Topo

Planejamento de 2017 e críticas: novo diretor mostra credenciais no Timão

28/10/2016 13h47

Flávio Adauto chegou ao Corinthians mostrando suas credenciais. Não as do tempo de jornalista, com coberturas de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no currículo, mas sim as razões que fizeram o presidente Roberto de Andrade escolhê-lo para o cargo de diretor de futebol do clube até o fim da gestão, em fevereiro de 2018. Aos 68 anos, o novo dirigente alvinegro respondeu às críticas que têm sido feitas a respeito de sua inexperiência para cargos de gestão citando o passado em outras funções internas e a paixão de longa data pelo Timão.

- Eu tenho 68 anos e não fiz outra coisa na vida a não ser esporte. Ficaria surpreso se o Roberto me chamasse para cuidar do departamento médico. Quem tem que entender de vestiário é preparador físico e treinador. Eu tenho que entender de relacionamento. Se eu tiver que dar um palpite técnico é porque eu não sirvo ou o técnico não serve, vou ser um obstáculo, um problema. Mas eu quero ser um colaborador. Se fosse assim um médico não poderia fazer um parto, porque nunca deu à luz. Essa minha trajetória no futebol, convivendo o dia a dia, vem desde 1969, 1970, me habilita. Cobri meia dúzia de Copas do Mundos, Jogos Olímpicos, sempre interessado em comportamentos, reações. Prefiro dizer que não sou alheio, não sou estranho no ninho. Convivi na administração Dualib, convivemos com Geninho e Leão, época difícil. Não vou querer ficar vendo jogador em vestiário, vou conviver com quem trabalha e aprender sempre. Quem falar que sabe tudo é um idiota - disse Flávio Adauto, que está aposentado do jornalismo desde o ano passado.

O novo diretor de futebol chega ao Corinthians em um momento turbulento nos bastidores. Seu cargo não era ocupado desde o primeiro semestre do ano passado, quando Sérgio Janikian deixou o clube. Antes, porém, havia um diretor-adjunto, mas Eduardo Ferreira pediu para sair há duas semanas e desde então quatro pessoas já rejeitaram o cargo ou sinalizaram negativamente à possibilidade. Flávio Adauto topou.

- Tem que ser um pouco maluco de sair na tranquilidade de buscar os netos na escola. Há alguns anos fui convidado a ter um cargo remunerado no Corinthians, mas recusei. Eu tinha uma empresa, que encerrei em 2015 por questão pessoal, parei de trabalhar porque tinha condições. Decidi ver Corinthians, viajar com a família e curtir a vida. Mas hoje estar no Corinthians não é carga, é alvo que me revigora, rejuvenesce. Cornetando de fora não fico, não faço isso mesmo. Mas hoje tenho tempo de sobra para fazer o que quero, o que pretender fazer. Trabalhei muito na vida e estou feliz com o resultado, hoje bem de saúde e quero me dedicar ao Corinthians até dezembro de 2017 com o Roberto. É o que espero e quero fazer - disse o novo dirigente.

Flávio Adauto já está frequentando o CT Joaquim Grava há três dias. Ele teve reuniões com Oswaldo de Oliveira, Roberto de Andrade, Emerson Piovezan (diretor financeiro), Fausto Bittar (diretor das categorias de base) e Alessandro Nunes (gerente de futebol). O objetivo dos encontros é acelerar o planejamento para a próxima temporada, já iniciado antes de sua chegada com as contratações de Luidy e Jô. Agora, a ideia é intensificar os trabalhos, conhecer o clube mais detalhadamente e saber até onde é possível ir para 2017.

- Fundamentalmente nas nossas primeiras reuniões é pensar em seis jogos importantíssimos para chegar à Libertadores. Esse resultado, chegando à Libertadores, é um fato positivo. Em cima disso é possível fechar o calendário de atuação em 2017. Incluir a Libertadores no calendário é a cereja do bolo e essa expectativa nos move. Contratação é para pensar, mas temos um objetivo maior. Até porque eles já estavam estudando 2017, probabilidades de contratação, problemas financeiros...

VEJA OUTRAS DECLARAÇÕES DE FLÁVIO ADAUTO NESTA SEXTA-FEIRA:

PEDIDO DE OSWALDO POR IBRAHIMOVIC

"Eu tenho alguma dúvida... Ele reformou o contrato, mas se gostar de São Paulo podemos trazer (risos)".

PERFIL DE REFORÇOS PARA 2017

"Quando o Oswaldo fala em base boa, não tomo como referências jogos ruins, mas sim o jogo contra o Flamengo, que está brigando para ser campeão. Não vi nenhuma superioridade do adversário em relação ao nosso time, vi um time igual, por vezes superior no Maracanã cheio. A própria imprensa viu o Corinthians superior, mas houve um lance de prejuízo... Minha última imagem é muito boa e pode melhorar, pode subir. Não vou tapar sol com a peneira, mas as coisas serão feitas pontualmente a seu devido tempo. O Corinthians tem um grupo de profissionais tão grande e capacitado que cada um já está pensando em 2017 em sua área de atuação. A estrutura é forte, somos um modelo. O diretor de futebol é só não atrapalhar, é ajudar, saber como o clube vive, seus problemas, sua situação, e tocar a vida. Não vejo nada com muita dificuldade".

SITUAÇÃO DE CÁSSIO NO ELENCO

"Vale conversa com todos os jogadores. Não vou me ater a individualidades. Eu acompanho, sei que há um novo titular, mas isso é natural, é uma questão mais técnica que administrativa. Ele é ídolo, é cumpridor das obrigações, não disse a ninguém que gostaria de sair. Mas estando em time grande. Ruim seria ter um jogador na reserva que ninguém quer. É um problema do senhor Oswaldo de Oliveira, só vou emitir conceitos e opiniões se o Oswaldo falar que há desconforto. Não vou passar por cima de questão técnica".

SEM LOUCURAS EM 2017?

"Pode ser que a tônica seja outra. Temos um diretor financeiro com quem conversei agora há pouco. Temos mais de 55 anos de convivência, eu e Emerson Piovezan. Frequentávamos o Parque São Jorge com dez anos de idade. É um companheiro de infância. Conversei com ele duas vezes e ele pede ponderação, que se espere, que está sendo projetado orçamento para 2017 e ele depende de uma série de coisas, como Libertadores, possível entrada de recursos... Ele dará um norte para o presidente e para as pessoas próximas. A grande loucura que fizemos e deu certo, e poderia ser bem vinda uma nova loucura, foi o Ronaldo Fenômeno. O Governo acaba de votar uma PEC que controla o orçamento, e se não for assim no Corinthians estaríamos agindo como amadores. Eu não vou ser um cobrador de coisas ilógicas. Nosso técnico é inteligente, sabe o que pode pedir e sabe o que precisa".

APROVEITAMENTO DA BASE EM 2017

"Conversei há uma hora com o Fausto (diretor da base) e essa integração é fundamental. O Corinthians sempre foi revelador, estão aí Pedro Henrique, Fagner, Yago. O Fausto tem boas ideias, de goleiros da base virem treinar aqui, os treinadores da base virem aqui conversar com Alessandro e Oswaldo. Ontem vi meia dúzia de garotos convivendo aqui, tendo noção de Corinthians. Às vezes depende de ter oportunidade. Tem época de safra ruim, de não revelar muito, mas é uma preocupação nossa. Ninguém estava parado esperando o diretor de futebol, eles já estão fazendo tudo. Procuro ajudar e não atrapalhar".