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Leco critica Ceni e vê incerteza com Cueva, mas diz que São Paulo não cai

23/09/2017 11h58

Acuado em meio à campanha que coloca o São Paulo na zona de rebaixamento em 12 das 24 rodadas já disputadas do Campeonato Brasileiro, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva se defende. Leco aponta problemas de Rogério Ceni, a quem vê com imagem arranhada após a curta passagem como técnico e diz que Cueva pode pedir para sair a qualquer momento. Ainda assim, acredita que não disputará a Série B em 2018.

- Tenho, mais do que o desejo, a confiança de que não vamos ser rebaixados. Sinto isso muito claramente, mas só depois de estarmos matematicamente salvos é que vou ficar absolutamente tranquilo e poder pensar com calma no ano que vem. Minha preocupação quando tomei a decisão com o Rogério foi fazer a coisa com tempo para reagirmos, não adiantava deixar para fazer faltando poucas rodadas, porque aí seria muito difícil nos salvarmos - disse o dirigente ao Chuteira FC.

Em uma longa entrevista, Leco falou bastante de Ceni. Negou que tenha contratado o ex-goleiro para vencer a eleição para presidente do clube, neste ano, lembrando que "com três desclassificações (no Paulista, na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana), ele poderia me fazer perder a eleição".

- Não posso dizer que me arrependi (de contratar Ceni), porque fiz de uma forma consciente e refletida, embora naquele primeiro momento questionasse se ele já estava em condições de assumir. Mas tantas e tão fortes foram as colocações dele de que estava pronto que eu me convenci, e fiz aquilo que acho que ninguém evitaria fazer, que era trazê-lo. Trouxemos, demos todas as condições, prestigiamos o projeto. Dei tudo e um pouco mais. Dei tudo e ainda dei o Pratto, que todo mundo queria. Infelizmente, não deu certo - apontou.

- Ele não se ajustou à dinâmica da nova situação. Como jogador ele era o Mito, uma figura grande, com muitas conquistas, mas era uma situação muito diferente da de pegar um grupo e formar um time. Uma, duas, três eliminações. E zona de rebaixamento, porque foi com ele que fomos para a zona de rebaixamento. E como é duro de sair! - prosseguiu.

- Ele tinha medo de macular a sua imagem, do Mito, do grande Rogério. Coisa que acabou se modificando com essa gestão dele como técnico de futebol, porque o torcedor é emotivo e quer ganhar, no futebol nada é pior do que perder. Com os maus resultados, aquela figura mítica foi, de uma certa forma, se embaçando, e me disseram, embora eu não tenha ido atrás de confirmar isso, que 70% dos são-paulinos achavam que ele não estava dando certo. Lamentei muito, mas me convenci de que precisava fazer o que foi feito.

Em relação a 2018, Leco considerou "muito difícil" renovar com Jucilei porque é complicada a negociação com o Shandong Luneng, clube chinês que o emprestou até dezembro. E não sabe qual será o futuro de Lugano. Mas que, fora esses dois, não deve perder mais ninguém. A não ser que Cueva peça para sair, algo que o presidente não descarta.

- Ele já falou que quer sair, que quer ficar, declarou amor ao clube. O Cueva, como o ser humano em geral, é carente e precisa de colo e acolhimento. Mas, às vezes, também funciona alguma ação que o incomode, e certamente ele se incomodou com a reserva. Nos dois últimos jogos, entrou e mostrou algo como 'sou eu aqui'. É um grande jogador, tecnicamente acima da média. Não tenho medo de perdê-lo, mas pode ser que chegue uma proposta e ele diga: 'Me vende ou não jogo mais'. Ele é bem capaz disso, assim como muitos outros no mundo do futebol.

Na parte administrativa, Leco disse que a Under Armour, fornecedora de material esportivo e parceira em ações do clube, já pagou parte da multa para rescindir o contrato e a tendência é que saia. Mas, até outubro, podem cobrir outra oferta se pagarem 10% a mais, e o time pode seguir usando a sua camisa até o meio do ano que vem, mesmo período em que a empresa fica livre para vender o uniforme.

Além disso, Leco garante que sua gestão é digna de elogios pelos ganhos administrativos que tem, como a possibilidade de encerrar sua gestão sem dívidas. Mas o presidente admite: nada disso adiantará em caso de rebaixamento.

- Tenho absoluta certeza e convicção de que o meu São Paulo, e incluo aí também a primeira gestão de um ano e meio, que foi um mandato tampão, está muito corretamente administrado. Em termos de finanças, de organização, de transparência, de tudo isso. (.) Mas, no fim, é o futebol que diz tudo. Quando o futebol está em alta, o torcedor, que é a grande massa, não está nem aí se estou com R$ 200 milhões de dívida e não paguei o salário. Se o time for campeão então, está tudo ótimo. Se eu, que recebi o clube com R$ 170 milhões de dívida, fora as dívidas tributárias, e hoje já posso dizer que a reduzi para R$ 48 milhões em menos de dois anos de administração, for rebaixado estou morto politicamente. Meu objetivo é entregar o São Paulo sem dívida, e é uma meta absolutamente factível. Mas, se entregar sem dívida e tiver sido rebaixado, estou morto. O que conta é o futebol.