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Separados só pelo 'rock doido': união de Balbuena e Pablo excede o campo

Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

29/04/2017 07h15

"Até pra dar entrevista você vem junto?".

Há poucas horas do primeiro jogo das finais do Campeonato Paulista, o LANCE! reuniu dois personagens importantes da sólida campanha do Corinthians, que vai disputar o título com a Ponte Preta a partir deste domingo, no estádio Moisés Lucarelli. Entrosada em campo, a dupla definida pelo técnico Fabio Carille como dona de um "casamento perfeito" também divide gostos e hábitos na "vida real".

De famílias amigas mesmo com pouco tempo de convivência no Brasil, Balbuena e Pablo se entendem no olhar, riem juntos, frequentam boliches e pescarias e até completam as frases um do outro quando alguma palavra é esquecida. A sintonia é boa principalmente com bola rolando, já que o Timão não sofreu gols em 12 partidas com a dupla titular. A harmonia da zaga do Corinthians só é quebrada quando o assunto é música. Aí não há tem cobertura, bote certo ou linha de marcação que resolva.

"Eu nem mostro música para o Pablo, porque sei que ele não vai gostar", diz Balbuena, logo rebatido pelo parceiro.

"Já teve sim uma vez que você me mostrou aquele rock lá. Nem lembro qual o nome daquele rock doido lá. Ficava até martelando o ouvido e eu 'sai daí, Balbuena'. Era um rock muito doido. Tu até me deu o fone para escutar".

O paraguaio, que não é fã de sertanejo, pagode ou forró como o brasileiro, abriu um sorriso quando lembrou o som que tinha mostrado para o parceiro. Era System Of A Down, uma banda americana de heavy metal definida por Balbuena com uma simples palavra: "pica". Na música, a dupla vive em conflito. Mas quando interessa... aí a história é diferente.

"Eu não preciso falar 'ô Balbuena, eu vou dar o bote, faz minha cobertura'. É automático, de repetição, dos jogos. A gente sabe mais ou menos o que o outro vai fazer, sempre está um protegendo o outro. Podemos falar várias outras coisas, mas ter uma relação sadia fora de campo é de muita importância para isso. Temos uma relação muito boa, muito tranquila, de respeito. Tem porrada também, tem briga, de falar as coisas do jogo, e isso faz a gente se conhecer mais rápido", diz o recém-contratado Pablo, que encontrou no paraguaio a parceria ideal. E modesta.

"Só para encerrar, tem outra coisa que eu vejo de diferente entre nós dois", diz Balbuena, chamando a atenção da reportagem, e antes de completar:

"Ele (Pablo) é muito feio e eu sou mais ou menos feio só".

"(Risos) Sabia que ele ia falar isso. É o contrário. Ele é muito feio e eu sou bonito!", rebate o companheiro.

"Isso é para você ver como ele está errado. Eu não me acho bonito, sou mais ou menos. Mas ele é muito feio".

"Onde? Sou bonito pra caramba!".

O Corinthians não disputa nenhuma competição de beleza, mas está firme na luta pelo título do Campeonato Paulista. E no que depender da dupla formada por Balbuena e Pablo, nem os acordes atravessados vão atrapalhar.

MUDANÇA DE STATUS DA ZAGA DE UM ANO PARA O OUTRO

"Tem vários fatores que influem nesse sentido. Ano passado houve muitas mudanças de treinador, porque muda a filosofia de jogo, às vezes no meio dos jogos, sistema e tudo mais. Acabava não dando certo. Hoje começamos com o Carille, alguém que a gente já conhecia a forma de trabalhar e a filosofia. Começamos a trabalhar sistemas que o Corinthians já estava acostumado, então era repetição. Todo mundo esse ano conseguiu se adaptar bem à essa formação, à essa filosofia, e houve compromisso na hora de entrar em campo e cumprir sua função. Isso é muito importante para a gente obter os resultados".

CHEGADA DE PABLO SALVOU DE CONTESTAÇÕES

"É um fator também. A gente ter um jogador da qualidade dele (gesticulando), que já jogou na Europa, e que tem a experiência no futebol brasileiro. Isso faz parte da nossa soma defensiva, mas também é o compromisso do time de marcar quando não tem a bola. Sempre falo de um lance do Jô no segundo tempo contra o São Paulo, em que ele desceu aos 94 minutos e deu dois carrinhos para tirar a bola no nosso campo. Essas coisas o nosso time tem de bom. Nosso time não está bem só por méritos dos zagueiros".

AMIZADE FORA DE CAMPO

"A gente não pode ser só companheiro de trabalho, que saindo fora daqui já não nos conhecemos mais. É uma relação que nós dois temos, mas que é geral. Não tem essa história de só os zagueiros saírem, um grupinho aqui, outro lá. São todos juntos, e essa é uma das coisas que eu acho fundamentais para ter um grupo de todos, que se fortalece a trabalhar e crescer como equipe. Graças a Deus todos estão trabalhando forte e sem baixar a guarda, sempre com os pés no chão. Não é por chegar na final do Paulista que somos os melhores e nem por ficarmos fora da Copa do Brasil que somos os piores. Temos um time muito bom, que vai competir com qualquer um".

SUCESSO DA DUPLA COM PABLO

"É o compromisso no jogo. A gente tem os mesmos objetivos na hora de defender, estamos sempre no limite de esforço, não deixamos bolas perdidas. Nesse sentido os dois fazem bem as ações. Para ser uma zaga forte e boa tem que ter isso também, o compromisso de jogar com determinação, jogar forte. Nós dois fazemos bem isso e está dando resultado".

PARCEIRO FIXO DE ZAGA

"É um aspecto importante jogar com o mesmo parceiro, mantendo uma repetição nesse sentido. Mas sabemos que no futebol pode mudar muitas coisas, ele ou eu jogarmos com o outro. Mas tem que ser sempre a mesma filosofia, pensamento e objetivos, de jogar forte. Tem um monte de exemplos de parceiros de zaga em que sai um, entra outro e não muda nada. Se eu sair e o Pedrão jogar com o Pablo não tem que mudar nada. Somos um time e quem entrar vai ter que dar conta, manter a linha defensiva da mesma forma. Ajuda ter um parceiro mais fixo, mas não é essencial".

CHANCE DE TÍTULO NO INÍCIO DA PASSAGEM

"A gente sempre pensa em coisas grandes. Quando cheguei já observei a forma de trabalhar do professor Carille, e sabíamos que seria um time organizado, para entrar forte no campeonato. Claro que quando está formando um time novo a parte do entrosamento demora um pouco mais, mas sempre almejamos disputar títulos. E agora temos essa oportunidade".

ENTROSAMENTO DA ZAGA COMO DIFERENCIAL

"Não é o todo do time, mas é uma parte forte, sim. Até porque a parte defensiva é o time todo. Acho que a parte de todo mundo ajudar na marcação fica mais fácil para a gente fazer nossa função.".