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Após primeira reunião, WTorre já nota relação 'mais leve' com Galiotte

27/01/2017 07h30

Após quatro anos guerreando com Paulo Nobre, a WTorre acredita que a relação com o Palmeiras será "mais leve" enquanto Maurício Galiotte estiver na presidência do clube. É o que membros da alta cúpula da construtora têm dito após uma primeira reunião com o novo mandatário alviverde, realizada há alguns dias.

Um dos problemas mais corriqueiros dos últimos anos era o conflito de datas entre jogos do Palmeiras no Allianz Parque e eventos agendados pela construtora. O primeiro evento marcado durante a gestão Galiotte é um show de Ed Sheeran, em 28 de maio. Pessoas da WTorre dizem que essa data foi negociada com os produtores do espetáculo para não atrapalhar o jogo que o time fará como mandante em 24 ou 25 de maio, pela Libertadores.

Por outro lado, os outros shows que já estão agendados para o primeiro semestre de 2017 podem causar dores de cabeça. Justin Bieber vai se apresentar nos dois primeiros dias de abril, justamente as datas em que serão disputadas as quartas de final do Paulistão. A final do torneio está prevista para 7 de maio, um dia depois de Sting se apresentar na arena. Haverá ainda um show de Elton John, em 6 de abril, que não deve impactar em nenhum jogo.

A relação entre a WTorre e o ex-presidente do Palmeiras era péssima. O desgaste chegou ao ponto de a construtora instalar uma câmera no camarote da diretoria do clube depois que Nobre perdeu a cabeça com um convidado que torcia pelo Flamengo, durante jogo entre paulistas e cariocas em setembro de 2016. O dirigente considerou a atitude desrespeitosa e, jogo após jogo, perdia que funcionários do Verdão obstruíssem a lente. Como as imagens acabavam sempre vazando, ele chegou a fazer propaganda do programa de sócio-torcedor no papel que era colocado sobre a câmera.

Tudo começou com a "guerra das cadeiras", que estourou em 2013, primeiro ano de Nobre na presidência. Palmeiras e WTorre tinham interpretações diferentes de algumas cláusulas do contrato, que foi assinado em 2009 e tem 30 anos de validade a partir da data de inauguração da arena (outubro de 2014). O clube entendia que a construtora só poderia comercializar 10 mil cadeiras, enquanto a empresa julgava ser dona de 100% dos assentos. O caso foi analisado pela câmara de arbitragem da Fundação Getúlio Vargas, que deu razão ao Palmeiras - não cabe recurso. Essa foi considerada uma das principais vitórias da gestão Nobre.

Ainda há uma outra arbitragem em curso, com questões referentes aos descontos dados pelo Palmeiras aos seus sócios-torcedores em jogos no Allianz Parque. Além disso, o clube reclama que a WTorre não faz os repasses que deveria (por exemplo os 20% do aluguel da arena para shows) e a construtora rebate dizendo que também tem pendências a receber.

A convivência ainda está longe de ser amável e a expectativa não é de que Galiotte dê fim às desavenças, até porque o clube sempre considerou estar muito bem respaldado judicialmente. Mas ter uma relação mais cordial com os parceiros tem sido uma das prioridades do novo mandatário, na contramão de Nobre.

Um desses casos fez com que os dois deixassem de se falar. Nobre despediu-se do cargo tentando impugnar a candidatura de Leila Pereira, dona da Crefisa e com quem vivia às turras, a uma vaga no Conselho Deliberativo. Galiotte, que ainda era vice-presidente quando ficou responsável por se relacionar com a patrocinadora após o rompimento dela com Nobre, deu a autorização para que ela concorresse.

Com as torcidas organizadas a situação é semelhante. Paulo Nobre cortou relações com elas em 2013 e não voltou mais a conversar. Com ele no cargo, as redes sociais do Verdão e a TV Palmeiras não podiam exibir imagens ligadas, por exemplo, à Mancha Alviverde. Também não era prudente que jogadores e técnico fizessem elogios públicos à uniformizada. Galiotte diz que não voltará a dar privilégios para as organizadas, mas reabriu o canal de diálogo.