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São Januário 90 anos: alambrado cai e transforma festa em tragédia

20/04/2017 07h00

Um dia que era para ser de alegria acabou se tornando um dos episódios mais tristes de São Januário e do futebol brasileiro. Na finalíssima da Copa João Havelange, em 2000, o alambrado do estádio cedeu e deixou cerca de 160 feridos. O acidente interrompeu o jogo, gerou discussão via imprensa de Eurico Miranda e Anthony Garotinho, que era o governador do Rio de Janeiro na época, e muita confusão. Este capítulo da série especial do aniversário dos 90 anos da Colina Histórica, comemorado no próximo dia 21 de abril, lembra desse lamentável acontecimento na casa vascaína.

No dia 30 de dezembro de 2000, Vasco e São Caetano entraram em campo para a segunda partida da final da João Havelange, que substituiu o Brasileirão daquele ano devido a um imbróglio jurídico envolvendo Gama, Botafogo e Internacional. Após empatar em 1 a 1 no jogo de ida, em São Paulo, o Cruz-Maltino tinha a vantagem do empate sem gols para ficar com o tetracampeonato brasileiro. Porém, o confronto daquele dia não terminou.

A Colina Histórica estava apinhada de torcedores, 33 mil ingressos foram vendidos, e a festa era grande. Porém, ela acabou logo aos 23 minutos do primeiro tempo. Uma briga entre torcedores vascaínos acabou ocasionando um tumulto nas arquibancadas. No corre-corre, as pessoas foram caindo e se amontoando no alambrando, que caiu. Ninguém morreu, mas cerca de 160 pessoas se feriram. Com ambulâncias e helicópteros socorrendo as vítimas que se pisoteavam, o estádio parecia um campo de batalha.

De acordo com testemunhas, a briga na arquibancada começou por conta da substituição de Romário por Viola um pouco antes do acidente. O Baixinho sentiu um problema muscular e pediu para sair. Um torcedor teria criticado o atacante, outro saiu em defesa e a confusão começou. Alguns alegam que a culpa teria sido por conta de uma superlotação no estádio. No entanto, o Vasco nega isso.

Eurico criticado por querer recomeçar a partida

Uma das polêmicas daquele dia envolve Eurico Miranda, que na época era vice-presidente geral e vice-presidente de futebol vascaíno. O dirigente foi criticado por querer tirar os feridos de campo para recomeçar a partida. Porém, ele justifica dizendo que foi o primeiro a entrar em campo e dizer que a prioridade era o atendimento das pessoas.

- A primeira pessoa a entrar no campo fui eu. Falei: 'O jogo no momento não me importa. O que importa é o atendimento aos feridos.' Foi feito todo atendimento. A partir do momento que todo atendimento tinha sido feito, eu passei a ter uma preocupação de evacuar o campo - disse ao Lance em matéria publicada no dia que o caso completou 10 anos.

Discussão entre Eurico e Garotinho

Em meio ao atendimento dos feridos no gramado, mais uma confusão. O chefe da Defesa Civil disse que tinha condições de o jogo ser reiniciado. Um cordão de isolamento com policias no local que o alambrado tinha caído foi feito. Porém, Garotinho ligou e deu a ordem para que o jogo fosse suspenso. Isso irritou Eurico Miranda, que discutiu com o governador via imprensa. Em entrevista no campo, o cartola chamou o político de 'frouxo' e 'incompetente'.

Volta olímpica com a taça

Quando ninguém poderia esperar mais nada, surgiu mais uma polêmica. Os jogadores do Vasco voltaram para o gramado, pegaram a taça e se declararam campeões. Eles alegavam que o jogo terminou 0 a 0 e por isso o título era do Cruz-Maltino.

Depois de muita discussão do que seria feito, o STJD engrossou a decisão do Clube dos 13 e decidiu pela realização de uma nova partida. Ela ocorreu no Maracanã, no dia 18 de janeiro de 2001, com entrada gratuita e limitada a 60 mil espectadores. Os torcedores que apresentassem os ingressos do jogo em São Januário tinham prioridade. Contando com Romário, o Vasco venceu o São Caetano por 3 a 1 e garantiu o tetracampeonato brasileiro.