoje. Histórias divertidas e engraçadas não irão faltar - afirmou Leandro Araujo, diretor do projeto.

Em certa ocasião, após um jogo do Flamengo, o jornalista João Saldanha escreveu em sua coluna no jornal que "Uns repórteres iam para o vestiário ouvir o Flamengo dizer 'Graças a Deus vencemos'. Deus agora se chama Cabelada". Já Eurico Miranda bradou: "Que vascaíno é esse que só ferra a gente".

Engraçado e fanfarrão, Cabelada, ao ser perguntado sobre o tema, admite que em lances de dúvida, olhava para a arquibancada em busca do lado mais cheio e decidia. O objetivo dele com isso era deixar o povo feliz.

Se como árbitro estampou as páginas dos jornais de maior circulação do Rio de Janeiro, em Búzios tornou-se personagem das páginas e das capas do irreverente e anárquico "O Perú Molhado". Nesse, aliás, foi repórter esportivo, comentarista e modelo. Cobriu pelo Perú Copas do Mundo e Olimpíadas - algumas de verdade, já outras, digamos, nem tanto.

Cabelada foi escalado para cobrir os Jogos de Pequim de 2008 pelo "O Perú Molhado", mas, por falta de orçamento, não pôde viajar. O correspondente ficou escondido em casa e o pasquim publicou as matérias com montagens de Photoshop bem duvidosas do ex-árbitro nos locais de competição. Certo dia, o estoque de cerveja acabou e Cabelada precisou ir a um bar próximo de casa. Diante da comoção gerada, o Perú Molhado publicou uma entrevista exclusiva contando como Cabelada conseguia ir e voltar tão rápido da China. Ele justificou dizendo que "A cerveja lá não é gelada, então tenho de vir tomar uma no Bar do Silvano".

O documentário contará, com muito bom-humor, "causos" da época de apitador e da vida boêmia, com imagens de acervo de TV, notícias de jornal, áudios de rádio, fotos antigas e imagens dos lugares que Cabelada frequenta, além de entrevistas com ex-jogadores, dirigentes, personalidades do samba, jornalistas esportivos, amigos e familiares. Para saber mais sobre o projeto, acesse: www.catarse.me/cabeladanao.