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Após declarações de comentarista Neto, PMERJ emite nota de repúdio

Do UOL, em São Paulo

26/10/2017 16h29

O ex-jogador e comentarista esportivo Neto causou polêmica na última terça-feira (24) ao sair em defesa de Clayson, do Corinthians, em seu programa "Donos da Bola, na Band. Ele comentou a detenção do meia corintiano após a partida contra o Botafogo, no Nilton Santos, (23/10). Clayson foi acusado de agressão a um policial no fim da partida, foi detido para prestar depoimento e depois liberado para se juntar a delegação corintiana. Os comentários de Neto, no entanto, ofenderam a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), que emitiu uma nota de repúdio ao comentarista.

"O Clayson deu um tapinha no polícia, aí o polícia, deu outro tapinha. Aí levaram todo mundo pra lá. Po**a, vocês dão de AR-15 em uma espanhola e mata e querem fazer uma palhaçada dessas aí. Isso é vergonhoso para vocês todos. Isso que eu estou falando é verdade. E o cara revidou, né. Polícia não tem que revidar, tem que apaziguar. Tem que dar segurança. Que segurança vocês darão pro povo do Rio de Janeiro? Agora fazer uma palhaçada que vocês fizeram ontem com o menino do Corinthians, com quem quer que seja. Mas e os cara da Rocinha, que sai bala pra todos os lados? Ah, vai aparecer na casa do chapéu seus otários", declarou o ex-jogador.

Em nota, a PMERJ fala sobre as declarações de Neto, o "desrespeito inaceitável" cometido pelo comentarista, e sua "vinculação descabida entre a atuação do GEPE e da força-tarefa que atua na Rocinha". A instituição também se refere à Neto como "irresponsável" por citar o exemplo da turista espanhola morta esta semana.

 

Confira na íntegra a nota da PMERJ:

Lamentáveis as declarações do ex-jogador e comentarista Neto num programa esportivo da TV Band de São Paulo, durante um comentário sobre o jogo entre Botafogo e Corinthians, realizado segunda-feira, 23/10, à noite no estádio Nilton Santos.

Com linguajar chulo, o comentarista criticou, em tom de ofensa, os policiais do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE) que foram agredidos por dois atletas da equipe paulista enquanto faziam a escolta dos árbitros da partida. Agindo como determina o protocolo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, os policiais conduziram os dois jogadores agressores para o Jecrim (Juizado Especial Criminal).

Os jogadores de futebol, os principais protagonistas do espetáculo, precisam assumir a responsabilidade de que são exemplos para a sociedade, especialmente para crianças e jovens em formação. E, pelo que fizeram, devem responder criminalmente na esfera do Jecrim e disciplinarmente no âmbito da CBF, entidade máxima do futebol brasileiro e responsável pela organização do maior torneio nacional do mundo.

Quanto ao comentarista Neto, além de tentar justificar - e em última instância estimular - práticas antidesportivas demonstrou aos seus telespectadores seu parco conhecimento sobre segurança pública, embora seja, como disse, filho de policial militar.

Ao fazer uma vinculação descabida entre a atuação do GEPE e da força-tarefa que atua na Rocinha, o comentarista deveria ter o mínimo de respeito aos policiais que, num cenário de alta tensão e estresse, ocupam há mais de um mês aquela comunidade para pôr fim a uma guerra entre criminosos rivais armados com fuzis, pistolas e granadas. Foi ainda mais irresponsável ao citar o exemplo da morte da turista espanhola, ao insinuar que o policial que efetuou o disparo teve a intenção de matar uma inocente.

Em resumo, o comentarista cometeu um desrespeito inaceitável à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, uma Corporação bicentenária que ostenta uma vitoriosa história, defendendo e servindo à população do nosso estado. E também ao GEPE, que faz parte dessa história e se transformou numa referência nacional por seu trabalho em segurança de estádios.

Além de registrar repúdio às declarações proferidas pelo comentarista esportivo da Band, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro tomará as devidas ações legais. A nossa Corporação defende intransigentemente a liberdade de imprensa e de expressão, mas dentro dos limites do respeito à dignidade humana e das instituições.