Palmeiras de 1993 inspira Fortaleza no acesso do clube após oito anos
O Fortaleza voltou para a Série B do futebol brasileiro depois de oito anos na Terceira Divisão e o responsável pelo acesso foi um velho algoz. Antônio Carlos Zago era o treinador do São Caetano em 2009 no jogo que decretou a queda do clube cearense à Série C e também era o comandante do Juventude nas quartas de final que impediu o acesso no ano passado.
Agora a favor do clube cearense, o técnico usou como exemplo um período vivido como jogador para motivar o elenco quando chegou ao Fortaleza, pouco mais de um mês antes de conseguir o acesso.
- A passagem que tive no Palmeiras de 1993 foi a primeira coisa que falei com os jogadores aqui. Havia uma desconfiança com a gente que foi até o último jogo, quando ganhamos o título sobre o Corinthians. O grupo tinha jogadores vitoriosos, experientes, mas que não haviam vencido ainda com o Palmeiras. A partir daquela conquista, entramos para a história. Aqui também ficamos marcados de maneira positiva - diz Antônio Carlos ao LANCE!.
Campeão paulista em 1993, o Palmeiras encerrou jejum de títulos que durava desde a conquista estadual de 1976.
Contratado para ocupar a vaga de Paulo Bonamigo, ele foi confirmado como técnico dia 21 de agosto, três jogos antes do fim da primeira fase. Zago manteve o Fortaleza entre os quatro primeiros do grupo e eliminou o Tupi nas quartas de final. A partida que garantiu a vaga foi no último sábado.
- Não gosto de pegar time no meio do caminho. O que a gente fez foi conversar. Não dá para trabalhar muito no campo, fim de temporada. No ano passado, quando vim aqui com o Juventude, disse depois do jogo que estava com dois sentimentos: alegria e tristeza. O primeiro por ter subido e o segundo por ver 60 mil pessoas chorando. Um silêncio que nunca tinha visto - recorda Zago, em relação ao mata-mata das quartas em 2016.
- Eu cheguei aqui e fui muito bem recebido. Tive 100% de aceitação da torcida do Fortaleza. Tenho contrato até novembro e a Intenção é sentar, conversar. Presidente aqui tem cabeça diferente de muitos - completa.
Depois da chegada ao Leão do Pici, Zago teve convite para substituir Vinícius Eutrópio na Chapecoense.
Na semifinal o Fortaleza encara o Sampaio Corrêa, enquanto CSA e São Bento estão do outro lado da chave. E o primeiro jogo ao lado da torcida após o acesso terá casa cheia, assim como foi a recepção no último domingo:
- Já falaram em 55, 60 mil pessoas e vão reduzir os preços para o Castelão estar lotado. O primeiro objetivo e o mais importante a gente conseguiu que era o acesso, agora temos a chance de conquistar um título para o Fortaleza.
SEM MÁGOA DO INTERNACIONAL
Antônio Carlos começou a temporada no Internacional, chegou à final do Campeonato Gaúcho e das oitavas de final da Copa do Brasil, porém acabou demitido após início ruim do Colorado na Série B do Campeonato Brasileiro.
- Me contrataram para reformular, dar uma cara nova após a queda. Os dirigentes falaram que queriam ver o Inter jogando bonito, coisa que não havia acontecido nos últimos quatro, cinco anos. Fomos reformulando porque é não é fácil mudar de uma hora para outra. No início do ano, colocaram o Inter fora da briga no Gaúcho e o Grêmio campeão. Na Copa do Brasil, tiramos o Corinthians e tivemos boas chances de passar contra o Palmeiras. O processo duraria uns cinco, seis meses. Eu sai e ainda tinha jogador chegando, saindo. Não guardo mágoa, fui contratado para fazer um trabalho e cumpri a minha palavra - avalia o ex-comandante do Colorado.
Zago também lembrou o que viveu com dirigente do Corinthians em 2008, logo após a queda da equipe para a Segundona e a chegada de Mano Menezes:
- Tinha vivido fase semelhante como diretor no Corinthians, em 2008. Pressão grande com o Mano e a gente segurou até o Corinthians se tornar um monstro. Não nos classificamos para a semifinal do Paulista e já tinha pressão grande. Depois, chegamos na final da Copa do Brasil daquele ano, subimos tranquilamente e no ano seguinte o clube foi campeão paulista (invicto) e também da Copa do Brasil.
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